EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CHUMBO



LORISE FAUSTO

EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CHUMBO

PATO BRANCO

2009

FAUSTO, Lorise. Exposição Ocupacional ao Chumbo. 2008.56 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação e Enfermagem do Trabalho) - Instituto de Estudos Avançados e Pós Graduação - ESAP/ Faculdade Iguaçu. Pato Branco, 2008

RESUMO

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece concentrações máximas de 0,03 mg/l de chumbo para águas doces e de 0,01 mg/l para salina e salobra. Segundo o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP), estão previstos parâmetros de 40 µg/dl e 60 µg/dl de chumbo no sangue, como controle biológico da exposição ocupacional. O objetivo deste estudo foi descrever aspectos inerentes a intoxicação por chumbo em trabalhadores expostos, identificar os aspectos toxicológicos e as implicações no organismo humano. Mediante uma abordagem de materiais já elaborados classificada como pesquisa bibliográfica exploratória. Sabe-se que as atividades de mineração e fundição constituem as principais fontes emissoras. É reconhecido que a produção de baterias chumbo-ácido, tem representado no segmento industrial, um mercado muito lucrativo e utiliza tecnologia simples, podendo ser realizada em pequena escala, tornando-se um atraente nicho de mercado. A constatação de efeitos adversos à saúde humana causados por doses conduz ao questionamento da eficácia do método tradicionalmente utilizado na higiene ocupacional que consiste na utilização dos limites de tolerância como indicativo da qualidade dos ambientes de trabalho, para adotar medidas de prevenção e de controle da exposição aos riscos químicos. Concluindo, destacamos que esta pesquisa oferece aspectos importantes sobre a intoxicação por chumbo, mostrando que o principal componente para o trabalhador é a prevenção, conseguindo através de palestras esclarecer como é o funcionamento da empresa, alertando os funcionários para que o problema não aconteça, fazendo com que os empregados utilizem equipamentos de proteção individual, manutenção e avaliação de exames laboratoriais complementares em seu ambiente de trabalho.

Palavras-chave: Intoxicação. Chumbo. Enfermagem. Trabalho.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece concentrações máximas de 0,03 mg/L para águas classificadas doce e de 0,01 mg/L para salina e salobra. As atividades de mineração e fundição de chumbo primário (do minério) e secundário (recuperação de sucatas ou baterias) constituem as principais fontes emissoras. O metal é depositado nos lagos, rios e oceanos, proveniente da atmosfera ou do escoamento superficial do solo (CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA (CIMM) apud WACHELKE, 2006).

A constatação de efeitos adversos à saúde humana causados por doses, até há pouco, consideradas seguras (concentração de chumbo no ar de até 50 mg/m³e de chumbo no sangue de até 40 µg/dL) conduz ao questionamento da eficácia do método tradicionalmente utilizado na higiene ocupacional que consiste na utilização dos limites de tolerância como indicativo da qualidade dos ambientes de trabalho, para adotar medidas de prevenção e de controle da exposição aos riscos químicos (CORDEIRO; LIMA FILHO, 1995).

O chumbo é um elemento de ocorrência natural, encontrado com relativa abundância na crosta terrestre, seja só ou associado a outros elementos. As principais fontes naturais do chumbo são emissões vulcânicas, intemperismo geoquímico e emissões provenientes do mar (névoas aquáticas). Porém, diante do aumento na sua utilização na indústria e no comércio, as fontes naturais se esgotaram ou se tornaram mais escassas (QUITÉRIO, et al., 2001).

Em virtude de suas propriedades físicas químicas como baixo ponto de fusão, ductibilidade e facilidade de formar ligas, sua utilização se tornou cada vez maior, partindo da antiguidade com a fabricação de utensílios domésticos, armas e adornos, chegando à atualidade, onde o metal se encontra presente em diversos componentes eletrônicos (CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA (CIMM) apud WACHELKE, 2006).

Essa forte demanda na utilização do chumbo cresceu de maneira acelerada e, na mesma proporção, observou-se o aumento do número de casos de intoxicações, por meio de exposições ocupacionais e ambientais. Os danos à saúde provocados pelo metal têm sido observados há mais de 2000 anos. Alguns autores chegam a propor que o império romano foi se desorganizando ao longo dos anos devido ao elevado grau de intoxicação por chumbo de seus estadistas e próceres administrativos. Entretanto, foi com a modernização da indústria, iniciando-se com a Revolução Industrial no século XVIII, que a utilização do metal atinge grande escala e as concentrações de chumbo atmosférico passam a crescer na mesma proporção do desenvolvimento industrial, aumentando os níveis do metal no sangue dos expostos (MOREIRA, F. R.; MOREIRA, J. C., 2004).

É importante observar que o chumbo não possui função fisiológica sobre o organismo humano e animal. Os processos fisiológicos de absorção, distribuição, armazenamento e eliminação do metal sofrem a influência de fatos endógenos, tais como constituição genética, fatores antropométricos e estado de saúde. Além disso, a influência de fatores exógenos, tais como carga de trabalho, exposição simultânea a outras substâncias, consumo de drogas, álcool e fumo também deve ser considerada (MOREIRA, F. R.; MOREIRA, J. C., 2004).

A intoxicação ocupacional pelo chumbo é chamada de saturnismo, e vem se tornando cada vez menos freqüente em virtude do investimento que se tem feito na identificação de efeitos à saúde decorrentes das exposições ao metal, e do decréscimo dos níveis de chumbo nos ambientes de trabalho, que tentam se adequar às legislações de segurança e medicina do trabalho. Não existe registrada no Brasil, uma estimativa confiável sobre o número de indivíduos expostos ocupacional e ambientalmente ao metal. Existem apenas estudos regionais e específicos de determinados indivíduos, principalmente avaliando os trabalhadores intoxicados pelo seu envolvimento na produção, reforma e reciclagem de baterias automotivas (TRAVERSO (2001) apud CAMPOS, 2006).

De acordo com Moreira e Neves (2008) as publicações sobre o tema demonstram a interferência do chumbo na biossíntese da heme e na formação da hemoglobina, pois o metal age inibindo várias enzimas, tais como a ácido delta-aminolevulínico desidratase, a coproporfirinogênio oxidase e a ferroquelatase. Essas publicações disponibilizaram marcadores bioquímicos importantes para o diagnóstico de intoxicação e para o monitoramento de trabalhadores expostos.Da mesma forma, tais indicadores têm sido usados de forma eficiente na vigilância e triagem de crianças sob risco de intoxicação devido à contaminação ambiental.

Outros efeitos provocados pela exposição ao chumbo incluem o sistema nervoso central (SNC), que é o órgão-alvo mais sensível ao metal. Crianças abaixo de três anos são muito vulneráveis devido à fase de crescimento e desenvolvimento do SNC, assim como o feto que sofre os efeitos do chumbo pela ausência de barreira placentária. Manifestações neurológicas centrais no adulto podem ocorrer em exposições tanto agudas quanto crônicas (PAOLIELLO; DE CAPITANI, 2003).

Cordeiro, Lima; Filho (1995) diz que para trabalhadores expostos ao metal o diagnóstico da intoxicação por chumbo é feito pela presença de quadro clínico compatível, que inclui sintomas como fadiga, dor muscular generalizada, cólicas abdominais, alterações neurocomportamentais, destacando-se labilidade emocional, irritabilidade, perda de memória recente, dificuldades de execução de atividades habituais, insônia ou sonolência, aliados as alterações laboratoriais. Nos casos mais graves, pode-se observar alterações encefalopáticas associadas às cólicas abdominais, estas últimas resistentes a tratamento antiespasmódico convencional. Hipertensão arterial sistólica pode também ser detectada nos casos agudos, além de palidez cutânea (devido à vasoconstrição periférica) e icterícia (devido à hemólise).

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Autor: Lorise Fausto


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