O LIXO NOSSO DE CADA DIA...



O ser humano gera lixo desde a hora em que nasce até a hora em que morre. São toneladas de resíduos descartados durante toda uma vida. Estima-se que cada indivíduo seja responsável hoje pela geração, em média, de 1 kg. de lixo por dia.

Por conta disto, muito se fala em coleta seletiva e em reciclagem dos materiais. O que realmente ajuda na solução do problema, mas serve ainda mais para aplacar a consciência do indivíduo que faz o descarte, como se a coleta seletiva fosse uma anistia para a geração de tanto lixo.

 Afinal onde vamos parar com tanto lixo? Ou melhor, onde vai parar o lixo que geramos? No aterro sanitário, muitos dirão. Ou no lixão, o que é mais comum. Mas será que teremos aterros ou lixões suficientes, Já que a produção cresce e cresce todo dia?

Outra questão: De quem é a responsabilidade pelo lixo gerado e descartado? Então vejamos: há o lixo de nossas casas, o das empresas, o das ruas e praças, dos setores públicos, dos hospitais e farmácias, etc. O lixo de todos que vivem na cidade.  Porém ainda acredita-se que a preocupação com o destino desse lixo não é um problema de cada um, como se aquele lixo que colocamos na porta de casa deixasse de existir logo em seguida. E se tivéssemos que ficar com todo o nosso lixo por uma semana dentro de casa? Certamente seria um caos.

Bom, essa introdução é só pra falar sobre consumo, descarte e desperdício. Ou do lixo nosso de cada dia.  Sabe-se que todos os materiais qual fazem parte da nossa vida de uma forma direta ou indireta vêm da natureza. As construções, as roupas, as embalagens, os móveis, os alimentos, a água, e assim todo o resto. Se, de um lado o processo de consumo é irreversível e veloz, por outro, é fácil deduzir o impacto que todo esse lixo tem no meio ambiente, traduzido nos danos irreversíveis causados à natureza pela excessiva extração de matérias-primas e pelo consumo de água e energia para a produção dos bens que consumimos. Sem falar na poluição que geram no pós-consumo.

Então temos um sério e perigoso descompasso. Por isso insistentemente ouvimos falar em desequilíbrio e sustentabilidade.

Não adianta mais falar apenas em coleta seletiva e descontroladamente gerar lixo. Já deu pra perceber que é um paliativo e, sem dúvida, é melhor do que não fazer nada. Mas o fundamental seria pensar em reduzir o volume de lixo gerado, diminuindo principalmente o desperdício, reutilizar tudo que for possível e finalmente reciclar. Estamos falando dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, que pra mim começa com um outro "R" importante, o de Recusar. Talvez o mais simples, basta dizer não obrigada quando quiserem embalar algo que você compra e já vem embalado. Na padaria, na farmácia, no mercado, nas lojas...

Sei que é difícil modificar um hábito de uma cultura, que valoriza mais a embalagem do que o produto, mas também devemos saber que pagamos muito caro por isso, e pra que? Pra chegar em casa e jogar no lixo: a caixa de papelão, o saco plástico, o saco de papel.. que junto com as do vizinho, do outro e do outro e vai virando uma montanha de lixo.

Ao contrário do que imagina o senso comum, as pequenas mudanças na rotina fazem grande diferença no contexto geral, e essas mudanças poderiam começar pelas escolas. Claro que algumas iniciativas louváveis têm que ser reconhecidas, mas ainda é pouco. Há também a iniciativa dos restaurantes com sistema self service, que mudou o hábito dos consumidores e reduziu o desperdício. Muitas empresas adotaram políticas de reaproveitamento de material, como por exemplo, o da construção civil. Mas nas casas e apartamentos, nos setores públicos e nas ações individuais ainda vemos muito pouca iniciativa.

Precisamos de conscientização e mobilização para o exercício da nossa tão falada cidadania. Se a mudança é necessária, ela só se dará através de uma sociedade sensível e organizada e de governos que priorizem políticas públicas ambientalmente sustentáveis.

Para informação: Está em discussão um Projeto de Lei para definir uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que pretende regulamentar os sistemas de tratamento de todos os resíduos gerados e também designar responsabilidades sociais do pós-consumo O Brasil é imenso e suas cidades muito heterogêneas, como poderão ser conciliados problemas e soluções tão distintos, ainda não se sabe. É neste momento que vamos lamentar ainda mais o parco investimento em educação ambiental, afinal não se muda a realidade por decreto, por melhor e mais discutida que seja a questão.

O que vale é que podemos promover mudanças na sociedade, em cada um, não dependemos só dos governos. Cada indivíduo pode fazer a grande diferença.

E você, o que tem feito com o seu lixo?


Autor: Lucia Jovelho


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