A DIFÍCIL ARTE DO ENTROSAMENTO



Um dos mais graves problemas enfrentados atualmente nas salas de aula se refere ao descaso de muitos estudantes pelo que o professor tenta ensinar. Na raiz da questão encontramos vários fatores, alguns já exaustivamente apontados, mas para os quais pouco estamos conseguindo encontrar soluções.

Creio que a análise, a reflexão, mesmo que sobre algo a respeito de que muito já se falou, pode ser um importante passo para buscarmos possíveis soluções.

Muito se fala que a escola deve ser um lugar atraente para o aluno, ou seja, o aluno deve gostar do que está vendo na escola. Defende-se que o professor torne suas aulas “divertidas”. Nesse ponto, surge uma pergunta:

Qual é mesmo a principal função da escola?

A resposta é imediata: entre outras coisas, a função da escola é PREPARAR O ALUNO PARA OS DESAFIOS DA VIDA. E aí temos a seguinte indagação: que aluno formaremos se não o habituarmos a encarar com seriedade suas obrigações, mesmo as obrigações que não são “divertidas”? Ao assumirmos, sem uma análise crítica, o discurso de que a escola deve ser atraente, estaremos desprezando nossa função de educadores. A vida nem sempre é divertida, e as competições que aguardam nossos alunos do lado de fora dos portões da escola não se destinam a quem se formou na base da “diversão”, mas sim na base do preparo sério, da maturidade para encarar os desafios de um mundo cada vez mais competitivo.

Por outro lado, o mundo atual, ainda que pese sua seriedade, oferece atrativos aos alunos, para os quais os professores devem estar atentos e aprender a trabalhar . Na chamada sociedade informatizada, o aluno tem ao alcance dos dedos todas as informações que ele procura. O que lhe falta é aprender a trabalhar essas informações, transformando-as em conhecimento. O professor de hoje deve saber que, fora da escola, o aluno se relaciona com um mundo que, se não é puramente diversão, também é formado pela alta tecnologia e pelo acesso fácil à informação. Atualmente, tudo muda a uma velocidade assombrosa, inclusive as linguagens. Se o professor quer realmente preparar seu aluno para a vida real, deve aprender a usar as linguagens modernas e a trabalhar na velocidade com que o mundo se apresenta aos jovens.

Nesse ponto, deparamo-nos com um relacionamento difícil, uma diferença muito grande entre a linguagem falada por grande parte dos professores e por uma parcela significativa de jovens alunos. A difícil arte de entrosamento entre esses dois universos torna ainda mais árdua a tarefa de educar e preparar para a vida.  Como educadores, devemos estar atentos a essa dinâmica do mundo moderno e aprender a usar a linguagem da tecnologia e da velocidade. Por outro lado, os estudantes devem entender (e ser levados a entender) outra língua, a qual muitos deles desprezam: a língua da maturidade, a língua que ensina a encarar os desafios  com seriedade, mesmo que a situação não seja divertida. Os pais, a sociedade e muitos educadores que defendem uma escola puramente divertida e atraente devem ajudar a fazer os jovens entenderem essa necessidade.

Quando as diversas linguagens envolvidas no cotidiano escolar se encontrarem, haverá um maior entendimento, um diálogo mais profícuo entre aluno e professor. E aí, o entrosamento entre esses dois agentes pode nos levar a uma educação mais eficaz.


Autor: vitor souza


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