Adão e Eva - Metáfora da Autoconsciência e Individualização da Alma



A proposta é dar uma interpretação alternativa a esta famosa história, mais que simplesmente tentar dar uma explicação para
a criação do homem ou de uma linhagem deste, a história de Adão e Eva nos remete as etapas de desenvolvimento mental do ser humano, que ao nascer ainda não possue a consciência desenvolvida, pouco percebendo as coisas que o cerca e obedecendo sem questionamentos as orientações do Progenitor. Com o passar do tempo, o casal bíblico dá início a um comportamento questionador e consciênte do mundo a sua volta, tal como adolescentes, quando então o Pai passa a julga-los aptos a seguir suas vidas sem a sua proteção.

Estariam, então, Adão e Eva aptos a viver com os (ou como) mortais antes de comer do fruto da árvore do conhecimento ?
Segundo as Escrituras, quando Adão e Eva foram criados, Deus lhes dava tudo que fosse necessário à vida, sendo que a única coisa que lhes pedia em troca era a fé e, mais especificamente, que não tomassem contato com o conhecimento do bem e do mal, tal como faria um pai protetor:

Gênesis 2:16 e 2:17: Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Neste momento, a consciência do homem ainda é a consciência de Deus e, enquanto assim permanecesse, o homem seria Um com Deus, não sendo um indivíduo, mas uma extensão do Criador.
Mas, em seguida, manisfestam-se os primeiro sinais de autoconsciência, dando início ao questionamento dos propósitos do Pai sobre o que seria melhor para Seus filhos.

Gênesis 3:5 Serpente* : Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes (o fruto da árvore do conhecimento) se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

Gênesis 3:6: Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.

Gênesis 3:7: Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

Nota-se que agora o homem olha para si como se tomasse consciência de sua condição e de sua existência como indivíduo.
Após este versículo, Deus suspende todos os privilégios e anuncia que Adão e Eva enfrentarão toda uma série de desafios que consideramos naturais em nossas vidas cotidianas e em seguida demonstra reconhecer que o homem se tornou, como Ele, um ser com entendimento e discernimento, ou seja, tornou-se uma consciência autônoma ao exercer seu livre arbítrio.

Gênesis 3:22: Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.

O próximo versículo simboliza a conclusão desta criação, quando o homem sai do seio de Deus e é lançado à Terra, tornando-se um mortal.

Gênesis 3:23: O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.

Portanto, entende-se que, de acordo com o texto bíblico, o “processo de criação da espécie humana" não se realiza completamente no instante em que Deus cria o homem do barro e a mulher de sua costela, mas no decorrer de toda a história humana no Jardim do Éden, começando com sua individualização espacial (circunscrição física) através do barro, passando pela individualização da consciência pelo ato de comer o fruto proibido, o qual acarretou sua expulsão e deu início ao seu retorno ao Paraíso ou à busca da felicidade perdida.

* Nota: a serpente é uma antiga divindade da sabedoria no Oriente Médio, portanto não surpreende que nesta história haja a presença dela junto à árvore do conhecimento.

Para não tornar o artigo desnecessariamente longo, citam-se apenas os versículos do Gênesis que corroboram a interpretação aqui proposta.


Autor: Mario Paulo Zavarese Soares


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