Comprometimento financeiro de curto prazo além do limite



 Nossas empresas têm longa tradição em trabalhar com altas taxas de juros, até parece que o país nasceu com essa condição .

Ordem e progresso  com altas taxas de juros não soa bem, contudo desde que ingressei na vida profissional , já se passaram bons anos, convivo com essa questão.

Os recursos destinados a pagamento de juros drenam uma parte importante do caixa  de nossas empresas , porém não podemos atribuir a estes toda a culpa, há que se considerar também como as empresas financiam o  crescimento e suas vendas .

Quanto mais negligente for a política de financiamento das empresas , mais altos serão seus encargos financeiros, uma vez que quanto maior o risco da concessão de crédito maiores serão os spreads.

Com muita freqüência vejo empresas financiarem a compra de suas máquinas  com recursos destinados a capital de giro ,por puro desconhecimento e falta de experiência em operar no mercado financeiro .

Entre muitos que poderia citar , vou mencionar um comentário que ouvi de um gerente de uma instituição financeira quando inquirido por ter praticado juros tão altos , por tão longo tempo , para um de seus clientes : “Nunca me foi solicitado  nada mais barato. Você daria descontos em seus produtos se não pedissem ?”.

Negociar sempre , cotar mais um uma instituição financeira antes de fechar um negócio é importante , mas saber o limite de endividamento da empresa  que não coloque os spreads em patamares exagerados    é fundamental.

O mercado oferece recursos para quase todos os níveis de risco , uma empresa pode obter uma taxa de juros de 1, 20% ao mês ou 4,5% , essa diferença é a taxa do risco que a empresa  representa para quem está disposto a conceder o crédito .

Com muita freqüência as pessoas me perguntam  qual o comprometimento financeiro máximo de curto prazo  que uma empresa pode ter  , sempre usando o faturamento mensal como referência .

Um detalhe importante a ser verificado é se o valor comprometido como capital de giro não está financiando prejuízos e ativo imobilizado  , além das contas a receber e estoques . O seu contador saberá lhe dizer , não deixe de perguntar .

Observe que o caixa líquido gerado , depois de pagos todos os compromissos ,  é que  pode ser usado para pagamento da parcela principal da dívida .

Desenvolvendo abaixo um quadro simples, vamos considerar que o faturamento médio mensal seja R$ 1.000,00,00 , dessa forma pode-se derivar todos os outros raciocínios com valores diferentes.

A primeira coluna mostra o valor de vários patamares de dívida  e  a segunda o número de faturamentos equivalentes à dívida , portanto  uma empresa poderia  ter uma dívida de um faturamento ou R$ 1.000,00 , ou poderia  ter  dois faturamentos como dívida que somariam  R$ 2.000,00 e assim por diante .

Quem deve R$ 1.000,00 , para liquidar a dívida em um ano teria que ter uma geração de caixa nesse valor ou 8,3% de todo o faturamento anual , conforme pode ser visto na coluna a seguir.Caso decida liquidar em dois anos teria que gerar uma caixa equivalente a R$ 500,00 por ano ou 4,2% do faturamento anual.

 

O limite de endividamento de curto prazo depende de uma série de fatores , contudo  o valor deve ser no máximo o somatório das contas a receber e estoques , acima disso o mercado começa a fazer restrições  e encarecer os spreads.

Muitas instituições financeiras mantêm como parâmetro   o máximo de dois faturamentos e concedem crédito de 30% desse montante .

 

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

Fones (11) 4526 1197  /  ( 11 )  9645 4652

www.postigoconsultoria.com.br

[email protected]

 


Autor: Ivan Postigo


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