A Fábrica De Produzir Marginais



A política de confronto significa utilizar a força policial para "dedetizar" as favelas, com a finalidade de acabar com a organização do tráfico de drogas. Um belo dia a polícia invade o morro para realizar a operação e é recebida a tiros, pessoas morrem. Inocentes, bandidos, crianças ou até mesmo a própria polícia? Um pouco de tudo isso. Neste ponto, é hilário ouvir que uma ordem pública como esta, está dentro dos valores democráticos.

Visto isso, o Governador do Rio de Janeiro pleiteia o direito do policial andar tranqüilamente fardado por onde quer que vá. Quem vai respeitar a polícia? Diria que, teoricamente, todo cidadão de bem. Mas na consciência das pessoas há o conhecimento de que muitos policiais foram "seduzidos" pelo tráfico. Outros lambem os próprios dedos mergulhados no poder que sua farda engomada confere sobre as "pessoas comuns". Há dias atrás foi veiculada a notícia de roubo a um ônibus por oficiais do exército. Quantos jovens foram reprimidos com violência nas manifestações dos seus direitos? Quantos estudantes foram submetidos à violência moral e até mesmo física, em abordagens de rotina ou na linguagem popular "tomando geral". Policiais à paisana adentram o ônibus lotado, com a arma em punho, distribuem ordens aos passageiros e só justificam a ação após estabelecerem o pânico (não se sabe se é assalto ou apreensão) e o constrangimento. Suspeitas infundadas, preconceituosas e discriminatórias. É o pequeno poder delegado pelo status de autoridade, operações realizadas sem perícia alguma, sem respeito às leis fundamentais de nossa Constituição. Pois afirmo que se a favela produz marginais, a fundação Barro Branco, o exército, o governo e assim por diante, também produz. A intenção pode nem ser esta, mas fabrica.

A nossa super desenvolvida marginalidade, gingando pelos morros, pela internet, nos presídios, munida de celulares, metralhadoras, fuzis e até granadas, devería entrar no ranking de "Pequenas empresas - Grandes negócios", pois iniciar um empreendimento milionário deste alcance, sem capital de investimento é ousadia de gênio do mundo do "business". Deus me livre de imaginar de onde brotaram essas armas de requinte e outros recursos mais. O bandido do morro é marginal, não tem instrução, mas então tem que haver um cérebro na história...

Daí explode a apologia de uma solução imprudente: legalizemos a maconha! Será o cigarrinho verde a única fonte de comércio do tráfico? E as outras drogas? A legalização da erva, de efeito brando perante as suas atuais concorrentes, sequer fará cócegas nas perdas monetárias de sua comercialização criminosa. Será que o baseadinho não está mais dando tanto lucro assim? A moda é trazer ao mundo adulto uma anestesia de sua consciência social, por meio da terminologia infantil – e nada inocente – de entorpecentes conhecidos como "balas", "bolas" e "doces". Esse arsenal químico, febre entre grande parcela dos adolescentes, agora ocupa o time dos estimulantes titulares. A classe média e alta são os maiores consumidores. E estes usuários, que subentendemos não-marginalizados, são exatamente aqueles que financiam o vício próprio e alheio, a violência, a compra de armas, o sequestro. O próprio indivíduo é tão cabeça oca que não se dá conta de que está sujeito a levar um tiro no farol, na esquina de sua casa, por motivos que abrangem o ciclo do tráfico, das drogas que ele mesmo usa!

Concordo que o álcool seja um dos principais protagonistas da degradação humana envolvendo crimes bárbaros ou acidentais. Por esse motivo mesmo, pergunto: por que oferecer então, outras opções tão maléficas quanto ele, com o aval da legislação? O brasileiro não está preparado para beber, pois se bebe dirige, nem para outras concessões que exigem maior senso de responsabilidade. Antes disso o povo precisa de suporte real, não projetos polidos e brilhantes, porém enguiçados. Não há acesso a saúde básica, quem dirá para os complexos tratamentos de possíveis dependentes químicos. A legalização exime o Estado de sua responsabilidade. Dizer que usuários vivem em casulos porque se sentem criminosos é o mesmo que dizer que quem desvia verba pública fica com vergonha de usar o dinheiro! Não há casulos, o consumo de drogas é realizado em qualquer esquina, praça ou balada. O estado sequer consegue controlar o leite, quanto menos realizar a venda controlada de drogas. Isso porque somos todos, eu, você, sua mãe, todos mamíferos! Será que não aprendemos a consumir drogas desde o leite? Uma fatia imensurável das crianças consomem exclusivamente leite, muitas vezes sofrem problemas respiratórios ou gastroesofágicos, sem suas mães terem consciência de que foram adicionadas substâncias tóxicas na bebida láctea! Qual o efeito cumulativo da ingestão de soda cáustica, água oxigenada, e sabe-se lá mais o que, em crianças que estão em fase importante de desenvolvimento? Não recebemos por aquilo que pagamos. Nunca. Se há três anos há uma investigação da polícia federal, há quanto tempo ingerimos porcarias?

Se Sérgio Cabral esperava que o Brasil tivesse o padrão de desenvolvimento familiar da Suécia, deveria saber que a Suécia é um país de aproximadamente 9 milhões de habitantes, enquanto que por aqui existem pouco mais de 190 milhões de pessoas! A educação sexual é obrigatória na escola brasileira? Se é que há, desde quando funciona? Em 1955, a educação sexual nas escolas suecas tornou-se obrigatória e a pílula anticoncepcional já era distribuída gratuitamente em 1963. Uma comparação monetária: um real nosso versus três reais e sessenta da coroa sueca deles.

Como se nada disso bastasse, o ilustríssimo Governador constrói outra apologia sem escrúpulos, a legalização do aborto. Que corrijam se sandice for, mas a Constituição assegura que à partir da concepção da vida, o feto já é caracterizado uma pessoa de direitos civis. Tanto abortar quanto conceber sem responsabilidade uma criança, é um ato de covardia com outro ser humano. Existem casos e casos, mas não vejo esta, como uma solução para a diminuição da violência. Pelo contrário. Matar um feto é uma grande brutalidade. Falta agora, sugerir que com esta prática, façamos um açougue de carne humana, para um Up da economia. Exportação de carne brasileira. Ainda comprovando a inviabilidade desta opção, nos deparamos com a precariedade do serviço público de saúde. Repito que não há suporte na saúde básica, quem vai garantir a segurança de um procedimento deste? Seremos obrigados a nos deparar com fetos boiando no rio Tietê, rolando telhados? Já existem clínicas clandestinas de aborto, o Estado sabe disso! Será que a sugestão da pena de morte para político ladrão, caracterizaria uma tentativa de excitação do povo à violência? Acho até que poderia acarretar uma pena de reclusão! Mas veicular incentivo ao aborto pode? Pode. Então sugiro uma pesquisa científica, para identificar na barriga um genezinho que determina a tendência à corrupção, daí sim eu saio até em passeata: "se o gene for dominante, aborta!".

Violência é permitir que seres humanos estejam espalhados no chão imundo de um PS, com sua chagas expostas e gemidos intermináveis. É a lenta e dolorosa "chacina" da área da saúde. Pergunto: será que a CPMF não foi suficiente? Suficiente para gastar 1,4 milhões em luminárias, 3,7 milhões em mobílias para os quartos de apartamentos dos intocáveis e delicados deputados, detalhes singelos diante dos 55 milhões previstos no orçamento das regalias de moradia para apenas 96 deputados. Sim, o caso das 96 banheiras de hidromassagem. Há previsão de investimento no saneamento básico da população no Rio. Claro que há! Zero reais é número? Pois sim, quem é mesmo que fabrica marginais?


Autor: Thalita Pacini


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