Mudanças Transitórias



"A juventude envelhece, a maturidade é superada, a ignorância é ensinada, a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre!" (Aristófanes – Grécia Antiga).

Esse grande pensador grego disse que tudo que se imagina ser permanente e imutável, nada mais é que puro engano. Não há obstáculos a ser superado, não há força a ser derrotada, não há momento a ser eternizado... Assim é a juventude, a maturidade, a ignorância, a embriaguez, quando não conscientes com as realidades do mundo, serão sufocadas, pelas insignificâncias e as eternas sensações da estupidez.

Imagina-se a juventude, Pode-se começar, desistir, mudar, decidir, executar compulsivamente, sonhar... Forças motrizes numa roda viva, cujos caminhos tornam-se, muitas vezes irrelevantes, em outros casos tão assustadores. São influenciados pela estética humana, ignoram valores, deturpam linguagens, recriam distorcidamente conceitos, mas se esquecem que, para que as coisas existam hoje, social e civilizadamente falando, foi preciso pessoas antes de nós, que também foram jovens, existissem, pensassem, construíssem e deixassem para a evolução do ser humano.

Indo de contramão da juventude, está à maturidade contemporânea. Sempre donos da razão e da verdade, cada vez menos afetuosos e mais agressivos, menos saudáveis e mais solitários, apenas preocupados com as materialidades do corpo, descrentes do espírito e da alma, alienantes da sociedade, desinteressados pelo passado... Tudo isso pelo simples fato de achar que já sabem e viveram o suficiente para desprezarem as pequenas coisas do dia-a-dia, dos prazeres muitas vezes sucumbidos pelos problemas familiares e financeiros e rancorosos do homem maduro e moderno.

Em relação à ignorância, pode-se dizer que o estudo, as informações, o convívio social são ingredientes fundamentais para esse mundo de informações rápidas, mas o que falar da ignorância sentimental? Aquela que corrompe o coração do ser humano, transformando-os em predadores de si mesmo, sem piedade e sem remorsos? Como relatou um autor desconhecido, em paradoxo de nosso tempo: "... Temos mais graus acadêmicos, mas menos senso; mais conhecimento e menos poder de julgamento; mais providência, porém mais problemas; mais medicina e menos saúde...".

Já a embriaguez, muitas vezes está no refugo, da ironia, da mentira. Assim diz o filósofo contemporâneo, Mário Guerreiro: "... O que há de comum entre a ironia, a mentira e a hipocrisia é que são formas de fingimento. Toda e qualquer forma de fingimento tem como finalidade imediata inocular uma falsa crença no destinatário da mensagem, mas nem toda forma tem como finalidade última tirar algum proveito escuso desse mesmo...". Estas são como terremotos;  surgem em proporções catastróficas deixando destruição... Quando o efeito passa o que sobra é apenas a dor na consciência e a realidade da hipocrisia humana.

Portanto, juventude e maturidade, ignorância e inteligência, embriaguez e lucidez são coisas transitórias, no transcorrer da vida, quando, cada uma destas forem trabalhadas conscientemente, sem preconceitos e com entendimento para o bem estar e a felicidade do ser humano, sinto discordar de Aristófanes, mas não haverá brecha para a permanência de qualquer estupidez.

Texto elaborado pelo Prof. Sérgio Rusolini – Filosofia e Língua Portuguesa.


Autor: Sérgio Russolini


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