TEMPO PARA PLANEJAMENTO E TROCA DE EXPERIÊNCIAS DOCENTES



Tarciana Pereira da Silva Almeida

É interessante notar como a escola pública vem se afastando de seu papel de instituição responsável pela transmissão do saber historicamente acumulado pela humanidade e de estimuladora da construção de novos conhecimentos e passa a ter um caráter cada vez mais assistencialista.

Ora, para garantir que a criança avance em seu processo pedagógico é imperioso que haja bons professores e que estes estejam bem preparados para desempenhar sua função (que, aliás, não é nada fácil: gerenciar o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos alunos!)

Um dos motes da educação é "formação de professores".Mas só isso basta?

Não!!! Para que o professor trabalhe de forma satisfatória (além de uma remuneração que o garanta não precisar trabalhar os três turnos, indo de uma escola a outra) que haja garantia de momentos de planejamento e troca de experiências com seus pares. As boas práticas de seus colegas podem contribuir para a melhoria de sua própria prática, e principalmente quando falam dos alunos de uma mesma escola, que passem pelas mesmas vicissitudes existentes nestas unidades escolares.

A nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96) estabelece o atrelamento dos 200 dias letivos às 800 horas de trabalho e o Ministério Público percorre as escolas fiscalizando essa carga horária.

Não estou me queixando do Ministério Público, que apenas faz seu papel de exigir e fiscalizar o cumprimento da Lei.

No entanto, quem criou a legislação parece que nunca pisou numa escola de nível fundamental, não conhece a necessidade dos professores nem as demandas dos alunos. Acreditam que dias letivos asseguram a aprendizagem. Quanta ingenuidade!

A escola cumpre então seu papel assistencialista, pois está zelando pela segurança dos alunos a partir do momento que ele ultrapassa os limites da rua e entra em seus domínios. Mas, e a sua função educativa é garantida?

Tudo bem, concordo com a manutenção dos 200 dias, mas desde que se estipule uma carga horária semanal ou quinzenal para as discussões e preparo de materiais que serão utilizados em prol do desenvolvimento dos alunos. Isso também deve ficar explícito na legislação. Pois os diretores vivem a dizer que a escola não tem autonomia para realizar tais reuniões, que são estritamente necessárias. Dessa forma todas as escolas teriam que parar para realizarreflexões sobre a melhor forma de atender seus alunos.

Existem aqueles que, ao ler este texto, vão dizer: Os professores não querem trabalhar e ficam procurando uma folguinha para bater papo! Decididamente, não é isso.

Da mesma forma que há maus professores, há maus profissionais em todas as outras áreas. Não é justo generalizar o grupo de professores por uma minoria que não tem compromisso com o que faz! Acredito que é grande o grupo de professores que vestem a camisa da educação! Ao menos é o que vejo na escola onde atuo e, conversando com professores de outras escolas e redes de ensino, fico admirada com a beleza do trabalho desenvolvido por eles junto aos seus alunos.

Esse texto não é o desabafo de uma professora insatisfeita, mas de uma profissional apaixonada pelo que faz e que "ainda" acredita que a educação pode ser a solução para o desenvolvimento do nosso país e de nossos cidadãos!

Concluo afirmando que uma educação de qualidade demanda planejamento, um pensar e um repensar sobre suas práticas, um redirecionamento dos trabalhos a cada dificuldade no percurso pedagógico dos alunos, a troca de experiências entre os grupos de professores e a valorização dos mesmos perante a sociedade e perante si mesmos.


Autor: Tarciana Pereira da Silva Almeida


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