Sucessão em Pequenas Empresas Familiares



Os aspectos da industrialização no Brasil, bem como, todo o processo de formação de suas empresas; não prescinde  das influências e características históricas pelas quais o país atravessou desde o seu descobrimento e da gênese de sua sociedade.

 

A natureza autoritária e paternalista, que observamos e conhecemos dos períodos iniciais das terras brasileiras, na fase colonial e do desbravamento do território; reflete-se no comportamento dos empresários desde a formação do capitalismo industrial nacional até a sua expressão mais moderna e perene – a empresa familiar.

 

 

A tendência das empresas familiares no Brasil, em especial as de pequeno ou médio porte; é considerar o negócio como uma extensão das atividades e do espaço da família e muitas vezes, o patrimônio da pessoa jurídica é erroneamente usado e considerado mera extensão do patrimônio individual de seu proprietário.

 

Naturalmente, estas considerações estão afeitas ás empresas familiares que tem sua administração desprovida de profissionalismo ou não utilizam formas de gerenciamento modernas.

 

O contato entre o empresário e seus colaboradores é muito próximo e muitas vezes íntimo e pessoal; onde as relações de trabalho extrapolam o ambiente formal e entram em situações pessoais.

 

As relações hierárquicas por vezes são confusas e o exercício da autoridade fica prejudicado em função do entrechoque havido entre os que detêm o cargo e a suposta autoridade e os que exercem a liderança por força das aptidões, dos conhecimentos havidos e das competências inerentes.

 

A gestão de empresas familiares rege-se principalmente em função do comportamento e da cultura pessoal de seus proprietários, tendo por predominância a atuação individualizada, autoritária e centralizadora.

 

O processo sucessório destas empresas, por causa mesmo destas particularidades, muitas das vezes resta prejudicado.

 

Não existe uma preocupação concreta em compartilhar o poder e os conhecimentos com aqueles que vão suceder a administração atual, às vezes em função da dinâmica restritiva no exercício da gestão, às vezes por medo do despreparo daqueles que irão assumir os rumos do empreendimento.

 

Raros os casos em que existe um consenso sobre quem deve assumir os destinos da gestão, no caso de uma sucessão e mais raro ainda aqueles casos em que esta pessoa é preparada adequadamente para tal evento; ocasionando desconfianças e defecções tanto no âmbito interno como no próprio mercado.

 

A liderança nas empresas familiares é exercida muito em função do carisma da pessoa, mormente no que tange ao proprietário e ou fundador, onde sua história de vida e sua saga na condução do negócio integram-se fortemente a cultura e ao ideário da empresa.

 

Esta situação pode provocar o desestímulo á manifestação de novas lideranças ou competências na medida em que comumente são interpretadas como desafiadoras á liderança instituída ou afrontamento aos padrões e paradigmas assentados.

 

O clima organizacional diante destes aspectos todos, não raro, apresenta-se como sendo inercial e sem motivação levando as pessoas a um comodismo profissional baseado nas funções e atitudes que sempre exerceram.

 

A estrutura destas empresas, em virtude de muitas dessas características, denota uma forte verticalização com o estanqueamento entre os departamentos e áreas correlatas e que originam uma disputa estéril nos campos de atuação comuns, inviabilizando conceitos como cooperação, visão unificada, foco no cliente e no produto e tantos outros que exijam uma co-participação entre os setores internos.

 

A opção pela profissionalização da sucessão empresarial em empresas familiares passa antes de tudo pelo completo comprometimento da alta direção no sentido de propiciar as devidas condições para que este processo se desenvolva de maneira eficaz e duradoura. A mudança da cultura e das relações de liderança e comprometimento devem ser implantadas com isenção e paulatinamente. O estabelecimento de uma visão unificada e de uma missão unânime devem ser marcas nos atos e na filosofia da direção e de todos os colaboradores, refletindo nos hábitos e nas atitudes formais da corporação.

 

As empresas de natureza familiar são de capital importância para a economia brasileira e responsáveis por parcela significativa da empregabilidade da mão de obra ativa nacional.

 

A busca pela modernização e pela evolução de seus processos internos afeta não apenas os resultados patrimoniais da nação mas vão caracterizar e dar feição a toda uma estrutura de produção e consumo; afetam a vida de pessoas e comunidades e principalmente são basilares para o desenvolvimento das empresas do pais como um todo.


Autor: EINAR SCATOLIN


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