O destino dos resíduos utilizados no processo produtivo de unidades de alimentação e nutrição e seu processo de transformação



INTRODUÇÃO

Resíduo sólido é qualquer forma de matéria ou substância, nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultem de atividade industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços, de varrição e de outras atividades da comunidade, capaz de causar poluição ou contaminação ambiental (LEI nº 4191 de 2003).

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2005) na cidade do Rio de Janeiro, a geração média de lixo per capita é de 1,5 kg/habitantes/dia. No Brasil, a média segundo o mesmo órgão é de 0,68kg/habitantes/dia de lixo. O Brasil produz 241.614 toneladas por dia, 76 % do lixo coletado é destinado a lixões a céu aberto, 23,3 % apenas, recebe tratamento e 66 % deste lixo não tem coleta adequada (IBGE, 1991 - Atlas do Meio Ambiente do Brasil - EMBRAPA).

A reciclagem dos resíduos sólidos é uma alternativa viável para propiciar a preservação de recursos naturais, a economia de energia, à redução de área que demanda o aterro sanitário, a geração de emprego e renda, assim como a conscientização da população para questões ambientais. Porém, para um melhor funcionamento, é de vital importância que se implante nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) um amplo sistema de coleta seletiva, no qual os produtos recicláveis sejam separados e direcionados para empresas de reciclagem (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 2007).

O fluxo dos resíduos provenientes da coleta seletiva constitui-se em um caso particular, pois nas usinas de triagem o espaço de armazenamento dos resíduos é reduzido e dependendo da capacidade de processamento destes, pode-se facilmente ter problemas de alocação de espaço físico, como acontece nos aterros sanitários (SIMONETTO, 2006).

Com a reciclagem, haverá a diminuição no excesso de resíduos gerados por toda a população e posterior utilização dos produtos originados através do processo de transformação dos mesmos, tendo como exemplo o óleo de cozinha sendo transformado em biodiesel. Os óleos vegetais são produtos naturais e muito utilizados para preparar frituras (NETO, 2006).

A fritura é um processo que utiliza óleos ou gorduras vegetais como meios de transferência de calor, cuja importância é indiscutível para produção de alimentos. Em indústrias de produção alimentícia, o processo de fritura é normalmente contínuo e a capacidade das fritadeiras pode ultrapassar 1000 litros. Estima-se que nas UAN's da cidade e região metropolitana, são mensalmente geradas cerca de 100 toneladas de óleos de fritura, cujos destinos incluem a produção de sabão, de massa de vidraceiro e de ração animal, mas que também tem parte de seu volume descartado diretamente no esgoto doméstico (NETO, 2006).

A contaminação do esgoto se dá pelo óleo que chega intacto aos rios e às represas da cidade, o mesmo fica na superfície da água impedindo a entrada da luz que alimentaria os fitoplânctons, organismos essenciais para a cadeia alimentar aquática. Além disso, quando atinge o solo, o óleo tem a capacidade impermeabilizá-lo, dificultando o escoamento de água das chuvas, ocasionando um ambiente propício para as enchentes (AKATU, 2007).

Para tentar minimizar o malefício do descarte incorreto do óleo utilizado em frituras a Universidade de Brasília criou a primeira usina piloto do país, que foi inaugurada em dezoito de janeiro de 2006 com o objetivo de desenvolver um processo para conversão de óleo vegetal ou gordura animal em bio-óleo, um combustível que possa ser utilizado em qualquer motor a diesel assim diminuindo o impacto ambiental (UNB – BRASÍLIA, 2007).

O objetivo do trabalho foi analisar o destino dos resíduos sólidos e óleos utilizados no processo produtivo, levando em consideração a legislação em vigor.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa transversal, sobre o tema do destino dos resíduos utilizados no processo produtivo de unidades de alimentação e nutrição e seu processo de transformação, com posterior consulta bibliográfica sobre o tema proposto (ALVES, 2003).

A realização da pesquisa ocorreu em duas unidades: UAN 1 e UAN 2.

As UANs são de natureza comercial que oferece em torno de 1000 refeições/dia cada uma.

A pesquisa foi realizada em duas etapas: sendo elas:

1ª- Elaboração de um questionário com perguntas específicas sobre destino dos resíduos oriundos do processo produtivo;

2ª- Aplicação do questionário com os funcionários das UAN's.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas UAN's pesquisadas, verificou-se a inexistência de coleta seletiva e o lixo é acondicionado em saco plástico sendo seu recolhimento feito pela COMLURB.

A literatura consultada descreve a obrigatoriedade de coleta adequada em recipientes identificados, íntegros e com capacidade suficiente para conter os resíduos.

Segundo a lei nº 4191 de 30 de setembro de 2003 é expressamente proibido o lançamento e disposição dos resíduos a céu aberto o que leva a necessidade de contratação do serviço de reciclagem. O descumprimento da lei acarreta multa simples ou diária, que é calculada em UFIR's (5 mil – 5 milhões); suspensão da atividade e cassação de licença ambiental.

É importante lembrar que a lei nº 5065 de cinco de julho de 2007 institui o Programa Estadual de Tratamento e Reciclagem de óleos e gorduras de origem vegetal ou animal e de uso culinário.

Na UAN 2, o óleo utilizado é armazenado em bombonas plásticas e posteriormente recolhido por uma empresa responsável. Esta como gratificação oferece ao estabelecimento um detergente líquido originado a partir do processo de transformação do óleo. Já na UAN 1, não existe recolhimento do óleo sendo o mesmo despejado no esgoto.

Os resultados encontrados foram insatisfatórios, o que nos permitiu realizar uma palestra educativa sobre o malefício que o descarte inadequado dos resíduos é capaz de causar ao meio ambiente.

Após a palestra verificamos que a UAN 1 foi sensibilizada e fez contato com uma empresa especializada em recolhimento de óleo.

CONCLUSÃO

Com o presente estudo pode-se concluir que entre os diversos problemas ambientais existentes, o dos resíduos sólidos e o descarte inadequado do óleo de cozinha quando acondicionados de forma incorreta são uns dos maiores desafios da atualidade, trazendo significativos impactos à saúde pública e ao meio ambiente.

Visando a diminuição desse impacto a nível mundial, seria conveniente a divulgação em massa de campanhas informativas com o objetivo de sensibilizar a população quanto ao descarte correto do lixo.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÃNCIA SANITÁRIA. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Resolução n. 216, de 13 de setembro de 2004. Brasília.

ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias. 3. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

BRASIL, Rio de Janeiro. Lei n.4191, de 30 de setembro de 2003. Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos e da outras providências

BRASIL, Rio de Janeiro. Lei n.5065, de 5 de julho de 2007. Institui Programa Estadual de Tratamento e Reciclagem de óleos e gorduras de origem vegetal ou animal e de uso culinário.

COPAM, Lixo. [1996]. Disponível em:<http://www.compam.com.br/oquelixo.htm>

Acesso em: 31 agosto 2007.

CUNHA, Valeriana; FILHO, José Vicente Caixeta. Gerenciamento da coleta de resíduos sólidos urbanos: estruturação e aplicação de modelo não-linear de programação por metas. [2002].

Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/gp/v9n2/a04v09n2.pdf> Acesso em: 2 setembro 2007.

DEUS, Ana Beatris Souza; LUCA, Sérgio João de.[2004].Índice de impacto dos resíduos sólidos urbanos na saúde pública(IIRSP): metodologia e aplicação. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/gp/v13n3/07.pdf> Acesso em: 19 de setembro 2007.

ENVOLVERDE, Coleta de óleo de cozinha. [2007].

Disponível em:<http://envolverde.ig.com.br/?busca=coleta+do+oleo>

Acesso em: 14 de setembro2007.

FURTADO, Bianca. [2006]. Já pensou em reaproveitar seus alimentos: aproveitar os alimentos por inteiro, além de ser importante para saúde. Disponível em:<http://www.portaldovoluntario.org.br/site/pagina.php?idconteudo=972>Acesso em: 31 agosto 2007.

LIMA, Samuel do Carmo; RIBEIRO, Túlio Franco. Coleta seletiva de lixo domiciliar: estudo de casos. [2000]. Disponível em: <http://www.ig.ufu.br/revista/volume02/artigo04_vol02.pdf > Acesso em: 29 setembro 2007.

MBR – Comercio de Materiais recicláveis Ltda. Rio de Janeiro, Outubro de 2007.

PATACO, V. L. P.; VENTURA, M. M.; RESENDE, E. S.; Metodologia para trabalhos acadêmicos e normas de apresentação gráfica. Rio de Janeiro: Rio, 2004.

SBNE – Associação beneficente de auxilio a estudantes e funcionários da UFV, Lixo no Brasil. Disponível em:< http://www.ufv.br/Pcd/Reciclar/lixo_brasil.htm> Acesso em: 1 de Outubro 2007.

SIMONETTO, Eugênio de Oliveira; BRENSTEIN, Denis. [2006]. Gestão operacional da coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos: abordagem utilizando um sistema de apoio à decisão. Disponível em:<www.scielo.br/pdf/gp/v13n3/07.pdf> Acesso em: 19 de setembro 2007.

UNB, Usina Piloto para Craqueamento de óleos Vegetais e Gorduras. [2007].

Disponível em:<HTTP://www.unb.br/iq/Imc/biooleo.htm> Acesso em: 15 de novembro de 2007.

WIKIPÉDIA, Resíduo. [2007].

Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Res%C3%Adduo>. Acesso em: 7 novembro 2007.

WIKIPÉDIA, Metano. [2007].

Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/metano>. Acesso em: 7 novembro 2007.


Autor: Giselle Rosário de Barros Amancio dos Santos


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