O pré-sal é nosso. Mas os problemas também



O pré-sal é nosso. Mas os problemas também

* Gilson Sousa

Em todo o país, o debate sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal vem ganhando força. Por aqui não é diferente. Especialistas na área, entidades civis e parlamentares vêm tentando mostrar à sociedade a importância dos investimentos. Já os ambientalistas demonstram preocupação com os possíveis estragos a serem perpetrados no meio ambiente, especialmente na área do oceano Atlântico.

Pré-sal, de acordo com os espacialistas, é a denominação das reservas petrolíferas encontradas abaixo de uma profunda camada de sal no subsolo marítimo, área de difícil localização e de acesso mais complexo. No Brasil, a Petrobras informou que as reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, localizadas entre o litoral do Espírito Santo até Santa Catarina, cerca de 800 quilômetros, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre quatro e seis mil metros de profundidade no subsolo.

Sem dúvida alguma trata-se de uma riqeuza sem igual, já que apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal (Tupi, Iara e Parque das Baleias), as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 bilhões de barris. O problema é o desenvolvimento da tecnologia adequada para a busca desse petroleo, já que os ambientalistas temem uma consequencia de catástrofes relacionadas à vida marinha.

A propósito, os criticos do pré-sal também questionam o governo federal pelo desvio de foco de investimentos, já que recenetemente o país se apresentou ao mundo defendendo as fontes alternativas de energia, como o etanol e o óleo de mamona. E por que é que agora temos que revalorizar o petróleo? Vamos sustentar uma possível hecatombe? Como será que o Brasil fará concorrência às fontes alternativas de energia, tendo que vender tanto petróleo? E nossa frota movida a álcool e gás natural? E a nossa ecologia terceiro-mundista vai para os ares? Por essas e outras, tem muita gente achando um retrocesso esse mega-investimento no pré-sal. Algo que merece reflexão.

De qualquer forma, é bom lembrar que, em parte, a busca por novas fontes de energia dá-se também pela evidente escassez do petróleo em muitas regiões do mundo. Aliada à questão ecológica, é claro. E é justamente nesse ponto que nasce outra preocupação. Uma ameaça à soberania nacional e à paz da sociedade, já que os Estados Unidos da América consomem 25% do petróleo do mundo e certamente ficará de olho gordo nesse pré-sal.

Aliás, segundo as estatísticas, os EUA, o grande poluidor do mundo, bebe todos os anos sete bilhões de barris. Tem reservas pequenas, apenas para quatro anos. Por isto, analisam os especialistas, tem tropas na Arábia Saudita (260 bilhões de barris de reservas), e frotas de navais no Oceano Índico; estimulou o conflito latente entre sunitas e xiitas, promoveu Saddam Hussein e deu fôlego a Bin Laden. Com o primeiro, alimentou o ódio ao Irã (100 bilhões de barris); com o segundo, sustentou a rebelião dos afegãos contra a URSS.

Após o 11 de setembro, os EUA destruíram os talibãs e, desde então, acusaram o Iraque (100 bilhões de barris) de dispor de armas nucleares. Destruído Saddam, não se descobriu nenhum armamentoo convencional. Transferiram, imediatamente, para o Irã a acusação de estar se nuclearizando. Mergulharam de ponta-cabeça no Oriente Médio, pois têm sede de petróleo - aliás, a China e a Índia também. Então será que o nosso Brasil terá peito para enfrentar tais ameaças? Mais uma reflexão.

ENTREGUISTAS

Em Sergipe, deputados como Francisco Gualberto e Ana Lúcia Menezes, ambos do PT, defendem a exploração do pré-sal com unhas, dentes, palavras e ações. Aliás, essa é uma bandeira de luta da própria sociedade brasileira. Para Gualberto, trata-se de uma questão de soberania nacional. "O que estamos assistindo é uma tentativa dos entreguistas do DEM e PSDB de barrar o projeto do governo Lula e facilitar a venda dessa riqueza para os estrangeiros. São pessoas acostumadas a cometer o crime de lesa-pátria", garante Francisco Gualberto.

"Praticamente descobrimos uma Arábia Saudita no Brasil e os entreguistas já estão querendo criar condições para entregar essas riquezas que podem transformar o Brasil em país de primeiro mundo", acusou Gualberto. Tanto ele quanto Ana Lúcia dizem que o pré-sal significa uma riqueza do povo brasileiro, fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. "Tanto os trabalhadores como o governo estão defendendo que parte dessa riqueza, do produto que vai ser extraído, seja revertida para as questões sociais, principalmente educação, saúde, assistência, segurança pública", revelou Ana Lúcia.

De acordo com o governo federal, se o Congresso Nacional aprovar os quatro projetos do marco regulatório do pré-sal até março de 2010, como previu o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) acredita ser possível lançar os primeiros editais para a licitação da partilha de produção até novembro do mesmo ano. E a partir daí, segundo os parlamentares sergipanos, o Brasil começa a viver uma nova era. "O pré-sal vai contribuir bastante com a população. Portanto, será a nação brasileira que estará controlando essa grande riqueza", disse Ana Lúcia.

* Estudante do 1º período do curso de Letras Português/ Espanhol


Autor: Gilson Sousa


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