HIPNOSE



Estava tentando assistir TV quando, na troca de canais, vi mais uma vez esse homem
Ele se diz hipnotizador. Estava na rua, com um repórter, rodeado de pessoas.
Fez um teste e escolheu um jovem. Como num passe de mágica, “hipnotizou” o rapaz e fez com que ele bebesse água. E o rapaz não conseguiu achar a boca. Ele literalmente levou o copo a testa e derramava água sobre seu rosto. E todos riam. Nesse instante mudei de canal muito chateada.
Sempre questiono a necessidade das pessoas em procurar alegria através da humilhação de um outro ser humano.
Mas neste caso minha indignação vai além.
Sou hipnoterapeuta, e tive uma formação séria onde um dos pontos mais enfatizados foi o da responsabilidade em hipnotizar alguém. Neste curso foi discutido a ética e o respeito ao ser humano.
Eu não sei como este homem da TV hipnotiza alguém assim tão rapidamente.
A hipnose pressupõe um transe. E para que o transe aconteça precisamos focar a atenção de um modo muito intenso, num determinado assunto.
O transe não é um “bicho-de-sete-cabeças. Na verdade há situações cotidianas que mostram nossa facilidade em entrar em transe. Por exemplo:
Você já se pegou lendo algo, tão atentamente que nem ouviu alguém de sua família, ou amigo, falar com você?
Você já viu crianças jogando videogame? Elas nem notam sua presença não é mesmo???
Você já se pegou dirigindo seu carro, pensando fixamente em algo da sua vida, e quando “voltou” a perceber, você já estava quase chegando ao seu destino?
Pois é. Estes são exemplos de como o transe está presente em nosso cotidiano.
É quando nossa atenção está altamente focada.
E na hipnose, o terapeuta conduz você ao transe, geralmente através de um relaxamento, para que seu foco seja voltado para uma questão que precisa ser trabalhada, curada, aprendida.
Já foi comprovado que a aprendizagem é muito mais veloz quando acontece o transe.
Se durante o transe, a pessoa apresentar determinadas experiências (fenômenos), já chamamos de hipnose.
E quais são esses fenômenos?
Dentre eles está a regressão de idade, a progressão no tempo, a alucinação positiva ou negativa, analgesia, anestesia e a amnésia entre outros.
A regressão de idade na verdade é algo mais raro. O que é mais comum de acontecer é, o que na linguagem da hipnose, chamamos de hipermnésia. Você com “X” idade, se lembra intensamente de algo que aconteceu aos seus 5 anos de idade por exemplo.
E na regressão de idade, você literalmente volta aos seus 5 anos de idade, falando com voz e vocabulário infantil ( e como eu disse, isso é mais raro de acontecer).
Outro termo confundido com a regressão de idade é a regressão a vidas passadas. Para se trabalhar com vidas passadas é preciso uma outra formação.
Sempre que se propõe uma sessão de hipnose deve-se antes de mais nada, fazer um excelente diagnóstico, para que não se cometa erros que acarretem prejuízo à pessoa. É preciso se conhecer o histórico da pessoa e aprofundar no estudo dos valores e crenças que a pessoa tem, sempre respeitando a cultura que a pessoa teve e o meio em que ela vive.
Enfim, a hipnose não deve ser vista como algo alegórico...um divertimento, mas sim como uma “ferramenta” que pode curar ou, infelizmente, prejudicar e até mesmo destruir uma pessoa.
Outra coisa que é muito comum as pessoas acreditarem é que para ser submetida a hipnose, a pessoa deve ser “fraca da mente” (um termo geralmente usado). Muito pelo contrário. Para uma pessoa poder ser hipnotizada ela deverá ter uma inteligência bem razoável, pois as conexões cerebrais exigidas, são de grande esforço. Tanto é que não podemos hipnotizar crianças muito pequenas, ou deficientes mentais nem psicóticos.
A hipnose não envolve nenhum ato místico ou mágico. Também não envolve a fé. Ela é uma técnica científica séria e muito estudada.
Há uma frase que um dia eu li que era mais ou menos assim: “O maior espaço desconhecido por nós é aquele que fica entre nossas orelhas.”
Sim, o nosso cérebro ainda é um território misterioso e desconhecido. E ele é apenas uma parte do ser humano.....
Que todos nós passemos a cultivar um maior respeito pelo ser humano, pelo potencial que existe em cada um de nós.
E para ele ser respeitado e valorizado, temos que começar por nós mesmos.
Pra finalizar, vou lembra-los de um provérbio árabe: “Não perca tempo com alguém que não sabe te respeitar.”
Uma boa jornada à todos!!!

Autor: Verônica Dutenkefer


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