NOVOS DECRETOS



Há quase três semanas atrás fui ao velório do filhinho de um colega de trabalho. Pela primeira vez eu estava diante de um pequeno caixão de um menino de apenas 4 anos de idade. E fiquei envergonhada por não ter palavras para confortar seus pais. E, então, ouvi uma das pessoas dizer que deveria haver uma lei que garantisse que os pais jamais tivessem que enterrar seus filhos.

E hoje, como naquele dia, meu lado humano mais ignorante e atrasado continua a concordar com a implementação desta “lei”. Começo a reivindicar uma nova mudança na “Legislação da Vida”. Esta, com certeza, seria a primeira, mas haveria outras também...

A PARTIR DE HOJE FICA DECRETADO:
- que os pais nunca mais terão que enterrar seus filhos;
- que não haverá mais fome no mundo (nem de alimentos, nem de afetos);
- que está proibido a banalização do ser humano;
- que o prazer e a alegria não possam mais ser originados através da dor e humilhação de alguém;
- que o ser humano não tenha mais sede e curiosidade a respeito de catástrofes, tragédias, sangue e lágrimas;
- que jamais se abandone um idoso, uma criança ou um deficiente, por não mais trazerem lucros para a sociedade (e nem sob nenhuma hipótese e motivo);
- que está vedada a permissão de pessoas sem nenhuma sensibilidade, diante do impacto que um ser humano causa em outro, a exercerem profissões como: médicos, padres, psicólogos, assistentes sociais, professores, advogados e ... POLÍTICOS;
- que haja um campo de batalha específico onde apenas os grandes chefes de estados e assassinos promovessem guerras e chacinas entre eles mesmos, sem ferirem mais nenhum inocente;
- que nenhum indivíduo ou grupo consiga violar uma nação, uma cidade, um lar, um corpo, uma cultura;
- que está proibido a qualquer meio de comunicação ter o poder de banalizar a dor e o amor;
- que não haja mais acomodação diante da dor, humilhação e mentira;
- que o ato sexual seja diferenciado e distinguido da masturbação coletiva;
- que os duendes, fadas, elfos, salamandras, ondinas e os personagens folclóricos realmente possam proteger a natureza;
- que jamais um ser humano se apaixone por alguém que não lhe corresponda;
- que todos nós tenhamos permissão e capacidade de nos comunicarmos com os entes queridos que já se foram e não só os “médiuns”;
- que os anjos possam ser vistos e ouvidos por todos sem distinção de idade, sexo, raça ou religião e que eles se tornem nossos professores;
- que as amizades e os amores passem a ser, realmente, eternos;
- que nunca mais seja sentida a distância de alguém que está a menos de um metro de nós;
- que o ser humano possa ler e conversar em todos os dialetos (inclusive no seu próprio), com real compreensão e fluência;
- que, a partir de agora, as dores terão data de validade e seus prazos jamais poderão ultrapassar um ano.

E percebo, então, que esta minha lista de novos decretos é tão infinita quanto o Universo...

E você, quais seriam suas reivindicações?

Verônica Dutenkefer
01/09/2005

Autor: Verônica Dutenkefer


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