Vertentes para a inclusão sócio-cultural através da produção e divulgação científica



VERTENTES PARA INCLUSÃO SÓCIO-CULTURAL ATRAVÉS DA PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Roberto T.Tangoa & Maria I.Nogueira

No percurso da nossa pesquisa nos deparamos com vertentes sociológicas que pretendem explicar as bases na qual se sedimentam determinados aspectos das relações humanas sejam explicitas ou simbólicas. Nesse sentido a sociologia é linha de conhecimento apropriado para especificar determinado roles que os cientistas como indivíduos inseridos na sociedade produzem para expor no grande público, incubando assim formadores de opinião e divulgação científica.

Mas ao final: O que fica por estudar numa sociedade onde os indivíduos mesmos e suas inter-relações são considerados de uma maneira fragmentária? Para falar mais claramente, os indivíduos e suas inter-relações devem ser tratados como a estrutura nuclear de cada situação social.

Nos primórdios da sociologia, por exemplo, os pesquisadores se limitavam a contar o número de palavras pronunciadas pelos sujeitos, as ações que realizavam num dia e assim por diante, mas não desestimemos que isso não era importante, para a época, sim, mas o contexto social ficava nessa esfera, havia pequenos avanços nos estudos dos indivíduos dentro dos seus estratos sociais, com os estudos de Max Weber, Durkeim e Marx se abrem fronteiras e surgem paradigmas, novas formas de perceber o indivíduo e a sociedade que a sua vez originam o surgimento de novas agrupações, "as novas tribos" urbanas, delineadas pelas mídias eletrônicas, sob esses signos dá para pensar que o futuro já começou (?).

Mas como saber do impacto que essas novas formas de pensamentos redirecionam os "indivíduos globalizados" como células sociais? No intuito de compreender o interesse de divulgar as produções neurocientíficas dos pesquisadores do Núcleo de Estudos em Neurociências e Comportamento - NeC/IP e ICB-USP, usamos como elemento de apoio a sociometría, ciência auxiliar da sociologia, talvez a mais importante, sem ela seria impossível medir o impacto que causam grandes, pequenas e medianas descobertas nos laboratórios de ciências naturais como nas ciências sociais e suas publicações. Essa ciência se desenvolveu a mediados do primeiro quarto do século XX para vincular as tendências e conexões dos pensamentos entre si.

Nesse período, aliás, mesmo agora, não basta discursar sobre a energia da "evolução criadora": é necessário demonstrá-lo, é pertinente perceber a continuidade no domínio da ação ou apreciar a sua extensão. O estado da arte demonstra vertentes que tratam de explicar essas vertentes e facetas desse processo através de fervorosos defensores como Darwin, Freud, Nietzsche, Comte, Capra, Vygotsky, Piaget e outros filósofos, que sistematizaram essas vertentes em base da explicação bio-sociológica e cultural com vistas a uma explicação científica.

A preocupação da Sociometría nas últimas décadas há consistido, e hoje se mantém em plena efervescência, em considerar os problemas que afetam ao ser humano, em quanto é parte integrante da sociedade, daí que a Sociologia seja a Psicologia Social ou Psicosociologia, em quanto tende a esclarecer os processos psicológicos de índole social para deduzir aplicações à vida prática seja na indústria, na administração pública, na docência universitária ou mesmo nas pesquisas de laboratório.

Evidentemente que a nossa pesquisa abordara questões de trabalhos produzidos individualmente ou grupos de pesquisadores ligados ao NeC, no período de 1998 a 2008, uma década de produções, perfiladas quantitativamente e qualitativamente como uma das maiores produções produzidas no Brasil. Esse rico e vasto e instigante campo das ciências biomédicas e principalmente das neurociências atinge à fisiologia, anatomia e comportamento do indivíduo.

Temos certeza que as produções dos neurocientistas ajudam no avanço das ciências biomédicas em geral e consequentemente ao desenvolvimento e cura das doenças originadas nas profundezas dessa maravilhosa, aliás, a mais importante, peça da máquina humana: o cérebro.São 43 cientistas do NeC/USP das áreas e linhas de pesquisa convergem a sua paixão pelos estudos do cérebro humano em níveis morfofuncionais e comportamentais constituindo grupos perseverantes no seus modo de agir e interagir com áreas diferentes, numa mostra da real interdisciplinaridade sistêmica.

Fazemos esse trabalho porque consideramos que as pesquisas biomédicas e resultados dela implicam sobre o tratamento da saúde e qualidade de vida das pessoas, sendo assim, elas são relevantes para conhecimento de populações com menos aceso às fontes de informação, pois, a divulgação e popularização das ciências biomédicas se fazem emergentes no Brasil atual. É mister esclarecer que sou de uma outra área diferente das biomédicas, mas, me sinto identificado com essa linha de pesquisa e acredito que a divulgação dessas descobertas forneceram importantes informações e transformações no público interessado.

Por outra parte, a comunicação científica tem como principal função dar continuidade ao conhecimento científico, já que possibilita a disseminação desse conhecimento a outros cientistas que podem, a partir daí, desenvolver outras pesquisas, para corroborar ou refutar os resultados de pesquisas anteriores, ou estabelecer novos paradigmas naquela área. A comunicação científica também é capaz de definir e legitimar novas disciplinas e campos de estudos, institucionalizando o conhecimento e rompendo suas fronteiras.

O ato de publicar, por exemplo, assume ainda outras funções, como a de estabelecer prioridade da descoberta científica, reconhecer e promover o cientista de acordo com a qualidade e importância de suas descobertas, e como prova definitiva de efetiva atividade em pesquisa científica.

Devido ao crescimento da ciência, do número de cientistas e da literatura científica, entretanto, a comunicação científica se tornou cada vez mais dependente das funções de recuperação de informação. Mueller ressalta que o grande problema é simplesmente o enorme aumento de volume da literatura científica e técnica, mais conhecido como explosão bibliográfica ou explosão da informação. Apesar de terem se desenvolvido, ao longo dos últimos anos, sistemas de recuperação de informação e publicações de resumos, revisões e comunicados de alerta, Mueller não acredita que a situação tenha melhorado. Pelo contrário, a autora destaca que não só a pressão para publicar mais permanece como também a nova tecnologia de comunicação têm facilitado ainda mais as possibilidades de disseminação de informações.

A forma de disseminação do conhecimento científico obedece a padrões consensuais da comunidade científica, a qual prima pela qualidade, confiabilidade e credibilidade do que é divulgado. Um cientista, ao desenvolver seu trabalho de pesquisa, precisa manter contato com seus pares e consultar a literatura da área, para saber o que já foi dito sobre aquele assunto e o que está sendo pesquisado no momento. Por isso, a qualidade, a confiabilidade e a credibilidade do que é divulgado pela comunidade científica, assim como as críticas e avaliações feitas por outros cientistas da área, são vitais para a consecução de pesquisas científicas consistentes.

É preciso lembrar que existem outros meios formais voltados para a divulgação da ciência, tais como as informações escritas veiculadas em redes eletrônicas públicas, revistas de popularização da ciência, artigos de jornal em seções especializadas, entre outros. A diferença entre esses dois conceitos de difusão da ciência é que a divulgação está ligada à popularização da ciência, levando os conhecimentos científicos ao público leigo em geral, enquanto a comunicação científica ocorre entre um grupo seleto formado de especialistas.

Em estudos promovidos por Mueller, Campello e Dias, sobre a disseminação da pesquisa em ciência da informação e biblioteconomia, foi constatado que, no Brasil, os principais canais de disseminação dos trabalhos realizados nessa área são os periódicos, livros e monografias; anais de encontros científicos e profissionais; e as teses e dissertações produzidas por doutorandos e mestrandos dos programas de pós-graduação na área. Apesar de não terem encontrado, à época, estudos ou dados quanto ao uso comparativo desses canais, a experiência prática desses autores apontou os periódicos como os mais difundidos e conhecidos.

O periódico científico tem se configurado como veículo formal de comunicação tanto para divulgação do conhecimento como para comunicação entre os pares da comunidade científica.

Outros instrumentos formais de comunicação científica têm sido incorporados em seções específicas do próprio periódico ou reunidos e republicados em revistas especiais, tais como os resumos indexados e os artigos de revisão da literatura.

Ziman destaca que um artigo publicado em uma revista conceituada não representa apenas a opinião do autor, mas leva também o selo de autenticidade científica outorgado pelo editor e os examinadores por ele consultados. É claro que existem boas e más revistas. Cabe ao pesquisador escolher aquelas com maior potencial para apresentar trabalhos desenvolvidos por pesquisadores conceituados e que possam contribuir significativamente para o enriquecimento de seus conhecimentos científicos.

Assim como existem trabalhos de pesquisa divulgados antes de sua publicação em revistas especializadas, conhecidos como pré-prints (cópias distribuídas a colegas e pesquisadores da área, a fim de receber críticas antes de sua publicação oficial), também existem os artigos de revisão.

O artigo de revisão é um instrumento formal de comunicação científica cujo objetivo é apresentar a opinião crítica especializada de seu autor, a respeito dos trabalhos e atividades de pesquisas desenvolvidas na área por ele enfocada, comparando pontos de vistas convergentes e divergentes, e levando o leitor a outras publicações sobre o assunto. Com isso, o leitor identifica a importância e a credibilidade de cada trabalho analisado na revisão e consegue ter uma visão geral do estágio atual das pesquisas naquela área do conhecimento.

Sob a camada superficial das publicações científicas oficiais, Ziman destaca a atuação das redes de comunicação informal constituídas pelo chamado "colégio invisível". Os membros desse "colégio invisível" são profissionais dedicados a uma mesma área de pesquisa, colegas ou rivais, espalhados por todo o mundo, com vínculos não formais, dificilmente percebidos por quem se encontra fora do grupo. Os elos que unem esses profissionais são, por exemplo, as conferências e congressos, a correspondência via correio tradicional ou eletrônico e as viagens para estudos cooperativos.

Mueller considera que no início do período de crescimento de uma determinada área, os membros do "colégio invisível" emergente se consideram e são aceitos como as principais autoridades no assunto. Suas opiniões sobre todos os trabalhos de pesquisa na área são decisivas e suas idéias prevalecem. À medida que aumenta o número de cientistas interessados na área, acabam se formando grupos menores, com idéias diferentes, dentro desse grupo maior, que, nesse momento, talvez já não seja tão invisível assim.

Considerações finais

Pode-se considera que, dentre os diversos canais de comunicação científica, há que se dar destaque ao periódico científico e às redes de comunicação informal do "colégio invisível". O periódico científico, além de sua função principal de comunicação entre os pares da comunidade científica, na busca de informações e de seu reconhecimento e prestígio, também atua como registro público da informação, relacionado à prioridade e à propriedade das descobertas científicas registro público da informação, relacionado à prioridade e à propriedade das descobertas científicas. O uso de novas tecnologias abre o leque de possibilidade para a divulgação e difusão dos conhecimentos. É ai mais uma vertente para a inclusão sócio-cultural e científica.

Referências bibliográficas

MUELLER, S.P.M. A ciência, o sistema de comunicação científica e a literatura científica. In: CAMPELLO, B.S.; CENDÓN, B.V.; KREMER, J.M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2000. p. 21

ZIMAN, John. Conhecimento público. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1979.

Apoio financeiro: FAPESP


Autor: Roberto Torres Tangoa


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