Falando de TOC



Não há alguém que não tenha ouvido, nos tempos atuais, a expressão "sofre de TOC". É uma doença que atinge cerca de 2% da população. Tem sido considerada de relevância, uma vez que é, entre as doenças psiquiátricas, uma das mais graves e que transforma a vida das pessoas, incapacitando-as. A doença está relacionada aos níveis de serotonina no cérebro e alguns medicamentos recomendados contra a depressão tem efeito positivo na diminuição dos transtornos obsessivos-compulsivos.

Mas, afinal, o que é o TOC e como se manifesta? O Transtorno Obsessivo-Compulsivo- TOC, manifesta-se através de compulsões e/ou obsessões. Essas compulsões são uma espécie de rituais que o doente precisa seguir a fim de aliviar a tensão. Esses comportamentos, em sua maioria, são atos mentais voluntários e repetitivos, executados para responder a obsessões, como se fossem regras que devem ser seguidas metodicamente. Gestos simples como lavar as mãos, verificar várias vezes determinado fato como portas e janelas fechadas, dobrar e passar as mesmas roupas, contar objetos, repetir frases ou números, alinhar, armazenar objetos sem utilidade, etc. As ações relacionadas às compulsões dão um escape momentaneo à ansiedade associada às obsessões, fazendo com que o indivíduo as execute toda vez que seu pensamento é tomado por uma obsessão. Assim, diz-se que as compulsões têm uma relação de ordem funcional com as obsessões, no momento em que trazem alívio.

Um exemplo tem sido apresentado através do seriado Monk, onde o personagem que representa o detetive é apresentado como um doente obsessivo- compulsivo pelo hábito de alinhar perfeitamente objetos como livros, tapetes, talheres, entre outros objetos e o pavor por tocar em coisas que outras pessoas tenham tocado.

Esses gestos compulsivos acabam comprometendo as relações sociais do indivíduo que acaba se distanciando do seu círculo social por não ter o TOC percebido e identificado como doença e que passa a ser considerado manias ou excentricidades.

Invariavelmente, a pessoa portadora de TOC, percebe que seu comportamento é obsessivo e tenta dominá-lo. Todavia, essas obsessões estão tão enraizadas na consciência, que não podem ser removidas simplesmente por um diagnóstico médico terapêutico, muito menos por livre decisão do doente de TOC. Essas obsessões parecem ter existência própria, independendo da vontade e o paciente tem a noção exata do absurdo de seu conteúdo mental.

As obsessões, de modo geral, aparecem acompanhadas pelo medo, angústia, sentimento de culpa ou desprazer. Ainda que desejando ou se esforçando, o doente de TOC não consegue afastá-las ou suprimi-las de sua mente. As compulsões, geralmente são precedidas por um pensamento invasivo que leva a uma ação repetitiva sob pena de causar muita aflição. Não raramente, a família deixa de perceber que se trata de uma doença e as relações familiares, ou de trabalho, tornam-se difíceis pela má convivência.

Uma relação familiar calma, apoiadora e compreensiva, pode ajudar no resultado final do tratamento. Para tanto, é necessário que o familiar seja o mais gentil e paciente possível, e requer alteração de rotinas, acomodação e muita aceitação. Nada que o amor não possa controlar, mas que não dispensa tratamento médico adequado e terapia comportamental associada a medicamentos que reduzemos sintomas de TOC.


Autor: lucia czer


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