Dualidade Metodológica No Ensino Da Iniciação Desportiva
FERRUGEM, Paulo Ricardo 1
(MUNARO, 1988, p.106).
Estes concordam que o esporte utilizado de forma lúdica consegue atingir as necessidades educacionais e sociais das crianças e adolescentes, sem cobranças, obrigações e responsabilidades neste período de desenvolvimento e conhecimento do corpo e suas necessidades. Colocam que o esporte de cunho competitivo é restrito a determinados locais que devem ser respeitados, Por isso, é necessária imediatamente uma transformação didático-pedagógica no ensino do esporte, conforme apregoa Kunz (1994).
Entretanto, como entendemos o esporte por ser um fenômeno complexo, aberto e de múltiplas possibilidades, pode ser utilizado para diversos fins (PAES, 1992). O problema não está no esporte-competição e sim na maneira como este é posto em prática e nos seus objetivos, dentro do ambiente escolar.
É neste momento que a pedagogia do esporte, através das intervenções do educador, deve estabelecer uma relação entre o esporte e a educação. Para tanto, este deve utilizar uma proposta pedagógica clara e objetiva para o desenvolvimento múltiplo das suas crianças/atletas em todos os níveis, físico, técnico, psicológico, tático, social, intelectual e cognitivo, e principalmente, estabelecer objetivos possíveis de serem alcançados.
Em 1987, uma nova legislação foi apresentada, no contexto das políticas públicas, com o Parecer CFE 215 e a Resolução CFE 03, provocando uma profunda mudança no âmbito da formação no campo da Educação Física. Foi criado o curso de Bacharelado e houve revisão da proposta da Licenciatura com o objetivo de melhorar a preparação profissional e delimitar os diferentes espaços da intervenção profissional.
A criação do Bacharelado provocou além da proposta de se ter um corpo de conhecimento organizado para a Educação Física, a retomada do projeto de regulamentação profissional na área, tendo-se em vista os diferentes campos de intervenção. Embora a profissão docente já fosse regulamentada e referendada pela LDBEN 9394/96, em seu Artigo - 67, o que estava em pauta era uma nova orientação para o campo de atuação profissional - intervenção profissional.
Esta questão provocou um intenso debate na comunidade acadêmica, assumindo-se posições a favor e contra, pessoal ou coletiva (associações, conselho, entidade científica etc), acadêmica ou "senso comum".
Em 1998, no dia 1 de setembro, a "profissão" Educação Física foi regulamentada, com a promulgação da Lei 9696, significando que a médio e longo prazo deveria ocorrer um "divisor de águas", uma nova demarcação territorial. Para normatizar esta idéia, na proposta da Resolução CONFEF nº 046/2002, "Intervenção do Profissional de Educação Física", foi colocado que esta deverá ocorrer nas seguintes especificidades:
·Regência/Docência em Educação Física;
·Treinamento Desportivo;
·Preparação Física;
·Avaliação Física;
·Recreação em Atividade Física;
·Orientação de Atividades Físicas e;
·Gestão em Educação Física e Desporto.
Em termos práticos o que se propõe é que o licenciado terá como campo de atuação "exclusivo" a educação formal, enquanto que ao bacharel (ou graduado) caberá os demais espaços. Porém, em se tratando de "iniciação esportiva" a quem competirá? Com base nesta pergunta nesse trabalho procuramos entrevistar técnicos de atletismo de Santa Catarina que atuamparalelamente como professores de Educação Física, para saber o nível de formação, tempo de atuação entre outros.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Preocupado com a competição precoce, a iniciação não é a especialização em uma determinada modalidade,"[...] na iniciação não deve haver competição, pois neste primeiro momento a massificação deve estar presente, e não tem sentido o afunilamento existente." (PAES, 1997,p.54)
A etapa de iniciação nos jogos desportivos coletivos é um período que abrange desde o momento em que as crianças iniciam-se nos esportes até a decisão por praticarem uma modalidade. Desta maneira, os conteúdos devem respeitar as fases do desenvolvimento das crianças e dos pré-adolescentes. Dessa forma, Oliveira e Paes (2001), dividem a etapa de iniciação esportiva em três fases de desenvolvimento: a) fase iniciação esportiva I; b) fase de iniciação esportiva II; e c) fase de iniciação esportiva III, sendo que cada fase possui objetivos específicos para o ensino formal e está de acordo com as idades biológica, escolar, cronológica e com as categorias disputadas nos campeonatos municipais e estaduais, diferenciando-se de modalidade para modalidade.
Na faixa etária dos 07 aos 12 anos, dois seriam os momentos da iniciação: primeiramente, objetivando o desenvolvimento motor da criança e em um segundo momento, dar ao aluno a oportunidade de conhecer o maior número de modalidades, para em seguida, iniciá-lo na que ele escolher. Somente depois destes dois momentos é que se daria a preparação para a competição de uma modalidade específica (autor, data).
Nesse contexto, Greco (1998) e Paes (2001) in Paes (2004) afirmam que a função primordial é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com valores e princípios voltados para uma atividade gratificante, motivadora e permanente, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases sensíveis do desenvolvimento, com carga horária suficiente para não prejudicar as demais atividades como o descanso, a escola, a diversão, dentre outras; caso contrário, será muito difícil atingir os objetivos em cada fase do período de desenvolvimento infantil.
Deve-se priorizar o aspecto lúdico destas atividades, onde as crianças se divertem ao mesmo tempo que desenvolvem suas habilidades motoras e aprendem. Estudos de Vieira (1999) e Oliveira (2001) in Paes (2004), corroboram com esta afirmativa quando apresentam dados de sua pesquisa na qual, ao entrevistar talentos da modalidade de atletismo e basquetebol, confirmaram que os atletas, quando crianças, gostavam de caçar, brincar de super-herói, cabo de guerra, amarelinha, demonstrando, assim, interesse pelas atividades lúdicas.
Propiciar aos alunos a prática de variadas modalidades esportivas, bem como a flexibilização das regras, de modo a não priorizar aquele aluno que tem maiores habilidades, isso irá contribuir para o desenvolvimento das habilidades motoras necessárias para um futuro aprofundamento em determinada modalidade. O desenvolvimento da coordenação motora, ritmo, equilíbrio serão favorecidos nesta idade pela prática de diversas experiências esportivas.
Um aspecto muito importante que deve ser considerado é a questão do treinamento precoce. Assim como a prática de atividades físicas durante a infância é benéfica por uma série de motivos, dentre eles o estímulo favorável ao crescimento, diminuição dos níveis de sobrepeso/obesidade, além de ser um estimulo a prática de exercícios na vida adulta. Por outro lado o excesso de exercício pode causar sérios danos. Um treinamento sistematizado realizado precocemente pode lesionar ossos e músculos das crianças, bem como prejudicar o seu crescimento e desenvolvimento normais. Por este motivo as fases do desenvolvimento infantil devem ser respeitadas no processo de iniciação desportiva.
Neste contexto a fase de iniciação II, como descrita porOliveira e Paes (2001), consiste em......
A fase III......
3 METODOLOGIA DE TRABALHO
A presente pesquisa está classificada como pesquisa de campo quantitativo - descritiva, em que a finalidade é o delineamento e análise das características quantitativas de uma determinada população, segundo THOMAS e NELSON (2002).
A investigação ocorreu na cidade de Chapecó - SC, por ocasião dos 19º Joguinhos Abertos de Santa Catarina - 2007, feita com os técnicos da modalidade de atletismo de diversas cidades participantes do evento.
Como unidades observacionais, foram questionados 10 professores de Educação Física, que atuam como técnicos de atletismo e professores de Educação Física.
Para a coleta, foi desenvolvido um questionário com 10 questões com perguntas fechadas e abertas. Os questioriários foram entregues e recolhidos, entre os dias 28 e 01 de outubro de 2007.
2.1 Apresentação e discussão dos resultados
Antes de iniciar a apresentação e discussão dos resultados, é necessário salientar que em algumas perguntas contidas no questionário, foi possível assinalar mais de uma alternativa como resposta, sendo assim os valores de percentagem passam dos 100% em algumas tabelas.
Na questão 1, que diz respeito ao nível de formação profissional, os técnicos de atletismo abordados, todos os (N=10) apresentaram formação acadêmica na área de Educação Física, e 70% por cento (N=7) deles apresentava curso de pós graduação.
Tabela 01 – Nível de Formação dos Professores |
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% |
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Total |
2º Grau |
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0 |
0 |
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0 |
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Cursando Ed. Física |
0 |
0 |
|
0 |
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Curso Superior |
10 |
100% |
|
100 |
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Pós-Graduado |
7 |
70% |
|
70 |
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Mestrado |
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|
0 |
0 |
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0 |
Doutorado |
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|
0 |
0 |
|
0 |
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Total |
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17 |
170% |
|
170 |
Quando questionados na pergunta 2, sobre o tempo de atuação, os professores 20% tinham entre 04 e 06 anos de experiência, 40% por cento entre 07 e 19 anos, e 40% estão na faixa dos 20 anos ou mais de experiência atuando na Educação Física.
Tendo em vista a regulamentação da profissão através da lei 9696/08, os profissionais que atuam no treinamento e orientação de atividades, precisam possuir graduação e estarem registrados junto ao CREF.
Tabela 02 – Tempo de Atuação dos Professores |
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% |
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Total |
1 à 3 anos |
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0 |
0 |
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0 |
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4 à 6 anos |
2 |
20% |
|
20% |
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7 à 16 anos |
4 |
40% |
|
40% |
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20 à 35 anos |
4 |
40% |
|
40% |
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Total |
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10 |
100% |
|
100% |
Já na questão 3a, quando questionados sobre a carga semanal de trabalho, 80% trabalham 40 horas semanais, 10% trabalham 30 horas semanais, o restante 10% trabalham 10 horas semanais.
Autor: Paulo Ricardo Ferrugem
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