A mesa bandeirante



                A mesa bandeirante

 

 

 

   Texto escrito por ocasião da visita ao Palácio dos Bandeirantes, São Paulo, Capital, em dezembro de 2003, para recebimento de premiação literária do projeto Leitura na Escola, do governo do estado de São Paulo, com a participação de professores da rede estadual de ensino e presença do então governador Geraldo Alkimim.

 

 

 

        Na mesa de jacarandá do século XVIII a poeira não encontra repositório. No palácio, a sujeira e o desleixo só aparecem no noticiário do período anual das chuvas.

         Quebrando a rotina secular do recinto, numa tarde de festejos, alegrias e presentes, presentes estão os reflexos dos bons costumes.

         A alegria, porém, muitas vezes traidora da imagem projetada, mascarada e envernizada, desobriga a boa gente de sustentar o insustentável.

         A velha mesa que não conhece a poeira recebe disfarçadamente um copo descartável e solitário. Sua solidão é tão notória que diversos divertidos desmascarados, num ato singelo de solidariedade ao flagelo do triste copo vazio, oferecem-lhe companheiros não tão vazios e que dão à inútil mesa, uma função atípica, nesta tarde de festejos, de planos e de fotografias.

         Finda a festa, findo o burburinho, findo o dia, resta o lixo acomodado nas lixeiras; na lixeira do palácio, que não conhecia o desleixo, senão nas reportagens do período anual das chuvas.

 

 

 

 

Manoel Brandão Nobilli


Autor: " Valdir Emanoel Colo "


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