Colombo e o Contexto da Conquista da América



A descoberta da América insere-se no contexto do ancien regime, ou seja, no período da história denominado Idade Moderna. Nessa época, a economia de base da Espanha era a exportação de lã, porém, este comércio trazia recursos cada vez menores.

Os "monarcas católicos", Fernando e Isabel sentiam que deveriam desempenhar um papel no novo mundo e que não poderiam ser financiados pelos seus miseráveis camponeses e nem pelos criadores de ovelhas. Por outro lado, os europeus sempre consideraram as viagens marítimas um mal necessário, um meio de alcançar  o El Dorado, a lendária cidade de ouro. Estavam prontas as condições para Colombo e outros conquistadores que vieram depois dele. 

O que explica o fato de Colombo e ninguém mais ter a determinação de empreender essa viagem? Alguns elementos como - coragem, obstinação, tanto conhecimento e até um pouco de ignorância se somavam a este homem e a nenhum outro. Sua determinação era surpreendente assim como  seu poder de convencimento para que lhe deixassem seguir o seu caminho.

Com o advento da imprensa, na Europa teve início uma série de produção de livros e panfletos: Bíblias, livros de pródigos e livros de monstros, clássicos e obras de astronomia e astrologia (sem separação definida). Histórias de viagens reais ou imaginárias eram muito populares. O livroViagens de Sir John Mondeville e os relatos de Marco Polo de sua viagem à China eram impressas repetidas vezes. Uma outra obra, o Imago Mundi (imagem do mundo) foi um dos livros de cabeceira de Cristóvão Colombo. Esses livros foram estudados por ele, que muito foi influenciado por essas leituras. O imago Mundi, do Cardeal Pierre d'Ailly. Descreve a terra em termos científicos admiráveis. Seu livro ajudou a desmistificar o mundo de fantasia e dos pesadelos da idade média.

Colombo reuniu uma impressionante soma De informações, no mar e em terra firme. Era uma mistura de fatos e ficção. Ele levou a cosmografia medieval da biblioteca para o oceano.O que interessava a Colombo e o obcecava era o "imaginário do mundo". Desenhou um mapa com tudo o que jamais tinha siso escrito para provar uma tese específica dessa imagem. O destino ou a sorte muito o ajudaram. Em vez de leste, ao redor de uma terra hostil, ou ao sul, volta da África, o caminho natural para a Ásia seria a oeste. Ele não foi o primeiro a pensar dessa forma, mas somente porque estivesse tão terrivelmente enganado sobre o tamanho da terra, persistiu imaginando este feito: a Ásia poderia ser alcançada navegando-se através do Atlântico a oeste.

Dos fatores que contribuíram para a expansão marítima, fora o fechamento do Mediterrâneo pelos árabes e o desenvolvimento tecnológico, o fator mais importante foi a mentalidade européia do mundo que começou a mudar, Colombo insere-se nesse contexto. As pessoas não se satisfazem mais com a concepção de vida como um circuito fechado, como uma peregrinação, sob os olhos da Igreja, do céu ao purgatório ou ao inferno. Troca e lucros privados deixaram deser palavras sujas. Começava a nascer um novo individualismo, originando daí co o o seu melhor fruto a Renascença, e como o seu pior fruto , o Capitalismo.

Não foi por acaso que a Espanha, e não Portugal se tornou financiadora da empreitada de Colombo. Dos esforços de Colombo para levantar fundos, desde o início a Espanha tinha sido sua única esperança. Portugal estava tentando a rota sul, costeando a África, havia feito pesados investimentos nesse projeto, que após 1486 cheirava a sucesso. Tinha de ser a Espanha, mais ainda a de 1492, quando Granada, o último remanescente do Império mouro, estabelecido na Península desde o século IX, desmoronou diante dos espanhóis. Com a queda de Granada em 1492, Fernando e Isabel estavam solidamente estabelecidos, prontos para uma aliança de sua monarquia absoluta com a Igreja feudal e a nobreza.Era impossível tal empreendimento sem suporte de um governo, isto é, sem um rei ou príncipe por trás.

Colombo era um católico fervoroso. Quando discutia sua viagem para oeste, nunca deixava de lado os aspectos religiosos: converter os "pagãos" daÁsia ao catolicismo para usar seu ouro para reconquistar dos mouros a Terra prometida. Ele acreditava que seu empreendimento era cristão e que tinha a ajuda de Deus.

Naqueles anos, os monarcas espanhóis perceberam que tinham pouco a perder se dessem aColombo dez por cento sobre toda a riqueza proveniente do Novo Mundo, trazido não somente por ele, mas por qualquer pessoa, para sempre, para si e seus herdeiros. Exigiu o título de "vice-rei", e de "almirante do mar", entre outras honras. Os reis concederam-lhe tudo o que desejava. Recebeu um passaporte real e uma carta do rei e da rainha para ser entregue ao Grande Khan, imperador da China,segundo os relatos de Marco Pólo. A maioria dos custos da viagem foi garantida pelos banqueiros genoveses. Era uma viagem ao desconhecido, uma obstinada mudança de navegação costeira para mar aberto, era um ato jamais realizado.

A maioria da população era constituída por homens da localidade, marinheiros profissionais. Havia também a bordo empregados dos reis que tinham a tarefa de anotar e registrar acontecimentos e sobre as riquezas trazidas para o navio. Colombo chegou à América em 12 de outubro de 1492.

Os monarcas espanhóis só investiram nesta arriscada aventura na esperança de muitos lucros. Colombo sempre afirmava em suas cartas aos reis que ali havia muito ouro, pois ele acreditava nisso. O ouro encontrado foi, porém, em pequena quantidade e isso levou Colombo ao descrédito pelos investidores de tal empresa. Colombo realizou outras viagens e explorou as ilhas, porém, suas procuras foram frustradas e não teve seu mérito reconhecido imediatamente pelo seu feito de "descobrir o "Novo Mundo", até mesmo o nome do continente foi dado em homenagem a Américo Vespúcio, que não tinha lá nem posto os pés.

Somente muito depois é que se percebeu a grandiosidade do feito de Colombo: a conquista do continente americano, que com seu ouro e produtos tropicais revolucionaram a economia européia. Fernando, seu filho, foi um dos responsáveis pela reabilitação e mérito concedido ao seu pai, através do diário de diário de bordo reescreveu a história da conquista da América, que fez com que ele se consagrasse como o verdadeiro conquistador da América.


Autor: Maria José Alves de Assunção


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