Primo Basílio em Cenas Cenários



ANTES DO PRIMEIRO CAPÍTULO VEM A INTRODUÇÃO...

Passo a passo, uma passo de cada vez... E o Chico Science vai dizendo: - Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar, cara! Então, é isso aí, um passo à frente. Legal, só um passinho, moçada, vamos lá!

*

Então é isso. Se temos que começar O Primo Basílio, iniciemos pelo início: a introdução:

*

J. Milton Benemann e Luís A. Cadore listam as seguintes características da estética realista à pág. 94 do Estudo Dirigido de Português vol.2:

/a) observação e análise da realidade (o autor realista precisa cultivar os sentidos e a observação da realidade);

b) objetivismo racional;

c) atenção para o mundo real e concreto;

d) retratação do presente;

e) culto ao comedido e ao sóbrio;

f) análise e descrição dos problemas da vida;

g) as personagens são tipos concretos, vivos, retratados psicologicamente;

h) a linguagem é equilibrada;

i) a apresentação do cenário serve para salientar melhor a ação das personagens;

j) o mundo real substitui o mundo ideal.

*

E também informam o seguinte: "A evolução das escolas literárias parece seguir um movimento pendular, sendo que um pólo representaria os aspectos exteriores ao homem e o outro, os interiores e subjetivos. (...) O Romantismo pretendia a liberdade criadora, explorando o sentimento, a fantasia e a emocionalidade até em excesso. Estava, pois, na hora de surgir um novo movimento que tivesse como meta abordar a realidade externa, caracterizando-a e descrevendo-a tal qual a percebemos pelos nossos sentidos. Esse novo movimento era o Realismo./

Na introdução de Elenir Aguilera aO Primo Basílio editado pela FTD tem-se: /Massaud Moisés salienta três marcas características do comportamento do escritor realista:

1) o tema proposto será estudado, analisado pelo autor;

2) tal análise deverá ter cunho científico;

3) seu objetivo será o desmascaramento da hipocrisia burguesa./

E continua: /a obra realista assume função de arma de combate social. (...) A finalidade última do romance é a de mudar o comportamento da burguesia, responsável pelos destinos político, econômico, social e moral do país. (...) Torna-se indispensável que o escritor atue como o homem de bem, lúcido, consciente, cuja obrigação é a de dar uma bengalada em toda a podridão social circundante./

E mais: /tema encontrado com muita frequência entre os autores da estética realista: o adultério./ Cita Massaud Moisés: /Enquanto o romance romântico gira em torno do casamento, ou melhor, dos antecedentes que conduzem ao enlace burguês, o romance realista focaliza a situação criada pelo casamento, não a feliz, suposta pelas veleidades burguesas, senão a degenerescente, encoberta pelo -manto diáfono- que a classe média jogava sobre suas instituições. (...) A ficção realista propõe-se a estudar cientificamente a infidelidade conjugal, revelando-a mais frequente do que fazia imaginar a paz podre da burguesia romântica (...). Arrancar-lhe a máscara hipócrita, eis o propósito do romance realista/.

Vai a introdutante em suas reflexões que vou pô-las em flashs:

/Explica-se o adultério pelo meio ambiente que cerca as personagens. A crença de que o indivíduo é produto da herança, do meio e da educação (teoria determinista, formulada por Taine) é característica da época realista./

/ O Primo Basílio (assim como O Crime do Padre Amaro) foi equacionado dentro de uma concepção estética bem definida, que poderíamos denominar Realismo ortodoxo onde se evidencia o objetivo de atuar na realidade para aperfeiçoá-la/.

/ Terminada a leitura do romance, salta aos olhos o intuito do autor: condenar o adultério, porque corrói a instituição básica da sociedade, o casamento/. E observa: /por que o adultério feminino deve ser duramente punido enquanto o masculino é tolerado?/

/Casamento de conveniência, de ambas as partes, a união de Jorge e Luísa não se assenta em bases sólidas, por isso não resiste ao ataque do primeiro sedutor que aparece/.

/A figura de Juliana. Talvez por ocupar lugar secundário, escapa do esquema simplista, que limita as personagens centrais, e ganha dimensão na obra. É a personagem mais bem construída dentro do romance. (...) Juliana vinga a honra de Jorge (afinal, é ela quem -castiga- Luísa) e Leopoldina desempenha o papel do sedutor, mostrando à amiga as delícias das paixões adulterinas/.

Consideração interessante de Elenir: /Só se consegue captar com alguma propriedade a visão de mundo que flui das obras literárias situando-as no contexto em que foram concebidas. Compreender uma obra significa apreender o diálogo que essa sustenta com seu tempo. Aliás, constitui-se numa tarefa apaixonante: ler a obra literária com informações da época e descobrir, nessa leitura, um mundo palpitante em que o ser humano se debate, enfrentando problemas que o atormentam, alguns atualmente já superados; outros, ainda presentes em nossa realidade/.

*

A introdução do romance pela editora Ática fala de intertextualidade e não plágio sobre crítica feita por Machado de Assis às personagens de Eça, e registra o seguinte:

/ A discussão da peça do primo Ernestinho pelas personagens dO Primo Basílio é feita em duas cenas que se articulam como -cadres- que abrem e fecham o episódio do adultério. Nesse intervalo estão contidos a reescritura de *Honra e Paixão*, a entrada de Luísa na existência romanesca onde - ia ter ela própria aquela aventura que leva tantas vezes nos romances amorosos - e a conversão de Jorge à moral burguesa - oportuna -. Na primeira - cavacada - de domingo (imediatamente anterior à ida de Jorge ao Alentejo), Ernestinho expõe o enredo e a objeção do empresário quanto ao final da peça: ele pretende retirar o tom - dramático - do desfecho e substituí-lo por um outro mais moderado, mais condizente à moral burguesa do tempo. Jorge, entretanto, não concorda: /Se enganou o marido, sou pela morte. No abismo, na sala, na rua, mas que a mate/. Na última cena da reunião dominical (imediatamente posterior à descoberta da carta de Basílio por Jorge), comenta-se o triunfo da peça e o final - mais moral - que o autor lhe imprimira. Fala-se, então, que - Jorge é que queria que eu desse cabo dela -, ao que ele responde: - Mudei, conselheiro, mudei -./

EM TOM DE GINGADO, E BOA MALANDRAGEM, UM IDEALIZADO CHICO SCIENCE

Calma, pessoal, indo sempre e sempre chegamos ao desfecho do desejado... O negócio é não parar... Parou: Ah, por que parou?... Parou por quê!?! Serão somente dezesseis(16) capítulos e a cartinha do Eça ao Teófilo Braga... Mais nadinha, nadinha mesmo!...

CAPÍTULO 1: PRIMO BASÍLIO E JORGE, ESTE FORTE, ROBUSTO, VIRIL COMO UM BODE, DE CHIFRES

Capítulo 1 Os inícios da trama e do ambiente determinista em cenários e cenas...

Queira ou não o homem está sujeito às interferências das relações, da família, das amizades da vizinhança e escola e outras, de tudo que lê, vê, ouve, sente e come, do lugar onde nasceu predispondo-o à queda ou ao sucesso (ou, fugindo à regra, se tiver forças morais internas em sua alma, à resistência resiliente na boa conduta mesmo em condições adversas...)...

+

* sobre cenário, cena e teatro educativo: www.cobra.pages.nom.br/ecp-teatrocenario.html, www.desvendandoteatro.com/osite.htm, www.desvendandoteatro.com/termos.htm .

CENA OU QUADRO 1 (MUDANÇA DE ESPAÇO OU ESPAÇO-TEMPO 1): SALA DE JANTAR

Segunda metade do século XIX, falar francês é gosto da época como hoje o inglês; Jorge, engenheiro de minas, bocejou preguiçosamente em sua velha grande e confortável poltrona de pele de bode (uma voltaire de marroquim: dolce far niente!), onde folheava um livro de Luís Figuier sobre as novas invenções e descobertas; sentado em couro de bode ele mesmo fora um bode a correr atrás da sua cabra-rapariguita Eufrásia a cabritarem juntos quando o homem dela, o Brasileiro, saía a jogar bóston ao clube, isso em seu tempo de estudante na Politécnica. Luísa, em roupão preto, a sua loirinha e branca esposa há três anos, que ama demais romances românticos e sonha com príncipes encantados, eternos e felizes amores, Ivanhoés de armaduras brilhantes, não obstante casada, profere animada, sotaque alegre italiano, uma notícia que está a ler sentada à mesa:

- Amore, amore mio, meu primo Basílio está de volta!! Per amore del cielo, depois de tantos anos, de ir ao Brasil(i) e viajar pela Europa vem nos contar as novidades!

- Bom, minha amada; pena só que estou obrigado a uma viagem Alentejo, pelos descampados de restelho e mosconas que só de ver tu te assusta. Vai ser uma maçada, obrigações, responsabilidades do ofício.

- Não te importas que eu o receba, Jorge?! Sentirei muito prazer em rever esse meu priminho. Boas lembranças guardamos de nossa encantadora juventude romântica...

- Lês muito romances românticos, minha prenda, estamos em outros tempos, tudo é ciência e realidade. Mas vá, receba teu parente, e cumprimente-o como se eu estivesse presente.

Ela, como um passarinho alegre veio acariciá-lo à poltrona.

Entra Juliana, a serviçal da casa, magra e esquisita, quarenta anos de feiosura estranha. Luísa a achava antipática, pediu que aprontasse as roupas de Jorge para a viagem.

Mal a magra foi-se com seu jeito estranho, despejou:

- Estou a tomar ódio a esta criatura, Jorge!

Rindo, Jorge acalmou-a assim, enquanto saboreava uma chávena de chá e se punha a enrolar um cigarro:

- Coitada, é uma pobre de Cristo. Foi um anjo cuidando da tia Virgínia doente.

- Mas, se eu embirro com ela, nada me importa, posso bem é mandá-la embora.

Jorge parou, raspou um fósforo na sola do sapato (já se havia inventado o isqueiro? Parece que sim: www.swedishmatch.com.br/main_produtos_isqueiros_historia.html), acendeu o cigarro, olhou sério:

- Se eu consentir, minha rica... Faça tudo que o prazer dessa vida possa alegrá-la, estarei contigo pra fazê-la feliz quaisquer que sejam teus desejos, trarei os romances românticos para preencher as tuas horas com adocicados sonhos... Cante, treine novas peças ao piano, visite lojas, assista concertos, passeie com teu primo e relembrem o bom passado, ouças dele as novidades do mundo e do Brasil e depois conte-me como anda lá aquele país... Mas, minha prenda, rica, muito amada, Juliana é uma questão de gratidão, para mim, e para tia Virgínia. Uma senhora que serve-nos a contento, asseada, apropositada, bem faz os serviços... Por que dispensá-la? Minha rica, ela nada te fez e nos faz muito, apenas é feia, um pouco esquisita também... Mas, isso devia alegrá-la, destaca mais a magnífica beleza esculpida por Deus em tuas faces, em teu corpo...

- Amado, sinto nela um quê de fidelidade a ti, e a teus pedidos, sinto que quando peço - Vá, faça isso e aquilo - faz resistindo às minhas ordens.

- Só impressão, minha rica, um cismar sem proveito nem causa. É o jeito dela...

O cuco cantou meio-dia. Hora de Jorge sair ao trabalho.

- Queres alguma coisa de fora, amor?

- Que não viesse muito tarde.

Beijou-a e saiu cantando: Dio del oro / Del mundo signor / La la ra, la ra.

CENA 2: AS LEMBRANÇAS, EM SONHO...

Luísa aproveitou a saída de Jorge para sossegar à poltrona lendo o final da história de um amor impossível e trágico em A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, onde Margarida Gautier sofria a sua agonia final. Com duas lágrimas a tremer-lhe nas pálpebras cerrou o livro e sonolenta dormiu a sonhar...

Chegava Basílio, rico e belo homem, sedutor cujo olhar e polidas palavras carreadas de imagens e encantos derretiam e atraíam trêmulas de desejos as mais formosas raparigas em torno de si aluaradas de paixão, fascinadas em vã esperança... Entra, oferece à sua mãe, sua tia Jojó, cartuchos de doce, saem ao jardim os dois abrindo a grande porta envidraçada, andam pelos caminhos esverdeados, agacha-se ele, apanha algumas flores escarlates, olha-a atrevido nos olhos e na boca, oferece as flores, a beija...

Acorda Luísa, num susto e gosto ainda nos lábios, pergunta-se:

- Será?! Namorávamos tão inocentemente, tão românticos..., e às escondidas... Se mamãe soubesse... Quanta saudade... A empresa da família de Basílio faliu, ficaram pobres, foram ao Brasil... Da Bahia mandou-me uma fotografia de calça branca e chapéu panamá... Ah, tudo passou, volta refeito Basílio, rico... E nos encontraremos... novamente... Que será?... Levantou-se. Sentou ao piano e pôs-se a cantar Soares de Passos: Ai! adeus, acabaram-se os dias / Que ditoso vivia a teu lado... (E veio vindo mais algumas lembranças...) Três anos passados conheci Jorge... E sem o amar, sentia ao pé dele uma dependência e uma vontade de adormecer encostada ao seu ombro... Que sensação quando ele, um humor gostoso, veio chegando, brincando, e me disse: - Vamos casar, hem!

CENA 3: A VISITA; SUA ÍNTIMA AMIGA D. LEOPOLDINA

(Que a seduz para as delícias das paixões adulterinas)

Veio dizer Juliana:

- Está aí D. Leopoldina.

Luísa ergueu-se sobressaltando surpreendida.

- Heim? D. Leopoldina? Para que mandou entrar?

Pôs-se a abotoar à pressa o roupão. Jesus! Olha se Jorge soubesse! Ele que lhe tinha dito tantas vezes /que a não queria em casa! / Sabia-se que tinha amantes, dizia-se que tinha vícios. Jorge odiava-a. E dissera muitas vezes: Tudo, menos a Leopoldina! Mas se já estava na sala, como mandá-la agora embora, coitada!

- Está bom, diga-lhe que já vou.

Luísa veio para ela com os braços abertos, beijaram-se muito. Leopoldina, 27 anos, um pouco curta de vista, ao sentar-se tinha um tique-nervoso, piscava ligeiramente os olhos. Iniciou por queixar-se.

- Que calor! Venho morta!

- E teu marido? - perguntou Luísa.

- Como sempre. Pouco divertido - respondeu rindo. Mas tenho casos divertidíssimos como o Mendonça. Aliás, estou terminando com ele.

Luísa fez-se ligeiramente vermelha.

- Sim? Por quê?!

Leopoldina deu logo detalhes de Mendonça e dos outros seus amantes, sem poupar as cenas picantes, tinha necessidade de fazer confidências, desabafar, descrevia-os como eram, as suas opiniões e maneiras de amar, copular, os tiques e jeito de portarem-se cada qual nas relações sociais, as roupas..., e a carta de Mendonça temendo continuar a amá-la e ser posto em alguma situação difícil ou fatal.

Luísa às vezes achava sua amiga /indecente/. Desagradava também o cheiro de tabaco e feno: ela fumava. Depois desculpava-a: era tão infeliz com o marido e seus amores amantes!

- E de repente:

- Então, teu primo Basílio chega?

- Assim li hoje no Diário de Notícias. Fiquei pasma e surpresa vendo-me a querer tão logo abraçá-lo... Tanto anos... Basílio traz-me boas lembranças...

- E teu marido? Sempre muito apaixonado? Fazes bem, filha, tu é que fazes bem! O meu!, nem mais conto, estamos em quartos separados, é um grosseiro, o quarto dele é um chiqueiro...

Juliana entrou, tossiu:

- A senhora sempre quer que engome os coletes todos?

- Todos, já lhe disse. E com detalhe, acrescento: hão de ficar prontos à noite na mala de Jorge.

- Que mala? Quem parte? - perguntou Leopoldina, satisfeita.

- O Jorge. Vai às minas, ao Alentejo.

- Então estás só, posso vir ver-te! Ainda bem, tenho tanto por desafogar!

- O quê? Outra paixão? - fez Luísa rindo.

- Desta vez é sério, Luísa, estou amando um rapaz alto, loiro, lindo! É poeta! Diz as palavras com sentimento, expressão clara, dicção maravilhosa...

Desapertou devagar dois botões do corpete, tirou do seio um papel dobrado. Eram versos de um poema de seu amante e amado, leu-os..., comoveram-se...

O relógio do quarto deu quatro horas. Leopoldina atarantada meteu o poema no seio. Tinha de se ir.

- Adeus.

- Adeus?

- Não, que adeus nada, até breve! Agora que Jorge vai em viagem haverei eu, querida, de vir muito.

CENA 4: RETORNO DO MARIDO À TARDINHA

Cinco horas da tarde. Abaixo se ouviu alguém entrar e subir as escadas. Era Jorge. Pôs a bengala a um canto.

- Já sei que tiveste cá uma visita.

Luísa voltou-se um pouco corada.

- Verdade. Como soube?

- A Juliana. Sei que ficou D. Leopoldina por toda a tarde.

- Toda a tarde! Que tolice! esteve dez minutos, se tanto!

Jorge tirava as luvas, calado. Chegando à janela, pôs-se a cuidar de algumas plantas assobiando. Voltou-se alargando impacientemente o colarinho como um homem sufocado:- Ouve lá, é necessário que deixes por uma vez de receber essa criatura.

- Mas foi a Juliana que a deixou... - balbuciou Luísa.

- É necessário acabar por uma vez! Não por mim mas por ti! Por causa dos vizinhos, da decência!

- Já estava acima, coitada...

- Mandasse-a descer. Pedisse à Juliana dizer que se enganara, estavas fora, sem horário de voltar!

- Não pude... Por tantos anos fomos amigas...

- Minha rica, amada de minha vida, todo o mundo a conhece, é um senhora de vícios, de amantes, tutti quanti, uma vergonha a trazer vergonha e até desgraças quem com ela ande ou aceite alguma de suas conversas ou enleios!

- Aquela Juliana... - resmungou Luísa contrariada e com alguma raiva.

- Nem precisava falar-me ela, tudo aqui cheira a feno! Este horrível cheiro de feno!

- Tenho tanta estima a Leopoldina... Criadas juntas, sonhamos um mundo de flores...

- Sei... Desviou-se, porém, a caminhos tortos e de espinhos a sua amiga..., e se a encontro..., na escada ou aqui em cima..., digo-lhe: Por favor, saia, este lar é lugar decente, senhora! Por favor, saia! E não voltes mais!

- Como culpá-la pela vida que tem, pelo vazio de amor em sua casa que não chega a ser um lar, pelas buscas fora da felicidade não encontrada...

- Estás a justificá-la?! Oras, vamos, Luísa, confessa. Tenho ou não razão?

- Tens... Deves ter...

- Ah! Bem! - e saiu furioso.

Mal saiu Jorge, foi Luísa ao quarto dos engomados tirar satisfação com Juliana e explodir sua cólera. Atirou com a porta que estrondou ao patente:

- Para que foi você dizer quem esteve ou quem deixou de estar aqui?!

- Pensei que não era segredo, minha senhora.

- Está claro que não! Tola! Quem lhe diz que era segredo? E para que mandou entrar? Não lhe tenho dito muitas vezes que não recebo a sra. D. Leopoldina?

- A senhora nunca me disse nada - replicou, toda ofendida, pois Luísa realmente nada dissera a esse respeito.

- Mente! Cale-se!

Tal como entrou voltou nervosa ao quarto e foi se encostar à vidraça vendo a paisagem, as plantas, e pensando longe... Será que com Basílio seria assim, ser proibida de receber minha amiga de infância?...

Entra Jorge e a vê absorta:

- Luísa.

- Heim? voltou-se ela com um vago.

- Vamos jantar, filha, são sete horas.

- Vamos.

- Tu te zangaste a bocado?

- Não! Tu tens razão.

- Sim, tenho no que vou dizer-te, minha querida prenda, esta nossa casinha é tão honrada que é uma dor de alma ver entrar essa mulher aqui, com o cheiro de feno, do cigarro e do resto!... Má, di questo no parlaremo piú, o donna mia! À sopa!

---

EM POIS É, BRINCAR O ROMANCE COM CENAS..., E QUIÇA ALGUMA DRAMATIZAÇÃO EM AULA...

E que seja, construir as cenas dos capítulos e encenar em cenários simples em aula, uma brincadeira que talvez faça mais guardar na memória que uma simples leitura: O que se aprende em longo na teoria e leitura, em breve se retém com a prática... (é de um filósofo da Antiguidade esse pensamento)


Autor: sergio carneiro de andrade


Artigos Relacionados


Esqueci A Crônica

Diacronização!

Blindness

A Paz Como Realidade

Tu és...

O Que Um Corpo Senão O Invólucro Da Alma?

Poluição Atmosférica