SIGNOS É MAIS QUE SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO, É TAMBÉM SIGNIFICAÇÃO



SIGNOS É MAIS QUE SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO, É TAMBÉM SIGNIFICAÇÃO

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Ciência Semântica? Ela já existe como ciência? Conforme Ilari e Geraldi (Semântica, 1987, p.6):

/A palavra ciência evoca domínios de investigação claramente definidos, a respeito dos quais os cientistas aperfeiçoaram métodos de análise unanimemente aceitos e elaboraram conhecimentos coerentemente articulados e fiéis aos fatos. Ao contrário disso, a Semântica é um domínio de investigação de limites movediços.../.

Não obstante o objeto de investigação estar aparentemente incerto, Reising pode ser bom candidato a linguísta que mais contribuiu para o surgimento da Semântica ao elaborar em 1825 um início de nova gramática em três partes (Etimologia, Sintaxe e Semasiologia). Michel Breal em 1883 em um artigo lançou o nome /Semântica/ para a nova ciência. Quanto a autonomia e grande revolução da Linguística, cujo termo surgiu em 1826, é com Saussure.

Quanto a tentar entender o objeto ou domínio de investigação da Semântica é talvez ligá-la aos seres, aos entes, idéias, pensamentos, signos, frases significativas contextualizadas...

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SER (qualquer cousa viva ou não viva capaz de ter existência).

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ENTE (ser que existe ou supomos existir, concreto ou abstrato).

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SIGNIFICANTE (parte sensível fisicamente/sensorial do signo, captável e traduzível pela atividade mental humana): é a representação de um ser, um ente, uma idéia, um pensamento. Pode ser percebido como um sinal, um símbolo, uma representação sonora, visual, tátil, gustativa ou olfativa de um ser, um ente, uma ideia, um pensamento.

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SIGNIFICADO (parte não-sensível fisicamente): o ser, o ente, a ideia ou imagem mental, o pensamento por trás do significante.

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SIGNIFICAÇÃO: a compreensão, o entendimento, a consciência e análise do significado pela mente humana. Seja o caso da telepatia, por ex., uma mente humana passaria o significado a outra mente humana diretamente (uma ideia, uma imagem mental, por ex.), sem o significante de permeio, para após o processamente dessa imagem e conexões contextuais a ela relacionadas se obter no cérebro a significação.

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SIGNO: é a relação significante-significado cujo processamento mental gera uma significação após estabelecer as conexões contextuais existentes ou possíveis em relação aos conhecimentos experiênciais ou aprendidos registrados na memória da pessoa captadora do significante (ou significado, se telepaticamente percebido).

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A p.29 da apostila Claretiano de Lingüística I, diz que, para Saussure, signo é "a combinação do conceito a uma imagem acústica" (conceito aí é a própria idéia; e imagem acústica é uma definição introdutória, nocional, e por assim ser limitada a um dos tipos de significantes.)

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Entende-se por idéia a imagem mental de um ser: um homem, um triângulo, Deus.

Conceito é a expressão verbal de uma idéia.

Qualquer afirmação ou negação entre duas idéias ou conceitos é um juízo.

Juízo de existência fala de entes. Juízo de valor fala das qualidades e valores dos entes.

O enunciado verbal de um juízo é uma proposição ou premissa.

Relacionar dois ou mais juízos para se chegar a um novo, por dedução (do geral ao particular) ou indução (do particular ao geral, generalizações, estereótipos), é o processo mental denominado raciocínio.

Raciocinar ou produzir uma seqüência de raciocínios: o pensar.

Pensamento: é o ato ou efeito de pensar, é o processo mental humano que permite refletir (ver em si algo fora, ou si mesmo, e raciocinar sobre), julgar, realizar abstrações, análise (ver o todo em partes) e síntese (montar o quebra-cabeça, unir as partes para compreender o todo).

A característica do homem é ter pensamento contínuo, e expressar pensamentos através de signos codificados em símbolos, sinais, ou frases significativas em um contexto ou enunciado expresso dentro de um grupo social falando uma língua em um ambiente específico, uma enunciação; e interagir, comunicar-se, por essa sua capacidade consciente de expressão: a linguagem humana.

Símbolo: uma representação que dá a entender convencionalmente uma idéia ou ser.

Sinal: representação com ligação direta ao fenômeno. Ex.: uma nuvem escura é sinal de chuva.

Fenômeno: tudo o que é percebido pelos sentidos ou pela consciência.

Segundo Martin Riegel, p.25, "em sentido mais geral, o vocábulo signo designa todo elemento perceptível que evoca outra coisa diferente dele mesmo".

Para Hayakawa, p. 134, "o "objeto" da nossa experiência não é a "coisa em si", mas uma interação entre o nosso sistema nervoso e qualquer coisa que está fora dele". Cada ente no universo é único, todavia, cada ser pensante em experienciá-lo o tem em seu sistema nervoso, não o próprio mas uma imagem mental percebida com as nuances de cada mente, e expressado por significantes vários.

Na p. 135, informa que "o "objeto" que vemos é uma abstração de nível mais baixo, mas ainda assim uma abstração". Porque deixa de lado na representação mental características concretas do ser real, ele hoje e ele amanhã já haverá modificações materiais no ser concreto. E, ainda na p. 135, "aprender linguaguem não é simplesmente aprender palavras: é, antes, relacionar corretamente nossas palavras às coisas e aos acontecimentos que elas representam". Isto é, o significante pode estar inadequadamente atado ao significado gerando uma significação incoerente ou deformada ou inexata do ser.

Na p. 136, "o processo de abstrair é deixar características de fora, é uma comodidade mental indispensável".

Bibliografia:

1. RIEGEL, Martin; Trad. de Marcílio Teixeira Marinho e Newton Belém."Iniciação à Análise
Lingüística".Rio de Janeiro, Ed. Rio, 1981.

2. HAYAKAWA, S.I.; KRÄHENBÜHL, Olívia (tradutora). "A Linguagem no Pensamento e na Ação".
2a. Edição, São Paulo-Brasil: Livraria Pioneira, 1972.

3. COTRIM, Gilberto. "Fundamentos da Filosofia". 4a. Edição, São Paulo, Ed. Saraiva, 1989.


Autor: sergio carneiro de andrade


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