Conhecimento em Platão - Teeteto



Conhecimento em Platão

O questionamento acerca do que vem a ser o conhecimento é algo que povoa a cabeça do ser humano desde suas primícias. Podemos observar que sempre houve a necessidade de conseguir uma resposta que alcance a profundidade desta palavra, ou seja, que traga em si as condições que o termo conhecimento exige.

Um dos primeiros homens a parar para refletir o que é o conhecimento foi Platão, filósofo grego. Para ele, conhecer é recordar, ou seja, acordar idéias que estão escritas em nós desde sempre. Entretanto para que ele pudesse chegar a essa conclusão foi preciso estabelecer uma teoria que opunha ao pensamento que existia na sua época.

Esse dilema de tentativa de derrubar as propostas sobre o conhecimento que não correspondem ao mesmo nos é narrado no dialogo de Platão intitulado “Teeteto”. Neste, Platão conversa com um individuo chamado Teeteto que ocupava lugar no grupo dos “sofistas”. Como os demais sofistas, Teeteto já possuía algumas afirmações sobre o que é o conhecimento, e desta forma coloca-se diante Sócrates, personagem narrado por Platão, para tentar explicar o que é então conhecer sob seu ponto de vista.

No decorrer do diálogo é lançada a pergunta: “O que é conhecimento?” Para a qual são elaboradas três respostas, ambas que não alcançam a expressão universal da palavra e por isso caem por terra.

De acordo com a primeira, conhecimento é sensação, pois para os sofistas não existia outra forma de conhecer a não ser via um dos cinco sentidos: olfato, tato, paladar, audição e visão. Todavia Platão usa de elementos próximos de todos nós para provar que essa afirmação é falsa.

Primeiramente pode-se dizer que nem tudo é percebido através dos sentidos. Sócrates pergunta a Teeteto: “Que cor é esta túnica?” Ao que ele responde: “Branca!” Depois pede que ele feche os olhos e repete a mesma pergunta, ao que outra vez Teeteto apresenta a mesma resposta. Em todas as duas vezes Teeteto obteve a resposta certa, alcançando, assim o conhecimento a respeito da cor da túnica. Contudo, para responder à pergunta pela segunda vez, não lançou mão a nenhum dos cinco sentidos, usando apenas a imagem que havia sido guardada em sua memória. A memória não é um sentido, e assim, através deste exemplo Platão derruba a possibilidade de conhecimento ser sensação, simplesmente pelo fato de que a sensação não alcança todas as formas de conhecimento.

Assim, conhecimento não é sensação porque existem coisas que não cabem à sensação conhecer, ou seja, a sensação é limitada, não pode lidar com coisas extra-sensoriais, por exemplo, a memória. Tudo isso além das diversas coisas que não ocupam o plano material como Deus, o amor, a amizade, a saudade.

Após derrubar esta afirmação de que o conhecimento é sensação, Platão é colocado diante de outra proposição, que em sua essência não passa de uma tentativa de corroborar o que foi dito anteriormente com um complemento que possa lhe garantir uma universalização.

Desta forma, Teeteto afirma que conhecimento não deixa de ser sensação, mas seguida de uma opinião verdadeira, que possa afirmar aquilo que a sensação percebe.

Diante disto, Platão retoma o pensamento de Protágoras, outro sofista que afirma o homem como medida de todas as coisas. Assim, se o homem é, de fato, a medida de tudo todas as opiniões devem ser consideradas como válidas, caindo em um relativismo do que seja a verdade. Por isso é possível afirmar que a opinião não é, de forma alguma, condição para a verdade, ao contrário, é caminho para chegar ao erro, pelo fato de sempre ser falsa.

Assim, conhecimento não é opinião verdadeira, pois a opinião se difere da verdade. Toda opinião é falsa, pelo fato de ser particular, cada um pode ter a sua, tornando-a impossibilitada de ser universal.

Disso vem a afirmação de que o que não é universal não é verdadeiro, e por conseqüência não pode ser considerado como conhecimento.

Como terceira tentativa de provar o que vem a ser o conhecimento, Teeteto diz que conhecimento é opinião verdadeira seguida de explicação racional.

Para esta terceira tese, não seria necessário muita explicação unicamente pelo fato de ser intimamente ligada à segunda. Se não existe a possibilidade de haver uma opinião que seja verdadeira logicamente não se fará possível tecer uma explicação racional a respeito dela. Assim, já estaria descartada a possibilidade de que este argumento fosse relevante.

A partir do momento em que se fizer uma explicação racional de uma opinião se dará chances para torná-la verdadeira, fato que seria impossível. A razão somente é capaz de se referir às essências e não aos corpos. Ao que se pode dizer que a opinião baseada nas sensações jamais poderá alcançar.

As sensações são apegadas aos corpos, ao passo que a razão se desliga do material e se liga com o essencial, ou seja, com aquilo de fundamental que existe no objeto em questão. Por isso não se pode afirmar que uma opinião seguida de explicação racional seja compatível à definição de conhecimento. O conhecimento é conhecimento da verdade, é conhecimento da idéia.

Portanto, como já foi dito no início, para Platão conhecer se resume na idéia de recordar-se, tornando o conhecimento uma forma de rememorar ou acordar as idéias que sempre estiveram dentro de nós desde o dia em que nascemos.

Assim, abordando as três teses elaboradas por Teeteto e destruídas por Platão a respeito do conhecimento chegamos à conclusão do que é o conhecimento sob o ponto de vista de sua veracidade universal. Platão consegue formular um caminho para chegar ao conhecimento que vigora como verdade pelo seu caráter universal. ememorar ou acordar as iddo o conhecimento uma forma eja, com aquilo de fundamental que existe no objeto em questao.rsalisaçao.


Autor: José Reinaldo Felipe Martins Filho


Artigos Relacionados


VocÊ

12 Horas Da Noite

Prisioneiro

Menina Danada

Doce Arma Feminina

CrenÇa Na Ingenuidade

Cara De Pau