O Mestre Paulo Freire



O Mestre Paulo Freire

E impossível falar de educação sem falar no mestre Paulo Freire.Ele revolucionou a alfabetização ao criar o método que ensina algo mais do que associação de letras e sílabas. Sua matéria-prima não era o abedecedário. Era a vida. Para ele, a ação precede o verbo; o sujeito, o predicado; a práxis, a teoria. De pá, Paulo propunha ao pedreiro proferir uma porção de palavras parecidas. Todas extraídas do linguajar cotidiano e do manusear trivial. E a pá transmutava-se em paz, papai, pano, pavio, resgatando o educando das trevas da ignorância.

Paulo não ensinava exceto que educar é amar. Fazia aprender. Não se postava como um provedor dotado de conceitos. Extraía do educando o saber que nem sempre se condensa em livros, mas tece os fios imprescindíveis da vida: culinária, metalurgia, comércio, arte popular. Essa gente, ao pronunciar sua palavra, desvenda a própria cultura. Aos poucos, apropria-se de uma verdade lapidar: não há ninguém mais culto do que o outro. O que há são culturas paralelas, socialmente complementares.

Para o Mestre Paulo Freire,” não existe educador sem o comprometimento do ser do educando, o educando e a razão de ser do educador”. Nele se convergem todas as concepções pedagógicas vividas e contraídas no decorrer do nosso caminho.É preciso termos uma visão holística, amorosa e prazerosa no ato de educar. Já dissera Ruben Alves:”Professores são como eucaliptos tem aos montes.Educadores não. São como os jequitibás quase em extinção”.

É preciso ser educador no sentido claro da palavra. Palavras são prenúncio de existência e pronúncia do mundo. Instauram e restauram o ser, revelam a essência, decifram o mistério. Antes de saber lê-las e escrevê-las, é preciso dizê-las e vivê-las. São tão poderosas que o próprio Deus quis ser Verbo e o Verbo se fez carne, concretude humana. As palavras são maternais. Geram significados e imprimem sentido. Forjam-se em eixos e expressam beleza. Nominam o criado, o inventado, e até o sonhado. Fora da palavra não há salvação.

Para Paulo, de uma simples palavra mãe, terra, enxada ou tijolo, podemos ensinar a decantar sílabas, recriar significados, numa profusão de vocábulos que se cumpliciam em frases, adensando-se em orações prenhes de sentido. Na gramática do educador, palavras são predicados de um sujeito vivo, real, que faz de sua ação sobre o mundo a escrita da vida e o significado da história.

Façamos nossa história com os nossos educandos, para que possamos construir um Brasil mais humano, mais digno, mais fraterno e mais social.


Autor: Lúcio Landim


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