SACRIFÍCIO



Ver-te assim nos braços dela é dor que devo suportar.

Até que morra em mim esse amar em segredo!

Até que toda a poesia abandone esta atmosfera em que vivo mergulhada

E a realidade, enfim, me convença a caminhar por outra estrada.

 

Ver-te feliz me dá alento e também inveja.

Quisera ver-te cabisbaixo e triste a vagar na bruma.

Quisera receber de tuas mãos flores e versos amorosos.

Quisera ver uma lágrima quente descer pela tua face na minha partida.

 

Mas não, tua existência é toda dela!

É dela a mão que acaricia a tua face quando a noite chega.

É dela a voz que te desperta nas manhãs frias.

E serão dela as tuas melhores intenções de amor.

 

Ver-te assim nos braços dela é dor que devo suportar.

Até que o trem apite anunciando a chegada de uma nova estação.

Até que outro passageiro ocupe o teu lugar e eu possa voltar a sonhar.

 


Autor: Nara Junqueira


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