Muita Iniciativa , mas pouca acabativa



Para entender o que acontece conosco , com nosso país, com nossas empresas, neste mundo globalizado ,  que nos impede de decolar,  é necessário prestar atenção na nossa cultura .

Você pode me dizer ok, mas o que é nossa cultura ?

Ora, não só que o que sabemos , mas também como  agimos baseado no que sabemos.

Dia desses, descendo uma ladeira , dentro do veiculo , um amigo  fez a seguinte observação ;

“Vocês notaram a quantidade de casas  neste país , levantadas em tijolinho , que não estão e não serão acabadas ? “.

Todos responderam : “Lógico, o povo não tem dinheiro e o acabamento chega a custar mais caro que a alvenaria básica!!!!!!!!!! “

Lá vem mais uma observação do ilustre perguntador : “ Porque então não desenvolvemos um tipo de construção  mais simples , que custe menos e nos permita acabar nossas casas?”.

Não tivemos tempo de responder , meu amigo logo emendou outra : “ Não será isso reflexo de nossas atitudes , da nossa forma de agir, de nossa cultura ?

Vejam quantos projetos iniciamos neste país , nas empresas , nas nossas vidas e não concluímos.

Não podemos dizer que não temos iniciativas ,  parece-me que temos , talvez , demais , o que talvez não tenhamos é disposição e compromisso com nossos projetos ”.

Alguns dias se passaram e eu fiquei com a pergunta me incomodando .Comecei mentalmente a fazer um inventário das coisas que havia iniciado e não terminado .

Não foram muitas, mas realmente deixei algumas coisas  inacabadas que poderiam ter me proporcionado mais viagens, algumas um pouco mais de dinheiro e outras uma satisfação enorme , como  um livro inacabado ,com mais de cem paginas escritas .Vou editá-lo , mas isso poderia ter acontecido há dois anos.

Tenho colocado essa pergunta nas rodas de amigos e é surpreendente como realmente nos vemos procrastinando decisões.

Sabe o que  é mais difícil?

Encontrar de fato um motivo muito forte que nos tivesse impedido de levar em frente o projeto .

Claro que fizemos uma enormidade de outras coisas , mas essas que deixamos de fazer também poderiam ter sido concluídas se tivéssemos de fato nos dedicado um pouco mais e , principalmente , se as  pessoas envolvidas tivessem também se comprometido.

Sim,  trabalho  em que um grupo está envolvido , torna-se mais difícil de ser concluído.

Deveria ser o contrário , afinal não dizemos que duas cabeças pensam melhor que uma?

Ora pensam, criam , provocam a iniciativa , mas não necessariamente a conclusão.

Dois aspectos saltam aos olhos  :Nossa iniciativa e nossa individualidade.

Isso me faz lembrar os tempos de escola, onde dizíamos que trabalho em grupo era “grupo “.

Nosso compromisso é maior com nossa individualidade do que com a coletividade.

Difícil de entender e aceitar? Não   para quem na época em que era estudante morou em republica.Basta perguntar : Quem tirava o lixo?

Ninguém!!!!!!!!!

Bom,  quando acumulava muito   todos   depois de um enorme bate-boca  para descobrir de quem era a semana .Não faltava iniciativa . Tínhamos  cestos coloridos , sacos plásticos, agora vontade de levá-lo  à lixeira !!!!!!????????????

Isso me faz lembrar uma frase que na  época alguém irado sempre dizia quando as propostas para melhorar nossa convivência  na  republica eram apresentadas  : “Aqui nunca faltou iniciativa , nosso problema é com a acabativa “.

Penso  que deveríamos ter uma atenção maior com nossos projetos e as propostas que nos rodeiam para que os benefícios pudessem atingir a todos e tivéssemos uma cultura mais efetiva e voltada a resultados .

Há um provérbio que diz que toda caminhada começa com o primeiro passo, contudo não podemos negligenciar os demais . Para  que esta seja concluída e cheguemos ao destino é necessário dar todos os passos requeridos no trajeto.

 

Lembra daquela reunião na empresa, no condomínio, do  grupo na escola, ou daquele seminário que você participou e saiu motivado prometendo que no dia seguinte  faria uma revolução com as informações obtidas?

Talvez se lembre não só de uma situação, mas de várias, onde a vontade de transformar o mundo ficou do lado de fora do portão de casa, ou se foi com o banho quente antes de dormir, quem sabe não foi levado pelos sonhos da noite, como também pode ter-se dissipado no caminho do trabalho, não?

Refletindo, você começa a se perguntar o que ouve com aquela vontade toda de fazer algo grande, porque conceitos que lhe  despertaram  de interesses   horas depois parecem não significar nada?

Tudo  naquele momento parecia tão claro,  agora parece que restou muito pouco!

Coletar informações é diferente de aprender. Ler tudo que há sobre os carros de fórmula 1  e as formas de pilotá-lo não o habilitam  a conduzi-lo.

A aprendizagem de fato demanda o comprometimento com a superação, com a mudança de estado, com a mudança de espírito.

Há alguns anos trabalhei com um dirigente que não tinha a menor vocação e, como dizemos popularmente, gosto pela informática. Era  muito difícil convence-lo que os microcomputadores fariam o trabalho pesado e com isso teria  mais tempo para se dedicar a análises reflexões em  seus projetos.

Seguindo a tendência, na época,  um laptop  lhe foi dedicado  e  as mudanças começaram a acontecer. Ganhamos um fervoroso adepto da informática, que agora sim nos dava um enorme trabalho,  querendo aprender que fosse possível sobre planilhas eletrônicas.

Nada mais de falar em formulários de 13 colunas, tão venerado para elaboração dos quadros orçamentários  e somas cruzadas para ter certeza que não haviam erros aritméticos.

Sempre me perguntei que nome poderíamos dar a  essa mudança na forma de ver as coisas? Metanóia. Sim, Metanóia.

Ops, calma , não se assuste , isso não tem a ver com paranóia , não está associado a usuários de droga , nóias , como hoje são chamados, nem tem a ver com paranóia com metas .

A palavra metanóia quer dizer mudança de mentalidade. Para os gregos tem um significado especial como ir além, passar além de , ultrapassar, exceder , elevar-se acima de , transcender. Meta, como acima ou além e nóia, vem de nous, mente.

Podemos considerar metanóia também como transformação do pensamento, mudança de mentalidade, aspectos fundamentais para que as informações coletadas se transformem em aprendizado e, consequentemente,  aplicação prática.

Vamos encontrar na tradição católica essa palavra  com o significado conversão espiritual, penitência, arrependimento, não é nosso foco aqui, mas qualquer que seja seu interesse vale a pena estuda-la e refletir sobre sua profundidade.

O aprendizado pode levá-lo a dois caminhos, adaptar-se  ao mundo em que vive ou provocar transformações neste.

Qualquer que seja o caminho tomado há a necessidade de uma mudança de mentalidade, para entendimento e aceitação dos fatos ou contestação e ação para transformação.

Há um famoso ditado que diz que a mente que aprende se expande e nunca mais volta ao tamanho original.

Isso vale para uma pessoa, um grupo, uma empresa.

Você já notou que em algumas empresas a saída de duas ou três pessoas leva à uma grande desorganização de um processo estabelecido e fundamentado? O  grupo que continua trabalhando não consegue manter o mesmo ritmo, sintonia, organização?

O que garantia a qualidade do trabalho não eram os manuais e procedimentos escritos, conversados, debatidos, mas a mentalidade, a forma como as tarefas eram  supervisionadas e os desvios corrigidos.

O grupo continua com as informações, mas não tem  a mesma capacidade gerativa das pessoas que deixaram a empresa.

Quando os seus projetos não estiverem atingindo os objetivos reflita um pouco e verifique se as pessoas realmente entenderam todo o processo e se não é necessário incentivar e provocar uma mudança de  mentalidade para  captação  das questões e metas colocadas.

Lembre-se, fazer todos os dias a mesma coisa e  esperar resultados diferentes é sinal de loucura, nesse aspecto o entendimento da metanóia pode ajudá-lo a impulsionar seus resultados .

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

Fones (11) 4526 1197  /  ( 11 )  9645 4652

www.postigoconsultoria.com.br

 

 


Autor: Ivan Postigo


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