Propostas Pedagógicas ou Curriculares: Subsídios para uma Leitura Crítica



KRAMER, Sonia. Propostas Pedagógicas ou Curriculares: Subsídio para uma leitura critica. In: MOREIRA, Antonio Flavio (Org.). Currículo:Políticas e Praticas.&.ed. Campinas:Papiros,2003, p.165-183

O presente trabalho tem objetivo de discutir de forma sintetizada o texto Práticas Pedagógicas ou Curriculares: Subsídio para uma leitura critica da autora Sonia Kramer . A mesma propõe a necessidade de uma re-leitura critica sobre currículo ao tempo em que faz criticas consideráveis sobre a sua elaboração a excursão. O questionamento de inicio se dirige aos PCNspois estes são norteadores na construção do currículo escolar.A criação desde não contempla uma ampla e organizada discussão dos temas propostos com a realidade escolar, visto que forma escritos por professores especialistas nas áreas afins mas de forma fragmentada .De acordo com Kramer (2003,p.168) este estudo pretender subsidiar uma analise critica da proposta pedagógica como uma expressão de um projeto político cultural.A reflexão do texto parte do principio da afirmação citada pela mesma(2003,p.169):

"Uma proposta pedagógica é um caminho, não um lugar. Uma proposta pedagógica tem uma historia que precisa ser contada. Toda proposta contem uma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também busca de uma resposta".

Ao evidenciar que toda proposta pedagógica é o caminho, Kramer ressalta as múltiplas formas de construir um currículo, negando assim os modelos prontos e acabados como únicas saídas das políticas publicas que pouco acrescentam para a construção de uma sociedade democrática .As propostas pedagógicas expressam os valores que as constituem ,há uma conexão com a realidade a que se dirige,explicitando seus objetivos e enfrentando seus problemas mais agudos.Silva(2005,p.15) diz;

"O currículo é sempre o resultado de uma seleção mais ampla de conhecimento e saberes, seleciona-se aquela parte que vai construir precisamente o currículo"

Entendemos que a Proposta Pedagógica contem subjacente uma concepção de homem, de sociedade a qual definira o tipo de conhecimento que devera ser ensinado para que aquele individuo venha a torna-se desejável e útil aquela sociedade.Que o currículo contribua para o crescimento de um individua critico acima de tudo.

A sua elaboração deve haver uma desconstrução e reconstrução integrando elementos cotidianos das crianças, jovens, adultos ,docentes e não docentes para a quebra de uma proposta única.Posto que devemos pensar o que é realidade,esta é variável de região a região,município,zona rural e urbana e o Brasil a congrega todas.A palavra heterogeneidade ganha destaque na criação do currículo como elemento importante a qual integra o processo educativo.O mundo continua sendo por nos vistos como uma totalidade,mas uma totalidade muito fragmentada e multifacetada.Não há uma dominação,mas muitas dominações.A realidade se transformou em realidades e a visão do educador precisa modifica-se tanto quanto a visão dos educados.

Kramer ( 2003 ) cita Walter Benjamim (1984) que fala a respeito da realidade e a generalidade desta realidade,este olhar que faz com que enxerguemos a mesma de forma única.Visto que esta nos apresenta em nosso dia a dia sempre de forma contraditória e com especificidades próprias e variáveis.O currículo deve contemplar a heterogeneidade atuando na direção de uma sociedade justa privilegiando os fatores sociais e culturais,entendendo como parte do processo educativo e encaminhado para a construção da autonomia de docentes,crianças,jovens e adultos.Compreendemosque nos homens e mulheres somos seres culturais e devemos assumir estes, também refletimos que não existe receitas prontas na elaboração da proposta pedagógica e que apesar de feitas não garantem o sucesso de execução.Quando o educador opta pela participação na criação do currículo escolar exerce uma autonomia ,existe uma escolha de opções a fazer,caminhar entre o certo e o errado.

As considerações de Kramer (2003) são aceitáveis a medida que nos colocamos como educadores conscientes que dominam aquilo que ensinam,mas sabemos que este fato não ocorre na totalidade entre os docentes. Acreditamos que quem "constrói" e "implanta" o currículo escolar são os profissionais da educação e o professor tem participação ativa e direta neste, pois a mesmo esta inserido na sala de aula e é preparado para trabalhar a heterogeneidade que lhe é apresentada em sua rotina.Cabe pois a este definir e redefinir o que será abordado ou receber o que lhe é entregue pronto.As políticas publicas democráticas deveriam exercer seu papel no sentindo de garantir que as medidas tomadas para a educação fosse de qualidade.A primeira seria a valorização do professor como agente que aplica conteúdos do currículo em sala de aula e em seguida dar condições para que este execute o mesmo.Sabemos que o papel por nos desempenhado é importantíssimo,atuando diretamente na formação de um cidadão, éticos críticos, autônomos e ativos.Somos conscientes desde dever,porem convivemos com inúmeros problemas que afetam centralmente a nossa pratica educativa.Existe um excesso de serviços designados ao Docente que desencaminha o andamento da uma pratica pedagógica de qualidade.A autora do texto gerou em nos um conflito que foi rever nossas praticas,nossa identidade enquanto professor,nossa autonomia quando somos dependentes.Hall (1997,p.43) diz que:

"Identidade somente se torna questão quando esta em crise, quando algo que se supõe como fixo coerente e estável é deslocado pela experiência da duvida e da incerteza"

Na pós-modernidade visualizarmos a carreira docente em crise .O amor pela profissão é caso de raridade,somos uma subclasse desunida que negamos muitas vezes nosso direito de participar na construção do projeto político pedagógico,na elaboração do currículo escolar,participação em conselhos de classe e reuniões de docentes para aceitamos passivamente o que é importo pelos governantes.Se o foco do trabalho docente fosse apenas sua pratica poderia ser que não houvesse mais a ruptura entre a teoria com a pratica educativa,proporcionando assim uma educação de qualidade comprometida com a transformação da sociedade.

O governo teria que ter a consciência que a priorização da educação só ocorre com a valorização do professor e esta priorização se da no momento em que promove qualificação dos profissionais da educação. A medida que é cobrado qualidade no trabalho,deve também oferecer meios para que este trabalho seja efetivado.Gestores da educação não agem assim,capacitação é visto como um favor prestado ao professor negando algo que lhe é de direito. Foucoltut ( 1979) diz que os profissionais se fortalecem na medida em que o domínio de um conhecimento especifico lhe confere a autoridade de formulação do discurso sobre esse conhecimento .

Segundo o autor o direito de fala é uma forma de poder, é o direito privilegiado e exclusivo do monopólio na formulação do discurso implica no exercício da influencia eficaz sobre o individuo. Sendo assim a medida em que temos acesso ao conhecimento mais nos recriamos para trabalhar assim na construção de um educando com identidade própria.

Concordamos com Paulo Freire (1997,p.) quando afirma que educar nunca foi um processo mecânico.Sendo desta forma o professor domina os meios para resolve-los mas com apoio da equipe escolar.Em um outro importante desdobramento do texto Kramer (2003,p.176) nos leva a assumimos a superação da visão genérica de currículo antes contida na nossa pratica,são questionamento diversos para a construção da proposta pedagógica,tais como objetivos,as realidades da educação de crianças,jovens e adultos da localidade em que estão inseridos,a demanda de vagas,metas a curto e longo prazo a serem atingidas,a qualidade no serviço,os mecanismos de ingressos dos docentes no sistema de ensino entre outros.

É uma gama de questões a serem observadas e úteis ao nosso interpretar, pois dizem respeito a construção de um modelo de homem.Esta norteia aspetos de liberdade de pensamento e ações na construção de um currículo e estes aspectos se inter-relacionam entre si em busca de trabalhar em um individuo mais critico afastando o modelo pronto que nos levam a desenvolver praticas repetitivas a automatizadas divorciadas da realidade sócio política do Pais. Percebemos que o desdobramento do texto ativou nossa consciências critica sobre esse complexo tema que é propostas pedagógicas ou curriculares,visto que para Kramer não há uma dissociação entre os dói termos.A mesma nos surpreendeu com necessidade de intervenção que começa desde a criação com detalhes observados durante o processo de construção e execução.Uma proposta de educação baseada em direitos humanos não pode ser reduzida a uma serie de técnicas didáticas ou dinâmicas de grupo e atividades isoladas,nela esta implícita toda uma postura pedagógica rica de ações educativas e vinculada a praticas sociais que expressam atitudes,saberes,comportamentos e compromisso no exercício da cidadania e da vida cotidiana em seus diferentes âmbitos.

Bibliografia:

SILVA,Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do Currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

FOUCAULT, M. "Soberania e disciplina". In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997


Autor: Maressa Nasaré Lima


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