Perfil da Depressão no Idoso



Elisangela Figueira de S. S. Morimitsu[1]

Sirlei Ribeiro Queiroz 1

Eunice Kyosen Nakamura[2]

RESUMO

A depressão é uma alteração psiquiátrica que se reflete através de transtornos de humor, comprometimento físico, funcional e défict no convívio social do indivíduo, gerando declínio na qualidade de vida. Devido ao aumento na expectativa de vida e a mudança de uma população predominantemente jovem para uma população em fase de envelhecimento, surgiu a necessidade de analisar o perfil atual de uma doença que atinge justamente esta, que em breve será a faixa etária predominante no Brasil, aspecto esse associado ao interesse em relatar a incidência de depressão em idosos decorrente da influência genética e do ambiente na psiquê humana. Através de revisão bibliográfica exploratória evidenciou-se que o processo de envelhecimento tem início no dia em que nascemos, mas sua expressão maior ocorre a partir da terceira idade, quando o idoso passa a sofrer modificações bruscas em seu estado físico e psicológico. Essas mudanças bio-psico-sociais geram conseqüências em nível pessoal e social, influenciando na forma de perceber o mundo, estilo de vida, e o estado psicossomático do indivíduo, gerando um quadro de depressão. O trabalho permitiu concluir que a depressão é um problema presente em cerca de 10 a 27% dos idosos quando em ambiente domiciliar, e significativamente maior, ou seja, 25 a 80% em idosos que moram em asilos.

Palavras chave: Depressão, Idosos.

ABSTRACT

The depression is a psychological alteration that he/she is reflected through humor upset, compromising physical, functional and deficit in the individual's social conviviality, generating decline in the quality of life. Due to the increase in the life expectancy and the change of a population predominantly young for a population in aging phase, the need appeared of analyzing the current profile of a disease that reaches this exactly, that soon it will be the predominant age group in Brazil, aspect that associated to the interest in telling the depression incidence in seniors due to the genetic influence and of the atmosphere in the human mind. Through exploratory bibliographical revision it was evidenced that the aging process has beginning in the day in that we were born, but his/her larger expression happens starting from the third age, when the senior starts to suffer abrupt modifications in his/her physical and psychological state. Those social changes generate consequences in personal and social level, influencing in the form of noticing the world, lifestyle, and the individual's psychosomatic state, generating a depression picture. The work allowed to conclude that the depression is a present problem in about 10 to 27% of the seniors, when in they live in their homes and significantly larger, in other words, 25 to 80% in seniors that live at asylums.

Key-Words: Depression, Seniors.

Introdução

A depressão é caracterizada por uma mistura de sintomas psicológicos e físicos, sendo marcada por alterações nas funções do sistema nervoso.1

Nos países em desenvolvimento como o Brasil observa-se o gradativo envelhecimento da população. Estudos revelam que a terceira idade é a faixa etária que mais cresce nos censos demográficos, e de forma proporcional, as doenças decorrentes da velhice, como é o caso das doenças neurológico-degenerativas e as tendências a depressões.2

Estima-se que a depressão que acomete os idosos oscila entre 10 e 20-27%.3

Entre os idosos institucionalizados a porcentagem é de 25 a 80%.3

A Organização da Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025 como a era do envelhecimento, dado o crescimento marcante da fração de indivíduos considerados idosos, com idade equivalente ou superior a 60 anos.4

Ao longo da vida o ser humano passa por diversas fases de desenvolvimento que perpassam a puberdade e a maturidade, culminando com o envelhecimento e a morte.5

O idoso passa a sentir-se profundamente angustiado, devido aos sentimentos de limitações físicas. Em muitíssimos casos, a depressão desencadeia uma ampla variedade de transtornos físicos e funcionais na senilidade. Os próprios sintomas emocionais depressivos se constituem numa das principais queixas dos idosos.3

A depressão no idoso é apresentada de maneira atípica ou indireta, ou seja, encoberta por múltiplas e variadas queixas somáticas e associada a quadros de franca ansiedade. Em menor escala pode surgir alterações do sono, alterações do apetite, reconhecimento dos sintomas psiquiátricos, perda de energia, sensação de culpa, tristeza subjetiva, diminuição da concentração e pensamentos sobre a morte.6

A depressão pode ser diagnosticada ainda através dos seguintes sintomas: falta de apetite, baixa auto-estima, distúrbio do sono, irritabilidade, ansiedade, falta de energia e de iniciativa, déficit de concentração, nos antecedentes afetivos pessoais e familiares bem como no julgamento de elementos sócio-psicológicos associados.

O termo depressão vem sendo utilizado de três formas distintas: pelo leigo para se referir à tristeza e desânimo, sem considerar as implicações patológicas; pela psiquiatria, relacionado ao humor depressivo; além disso, o termo é utilizado para definir uma síndrome a partir de um conjunto de sintomas. Percebe-se, então, que o termo depressão possui diferentes significados em diversos campos científicos:

A análise dos dados sobre depressão, ou quadros com a presença de sintomas depressivos, é invariavelmente dificultada pela imprecisão das definições e da elaboração do conceito que se refere aos quadros clínicos designados como transtornos depressivos ou simplesmente a sintomas chamados depressivos.7

O envelhecimento não se encontra associado com qualquer declínio cognitivo significativo, mas a um grau leve de problemas de memória, os quais decorrem como parte do envelhecimento normal.8

A conhecida relação entre sintomas depressivos e idade avançada tem gerado numerosos estudos, a maioria dos quais, investigam os antecedentes depressivos, episódios depressivos ou distimia na história pregressa do paciente, para identificar sua natureza, e classificá-la entre depressão senil, involutiva, pré-senil, etc.6

Um dos mais adequados modelos de abordagem da depressão na terceira idade é o modelo bio-psico-social, que leva em consideração aspectos sociais, psicológicos e orgânicos a que está submetido o idoso.

Do ponto de vista vivencial, o idoso está numa situação de perdas continuadas; a diminuição do suporte sócio-familiar, a perda do status ocupacional e econômico, o declínio físico continuado, a maior frequência de doenças físicas e a incapacidade pragmática crescente compõem o elenco de perdas suficientes para um expressivo rebaixamento do humor. Do ponto de vista biológico, na idade avançada são mais incidentes os fenômenos degenerativos ou doenças físicas capazes de produzir sintomatologia depressiva.

Assim, embora os fatores bio-psico-sociais agravantes possam ser ocasionados pelo rebaixamento do humor na idade avançada, suas causas reais podem não ser muito evidentes. A classificação tradicional faz diferenciação entre depressão reativa, depressão secundária e depressão endógena.3

Há muita divergência quanto à classificação da depressão em idosos poderia ser considerada reativa; poderia igualmente ser secundária às condições físicas debilitadas e, finalmente, pelos eventuais antecedentes, poderia ser endógena. Nos adultos jovens esta confusão causal é menor, pois os aspectos do entorno existencial estão mais claramente definidos.6

quadro 1 – causalidade da depressão no idoso


Autor: elisangela figueira de souza e silva morimitsu


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