O Ideal E O Real Na Formação Do Administrador



O Ideal e o Real na Formação do Administrador em Face das Novas Diretrizes Curriculares: O Caso de IES em Goiás e Mato Grosso do Sul.

RESUMO

O presente artigo tem como finalidade apresentar o resultado da pesquisa realizada em IES de Goiás e Mato Grosso do Sul, que culminou em dissertação do curso de mestrado em ciências da educação da Universidade Católica de Goiás, orientada pelo Professor Doutor José Carlos Libaneo, no intuito de averiguar até que ponto os projetos pedagógicos das instituições pesquisadas e as práticas pedagógicas de seus docentes, estão em consonância com o que está proposto nas diretrizes oficiais enquanto expressão da posição de especialistas na área e suas interfaces com as demandas de mercado em relação ao perfil esperado do administrador.   

Palavras-chave: currículo; ensino; aprendizagem; prática pedagógica

O IDEAL E O REAL NA FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR EM FACE DAS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES: O CASO DE IES EM GOIÁS E MATO GROSSO DO SUL.

INTRODUÇÃO

O ensino de administração de empresas, em nível superior, tem sido caracterizado como aquele que prepara um profissional apto a gerir recursos, a liderar pessoas, a tomar decisões, a acompanhar e controlar os processos de trabalho, visando assegurar às organizações a realização de seus objetivos e resultados. O papel das escolas de administração de empresas é, precisamente, o de assegurar a formação de administradores, provendo-lhes as condições de atuação profissional competente, pautada na ética, na valorização do ser humano e na busca constante do autodesenvolvimento, expresso na atualização profissional constante, no desenvolvimento da criatividade e uma visão crítica da realidade.

Trata-se, portanto, de ampliar os horizontes da formação profissional. Em relação à formação intelectual, as instituições formadoras precisam investir na assimilação dos conteúdos científicos, mas, principalmente, precisam ajudar no desenvolvimento da capacidade de pensar e nas habilidades de resolver problemas de forma científica. Todavia, precisam contribuir para a formação de um profissional compromissado com a ética, com capacidade de tomar decisões em que estejam presentes valores humanos, com habilidades no relacionamento com as pessoas, e com capacidade crítico-reflexiva para lidar com os desafios da profissão. O desenvolvimento dessas competências1 torna-se mais premente quando se verifica, por um lado, a grande competitividade existente hoje, decorrente das mudanças sociais e econômicas do mundo globalizado, da modificação dos processos de produção, do surgimento de novos estilos de gestão empresarial, tudo isso implicando em novas necessidades de qualificação profissional e, por outro, da responsabilidade social que mobiliza os empreendimentos econômicos na sociedade contemporânea.

É óbvio que essas exigências se projetam nos objetivos de formação profissional de administradores. No sistema de ensino brasileiro, presume-se que elas estão presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Administração de Empresas, organizadas e formalizadas pelo Ministério da Educação. Formuladas com a colaboração de especialistas e dirigentes universitários, elas constituem-se em parâmetros para as instituições de ensino desenvolverem seus projetos pedagógicos, seus currículos e processos de formação profissional.

Como se sabe, é sempre necessário verificar se os projetos concebidos como orientação geral são, efetivamente, viabilizados na esfera da execução. No caso das Diretrizes Curriculares, é preciso saber como se mostram nos projetos pedagógicos da instituição formadora e, principalmente, como se evidenciam no currículo e nas metodologias de ensino. É presumível que as coisas não aconteçam na prática com a mesma clareza com que objetivos e metas aparecem nos documentos oficiais. Então, há que se verificar se as escolas estão realmente formulando seus objetivos, organizando seus currículos e se adequando pedagogicamente para responder às demandas formativas atuais tal como aparecem nas Diretrizes Curriculares.

Parece-nos relevante, portanto, investigar as instituições formadoras e saber como estão se dando nelas as práticas de ensino reais, isto é, os métodos e procedimentos, os processos de aprendizagem envolvendo professor e aluno, as formas de avaliação, na busca de uma formação condizente com o perfil esperado do novo profissional de administração de empresas.

É verdade que cresce cada vez mais, no Brasil, a oferta de cursos de Administração, mas é preciso avaliar o nível de qualidade desses cursos. Não somente a qualidade, vista sob a ótica do mercado, mas a qualidade no sentido de que a formação acadêmica seja um agente transformador do indivíduo e da sociedade.  A preocupação maior reside no fato de que surgem a todo o momento novas instituições de ensino superior, sejam faculdades, sejam centros universitários, ou até mesmo, universidades, colocando à disposição da sociedade, uma infinidade de cursos, subdivididos em habilitações específicas dentro da área da administração de empresas, o que em princípio demonstra a afinação com os interesses da sociedade e do mercado, sem, contudo, garantir uma formação crítica e reflexiva, que torne o futuro administrador capaz de tomar decisões, resolver problemas e atuar de maneira pró-ativa em favor do interesse real das organizações e da sociedade.

As instituições formadoras, sem dúvida, estão a serviço do mercado. Muitas delas, todavia, vêem pela frente apenas esse objetivo, sem preocupação com uma formação cientifica e ética mais sólida. Na verdade, restringem o ensino à formação do técnico, capaz de repetir fórmulas prontas e procedimentos estereotipados, sem capacidade crítico-reflexiva, inclusive para fazer frente a fatos imprevisíveis dos processos de gestão. Com isso, essas instituições se adequam no sentido de oferecer aos alunos instalações equipadas com os mais diversos recursos multimeios, investem no espaço físico, mas deixam a desejar nas questões relacionadas com o ensino e aprendizagem na sala de aula, com a formação pedagógica dos professores-formadores.

Constata-se que as Diretrizes Curriculares são avançadas, contemplam as demandas sociais e mercadológicas, mas como isso acontece nas salas de aula? Como o professor, através de seus métodos, lida com os conteúdos, de forma a serem efetivamente internalizados ou apropriados pelos alunos, e não apenas memorizados? Como esses conteúdos, se internalizados, são assimilados numa perspectiva crítica e reflexiva? Como esses alunos desenvolvem seus processos de aprendizagem e internalização dos conhecimentos? Em que grau as Diretrizes Curriculares, o projeto pedagógico, os planos de ensino e, principalmente, os processos de ensino e aprendizagem na sala de aula, estão, de fato, respondendo às demandas formativas profissionais, mercadológicas e éticas, postas pela sociedade contemporânea?

Com o intuito de buscar respostas a essas indagações, foram escolhidas para a pesquisa três instituições privadas, sendo duas localizadas no Estado de Goiás (Faculdade Padrão em Goiânia e FACER, no município de Rubiataba) e uma no Estado do Mato Grosso do Sul (UNAES, localizada em Campo Grande), cujo trabalho culminou em dissertação de mestrado, do curso de mestrado em ciências da educação, da Universidade Católica de Goiás.

O trabalho desenvolveu-se na forma de um estudo de caso, considerando as orientações metodológicas para esse fim em que foram utilizados os seguintes procedimentos: a) pesquisa documental e levantamento histórico de dados referentes à formação do administrador, tais como: a história do curso de administração, as diretrizes curriculares, o projeto pedagógico da instituição, as grades curriculares e os planos de ensino; b) entrevistas com coordenadores de ensino; c) questionários respondidos por alunos e professores; d) observação de aulas e seminários; e) grupo focal.
Autor: Orlando Rodrigues


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