OS POLÍTICOS E SEUS DISCURSOS DISSIMULADOS.



Atualmente é muito comum ouvirmos enunciados políticos que supostamente visam atender às necessidades do povo de um modo geral, assim entendemos que a competência linguística é capital simbólico no campo da política e um fator preponderante na manutenção do poder dos profissionais desta área.Ao utilizar a língua oficial o enunciador busca o reconhecimento e a valorização de suas falas.

A competência linguística pode inserir o indivíduo num campo, e pode mantê-lo em sua posição legítima. Porém é importante explicitar que compreendemos enunciação apartir de Koch (2000, p113) quando define enunciação como: "um evento único e jamais repetido de produção de enunciado. Isto porque as condições de produção (tempo, lugar, papéis representados pelos interlocutores, imagens recíprocas, relações sociais, objetivos visados na interlocução) são constitutivas do sentido do enunciado" sendo assim não é apenas um instrumento de comunicação. A visão bakhtiniana de que o homem é um ser sócio-histórico e que se constitui na interação com o outro através da linguagem, especificamente através dos gêneros discursivos nos faz perceber que falar não é apenas comunicar algo e sim produzir sentidos, produzir identidades, imagens, experiências. Logo o discurso político, sofre imposições internas e externas a seu campo. O enunciador tem que levar em consideração seus concorrentes e correligionários políticos, e também agradar ao povo. Os discursos oficiais e os discursos informais de um profissional político demandam sempre atenção de seu enunciador, cuidados ou desatenções em relação a qualquer tipo de discurso podem decidir entre a manutenção do poder e a privação de todos os privilégios garantidos por ele. Logo nos preocupamos com a identidade que o sujeito parlamentar adota durante sua vida no cenário político, ou seja, "posições do sujeito" (Hall, 2000: 17), isto é, o reconhecimento, a auto-avaliação e a autodecifração do sujeito. (Fischer, 2000); enfim, consideramos que identidade são os modos de ver, de tocar/pegar, de ouvir, de sentir e de saborear, que estão imbricados aos modos de ser, de fazer, de julgar, etc., do sujeito - aqui, os modos de ser, de pensar e de fazer do político. Compreendemos também que os enunciados são construídos através de palavras, sons e imagens e são usados como estratégias de persuasão, com o qual podemos manipular palavras, sons e imagens favorecendo a nossa "intenção" de sentidos. E como o as marcas deixadas por nossos "amigos" políticos são sempre as de bom moço, nos reportamos a Maingueneau (2005), para entender o que ele fala sobre "ethos" que é a auto-imagem de um "eu" projetada discursivamente, ou seja, aquilo que é característico e predominante nas atitudes, falas e sentimentos dos indivíduos.

Porém é necessário entender que a grande maioria desses discursos são apenas discursos vazios e retóricos dos políticos que buscam manter ou conquistar o poder e não se preocupa em criar uma consciência de si mesmo, e muito menos do mundo que o cerca. Determinado a realizar suas ideias, constrói sua verdade e faz com que o mundo se apresente de maneira particular.A verossimilhança, mascarada pela sátira, fez com que discursos políticos desconstruíssem a realidade e construíssem e reconstruíssem suas próprias determinações, alheias as reais condições do povo, e o que a grande maioria ainda não entende é que nós detemos o poder. Como dizia Jean Piaget "nós somos capazes de obedecer a uma regra a partir do momento que descobrirmos o valor dessa regra". Se não percebemos a verdadeira importância do nosso voto e como devemos ser criteriosos na escolha do nosso representante ficaremos a mercê de políticos que discursivamente preparados conseguem ainda nos ludibriar com suas falas enfeitadas e bonitas.


Autor: Robson Silva


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