Malabarista da vida!!!



Você já viu a cidade de cima da laje? Então veja com os meus próprios olhos!!!!

Malabaristas da vida

Daqui de cima da laje se vê a cidade! A visão é tão triste que meus olhos se enchem de lágrimas e o meu coração se contorce em dor. As imagens são tão horríveis e dói, a tal ponto que só mesmo o Pessoa poderia ficar imune aos efeitos por já tê-las imaginadas e fingidas essas mesmas dores já antes sentidas pela sua poderosa poética.

A sensação que produz e a de como quem vê, por um vidro, o que se passa dentro de uma bolha. Aquele corre-corre em contraponto a estaticidade do ser humano. Seguem guiados pelos seus circunstanciais que por sua vez atuam sem dó nas feridas vivas e alimentadas pelo descaso do tempo por todas as gerações anteriores. Essa massa agora eclode em explosões que sacodem nas entranhas da sociedade e as devolvem como brinquedos feitos em séries, similares a um bilboquê - Lei da física: ação e reação.


O que escapa da mão e o que fica nessa mesma mão desses nossos governantes produz nessa aglomeração de exilados e de excluídos um abandono urbano. É o ser humano esquecido nas gavetas, feito projetos sem a importância e como dividendos indesejáveis são descartados e, com certeza, continuará amargando a sua estada nos ônus dos descasos políticos da nossa nação. Um desconsolo para os demais


Uns exilados de um lado da realidade: o da perdição e da diluição da dignidade. Marginalizados e vilipendiados pela política social do meio urbano, que cobre os que já tem cobertor e tiram de outros o pano que já eram curtos e o atiram nas ruas, pontes e viadutos sem lenços e sem documentos e ainda os revelam em discursos como uma vítima de sua própria decisão! Um desconsolo para quem vê e ouve!


E, outros reféns sem resgate da própria tensão, sem dar conta da realidade tornam-se vitimas da criminalidade e mais tarde a mercê da fragilidade são levados a assumir postos de soldados dessa ilegalidade legal. Nós a flutuar na brisa em cima da laje como duas sociedades: ora a que ganha e ora a outra que paga.


Quando de noite as pupilas da pedra dilatam a visão dopada, surgem andarilhos deformados e em contingentes inconscientes caminham com o corpo em permanente dormência a mercê da frieza social. As últimas energias reclamam por substâncias químicas que as levem ao sonho do passado, mesmo que o sonho se transforme em pesadelo dentro de uma cadeia, de uma penitenciária ou no endereço de um jazigo de um cemitério qualquer. Este último normalmente é o seu fatal destino. É para lá que vão os entulhos humanos desta sociedade que paga em dia o seu tributo com sangue.


Os anjos partem armados para matar ou morrer, mais para a colisão com a morte do que para a outra. Morrer, para eles, é apenas um detalhe. Ela já foi decretada pela sociedade que recebe. Já estão mortos apenas não estão residindo no campo santo, que também já não é tão santo como já foi no passado, uma vez que em algumas cidades já funcionam como redutos das próximas vítimas de bala militar perdidas ou achadas.


Em bondes do mal saem forçados pelo poder do ópio e do oculto e empurrado pela necessidade de sobrevivência e se espalham nas estações da vida urbana e de lá partem a desfilar em forma de saques, roubos, passando pelas bebidas e comidas, para depois amar, estuprar, matar e morrer. E agora como notáveis conseguem num ato extremo atrapalhar, morto, o trânsito vivo numa das avenidas das duas sociedades. Alguém já disse isso leitor, lembra-se!


Daí, eu penso naqueles que rezam de porta em porta, de ruas em ruas, de pontes em pontes para levar conforto em forma de palavras para os que gritam de fome de alimentos, que os sustentem os seus físicos e, só a partir daí, conseguir entender o a palavra e dela tirar o outro sustento para mudar, mesmo que internamente, essa realidade. É dessa sociedade que sai, com sangue, o tributo daqueles projetos engavetados pelos entraves interesseiros de nossos partidos políticos.


E nesses que matam também penso! Não tem como não pensar! Eles fazem partes dos poderes constituídos legais ou não! São eles que detêm a força da arma letal. Sejam elas: as próprias mãos; as brancas; as de fogo ou até o genocídio pela caneta. Principalmente naqueles que matam sonhos e ilusões nos bancos escolares e os assassinos representantes desses mesmos votados sonhos em qualquer instituição das sociedades: da que ganha e da que paga.


Deus e o diabo disputam a terra do sal. Uma luta desigual na qual já se sabe quem é o perdedor: o ser humano. O único animal predador de seu semelhante. Cego pela ganância não se apercebe que além de flores, nada mais vai dentro da sua embarcação final. Pode até ouvir salvas de tiros, orquestras entoando hinos, palavras bonitas lidas em sua despedida. A natureza levará, com o vento, os sons das salvas e dos hinos e das palavras, os germes destruirão o registro no papel e os mesmos germes darão conta da carcaça. Tornar-se-á pó e a devolverão as origens de onde exatamente veio: do pó! Nem o sal do corpo escapará. Diluir-se-á na terra.


Também penso nos malabaristas do sinal vermelho, aqueles que vendem limão, chicletes e outras bugigangas. Ali são vistos como insetos horripilantes e, por serem assim, repelidos e até rechaçados do local ou até mesmo sacados de seus postos de sobrevivência pelo sistema vigente. Pois é nesta situação que nos vidros fechados dos carros descobrem quem são!!


Uns, justiceiros reclamam o seu quinhão, outros pagam com a vida sua porção, todos são excluídos na grande cidade!
Assim escreveram os poetas da música João e Francisco Bosco eu, apenas, proseei!!

(Ademar Oliveira de Lima)


Autor: Ademar Oliveira de Lima


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