Ensino de Ciências Naturais e as Concepções Alternativas



A compreensão dos processos de construção dos conceitos científicos teve como principais referenciais teóricos e epistemológicos os trabalhos de Jean Piaget e a teoria da Aprendizagem significativa de Ausebel. Segundo essas teorias o processo de construção de conceitos em sala de aula é resultado da interação do sujeito com o objeto de estudo. Um novo conceito seria ancorado a esquemas conceituais já existentes na estrutura cognitiva do sujeito, de modo a transformar o conhecimento ou esquemas já existentes em um conhecimento novo.

As concepções denominadas "prévias", "alternativas" ou "espontâneas" são semelhantes para pessoas de diferentes faixas etária, ambientes culturais e estão organizadas com grau suficiente de coerência interna, o que as toma muito resistente às mudanças. Essa resistência pode levar o aluno a rejeitar as concepções cientificas ou sentir excluído do processo educacional projetando a ciência como algo distante e desvinculado da sua vivência.

Foi somente na década de 80 que o ensino de Ciências Naturais passou a dar ênfase na construção do conhecimento pelo aluno, o que significa mudanças no processo ensino aprendizagem, passando a questionar as metodologias de ensino que preconizavam apenas a memorização de fatos. Essa tendência pedagógica foi caracterizada como construtivista porque pauta-se na interação "professor, estudante e conhecimento" resultando em novas aprendizagens docentes e discentes.

As discussões pedagógicas derivadas dessa corrente epistemológica fizeram uso de conhecimentos relativos à psicologia para realçar a existência de conceitos espontâneos ou pré-concepções. No campo da educação em Ciências Naturais apontou-se a importância de fundamentar o ensino a partir das concepções e conceitos dos alunos acerca dos fenômenos naturais.

Apontou-se então, a necessidade da prática educativa partir das idéias previas dos estudantes para se chegar a visão cientifica atual. O professor deveria atuar então, como mediador da aprendizagem promovendo conflitos cognitivos que fomentariam a revisão das concepções e práticas. Assim, permitiria que os estudantes questionassem a coerência de suas percepções diante do fenômeno analisado.

Os pressupostos básicos da aprendizagem por mudanças conceituais são: a aprendizagem ocorre a partir do envolvimento do aluno com a construção do conhecimento nas quais as idéias iniciais dos alunos exercem função importante no processo que toma como ponto de partida o conhecimento que o aluno possui. Considera-se que as concepções do mundo que a criança tem são fundamentais na explicação do modelo que está sendo criado ou experimentado. Portanto, o conhecimento prévio que ela traz consigo é muito importante, pois ela precisa comparar o modelo ao mundo real para se certificar que suas concepções espontâneas a respeito do assunto que está sendo modelado têm fundamento ou não.

Outro pressuposto dessa teoria é que, ao longo de sua história os seres humanos têm construído modelos da realidade como maneira de possibilitar a sua interação com essa realidade. A ciência é resulta da adoção de um modelo explicação da realidade. Como a ciência integra diversos campos do conhecimento, foram criadas diversas ciências (humanas, sociais, naturais, exatas, etc), cada uma com referenciais metodológicos específicos. Desse modo, a humanidade vem construindo um cabedal de conhecimentos científicos que tem sido transmitido através dos tempos.

Concebe-se "modelos" como representações de nosso pensamento a respeito de um mundo real ou imaginário. Servem tanto para expressar o que pensamos a respeito de algum fenômeno como para modificar o que pensamos sobre ele.

Para explicitar um modelo mental, ou seja, explicar experiências e conhecimento sobre determinado domínio, pode-se usar diferentes maneiras de expressar as idéias, dependendo do ponto de vista de quem vai expô-las.

Embora não se possa negar o valor dessa corrente pedagógica para a educação, é necessário destacar aqui algumas das principais críticas que ela vem sofrendo.a essa orientação para o ensino de ciências naturais foi a de que as evidencias contrarias não era vista da mesma forma por professores e alunos e a mudança conceituai não era garantida.mesmo mediante o conflito cognitivo, devemos considerar que os alunos esquemas conceituais plurais.

A explicação que os alunos dão as coisas da natureza devem ser analisados não tanto no sentido de que elas são semelhantes ou diferentes das explicações cientificas para a natureza, mas a luz do pensamento desses alunos. Outro ponto falho e o de que a mudança conceitual não estimulava os alunos ainvestigar o fato.

Com a constatação de que não bastava apenas a mudança conceitual, mas levar em consideração que os conceitos que os alunos possuem estão associados à forma própria de lidar com os fenômenos naturais. Passou a ganhar destaque. A superação da metodologia da superficialidade requer a mudança metodológica e atitudinal dos alunos. O grande desafio e proporcionar aos alunos atividades que o aproximem do fazer ciências, enfrentando problemas reais e procurar soluções para eles partindo de seus conhecimentos prévios e no decorrer irão surgir idéias novas que certamente irão surgindo à medida que caminham num ciclo investigativo.

Em suma, entendo que o ensino de Ciências Naturais não objetiva transformar crianças em futuros cientistas, mas sim, formar pessoasque sejam capazes de utilizar conhecimentos científicos para explicar, como consciência, fatos que acontecem no seu cotidiano incluindo a dinâmica do seu corpo. Por essa razão, as aulas de Ciências Naturais não podem apenas se resumir a conteúdos dados sem que os alunos saibam sua função e aplicabilidade. Elas são um espaço privilegiado para que os estudantes e professores possam desenvolver as noções e idéias que tem do mundo a seu redor e de si próprios.


Autor: ANA PAULA FERREIRA DA SILVA


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