Isso é um eu morro, um morro...



- Ôxenti, ele é um cabra! Um cabra maaaacho que só se vê se teme!!

- E o queijo do leite da sua cabra que me prometeste mês passado, então, vai sair? Só de pensar, é água na boca! Ô queijo bom!!

- Morro de saudade de voltar à minha terra!... Subir no morro da fazenda e ver longe aquela imensidão de terras...

  E foi chegando o cabra em trajes Virgulino cangaceiro...

- Que falam aí, é de Lampião?! E que me olhas seu homem barata! Tu não é macho não, é uma barata que se pisa feito capacho, e se mata quando se quer. Cabra macho sou eu, Zeca Diacho Virgulino, em Sucupira todos me teme! E se quiser ver, puxo a peixeira!

- Homem?

- E duvida!?

- Só é homem quem vence a gincana municipal de Morro Grande, e vai ser nesse domingo.

- Então vou lá me inscrevê. Sou macho e forte e topo qualquer parada!

- É em dupla... Pra vencê há de levar junto um velho...

- Um velho?... E onde encontro um velho forte assim como eu?...

- Tem o Osmarino Fabiano, rijo como uma rocha, e como ocê, metido a grande valente e caçador de onças...

- Osmarino!? Bem lembrando, vou lá buscá e vámu vencê!

(...)

 - Ô, velho, vê se anda, temos que chegar lá em cima antes do anoitecer!

 - Calma, seu menino, minhas pernas estão amarrando, e essa subida me mata, eu morro antes que chegue lá.

 - Larga de moleza, homem, morre nada, tu é rijo feito rocha, morro eu de te esperar nessa vagareza! Tamo atrasado, não vê!

 - Então vá na frente..., e avise que o velho tá chegando..., ufa!, já me farta até ar...

 - Gingana de prêmio bom, de se vê e pôr no bolso. Vitória é certa, falta pouquinho pouquinho. Já vejo mesmo o que vou comprar, ter para me agradar... Então vá, levante, tenha fibra, cabra, força!

 - Não posso..., nem passo mais sinto em dar, vou parar, descansar um tantinho..., tomar..., tomar fôlego...

 - Deixa de ser homem froxo e molenga, sô! Vámu, o prêmio só vão dá se chegar nóis dois lá no alto e na hora certa: támu na frente, não vê!?, já deixámu outras dupla pra trais...

 - Então me leve, carregue um tanto esse velho nos braços... Homem dos diachos, tu é forte...

 - Se te carrego nem eu chego!, morro antes de ver nossa vitória..., e o prêmio... Ande, vámu, já tô vendo outra dupla alcançando nóis!

 


Autor: sergio carneiro de andrade


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