Sabedoria Heraclitiana




SABEDORIA HERACLITIANA

Wállison Rodrigues da Silva[1]

RESUMO: Heráclito foi um filósofo Pré-Socrático, que viveu entre 540 a.C. – 470 a.C. Procura responder as questões relacionadas ao movimento, à alma, o fogo, que seria o devir. Recebeu o titulo de obscuro por escrever e dizer determinados assuntos que eram de difíceis compreensões.

PALAVRAS-CHAVE: Alma, Fogo, Movimento, Obscuro.

A filosofia surgiu no século VI a.C. na Grécia, "estuda as causas primeiras de todas as coisas", com este novo método de raciocínio, que era diferente do mito, que não buscava a explicação lógica das coisas. Pitágoras foi quem deu origem a palavra filo-sofia, que significa amor pela sabedoria.

A filosofia é distinguida de qualquer outra forma de saber por que estuda toda a realidade ou pelo menos procura oferecer uma explicação completa e exaustiva de uma esfera particular da realidade. (MONDIN, 1926, p.08)

Segundo Reale o conteúdo da filosofia é explicar a realidade sem limitar partes, explica a totalidade das coisas. O método verdadeiro da filosofia é explicar, de forma racional a totalidade das coisas, pois vai além das experiências e do fato, assim é diferenciada das ciências particulares. Tem-se, como fim da filosofia, o conhecer e contemplar a verdade.

O homem tem, por natureza, a necessidade de pensar, assim respondiam os antigos. Escreve Aristóteles: "Por natureza, todos os homens aspiram ao saber". (REALE; ANTISERI, 2003, p.12)

Em 529 d. C., o Imperador Justiniano mandou fechar todas as escolas pagãs e dispersou seus seguidores. Neste tempo, surgiram vários períodos, dentre eles temos os pré-socráticos que caracteriza o problema da physis e do cosmo, entre o século VI e V a.C. No confronto da leitura barroca e da leitura contemporânea atribuiu a Heráclito de Éfeso (Cerca de 540-470 a.C.) o caráter altivo, misantrópico, e melancólico.Pouco se sabe sobre Heráclito, mas, sabe-se que ele desprezava as pessoas da polis, e recusava-se cuidar dela; escreveu um livro com o titulo: "Sobre a natureza" do qual hoje só se possui fragmentos.

Heráclito, em seus fragmentos, parece ser fácil de compreensão, mas, realmente as pessoas não eram capazes de compreender o que ele queria dizer; assim, foi considerado "O Obscuro" pelas pessoas não serem capazes de entender seus escritos e o que ele lhes dizia. Mas a quantidade de fragmentos que possuímos será suficiente para termos uma ideia de como foi este filósofo.

O pensamento de Heráclito a respeito do movimento:

As coisas estavam em constante movimento, pois era percebível que alguns nasciam, cresciam e morriam. (Reale; Antiseri, 2003, p.12) Heráclito tem como pensamento fundamental de sua filosofia o movimento, que logo ficou na fórmula panta rei[2].

Heráclito afirmava que "em um rio não se pode entrar duas vezes no mesmo [...]." (HERÁCLITO, 2000, p.97) As águas desse rio nunca serão as mesmas, pois elas se passam e sempre serão novas.

Quando se entra em uma água em um determinado momento, esta se constitui como nova, e percebe-se que depois de um segundo, ainda ela é nova, por que as águas não estão em um movimento cíclico, onde que, sempre é a mesma água que "vai e volta" para o mesmo lugar de origem, e assim continua o tempo todo. Mas, mesmo se estivem neste movimento cíclico, o tempo que havia entrado na água, seria outro diferente. Ao olhar para nós próprios, podemos ver um defunto. Pois estamos em mudança, não seremos imortais, temos por natureza essa transformação, e depois de morto, isto se transformará em adubo e nascerá capim, depois poderá ser comido por uma vaca, e deste alimento virá-a-ser leite que servirá de alimento também... E assim a mudança está presente em tudo, e tudo é mutável de forma contínua, aonde que esta mutação nunca chegara ao término.

Nós próprios somos e não somos, pois, o que acabou de ler este texto não é o mesmo de quando o iniciou. "Percebe-se que para Heráclito isso é valido em toda a realidade" (REALE;ANTISERI, 2003, p.23), pois tudo o que está em nossa volta está em movimento.

O pensamento de Heráclito a respeito do fogo era que o fogo é símbolo de grandes transformações.

A arché não é a água, nem o ar, nem o apeíron, mas o devir: "este mundo nenhum deus nem homem algum produziu, mas sempre foi é e será o fogo eterno e vivo que ora acende e ora se apaga". (HERÁCLITO, 2000, p.90)

O fogo parece ser algo estável, mas realmente é uma mudança contínua, que, na medida em que se tem o fogo, algo tem que se consumir e nunca se consome no mesmo local, sempre em outro diferente, assim determina-se que o fogo é uma eterna mudança; às vezes pequeno ou às vezes grande, nunca se consome no mesmo local, sempre em outro diferente, assim determina-se que o fogo é uma eterna mudança; às vezes pequeno ou grande, mas nunca igual.

Como diz Heráclito a respeito de seu deus: "Com efeito, o fogo está continuamente em movimento, é vida que vive da morte do combustível, é contínua transformação deste em cinzas, fumaça e vapores, é perene necessidade e saciedade" (REALE, 2004, p.23). È necessário que um morra para o outro viver; percebe-se ser impossível que se tenha um livro, sem que desmate uma arvore para a sua fabricação, da mesma forma, é a vela, para a obtenção do fogo é necessário que ela se consuma. Afirmou Reale ao escrever sobre Heráclito que fogo é símbolo da "sabedoria única" da "razão universal".

Para Heráclito, a alma seria o fogo, porque "identificou a natureza da alma com a natureza do princípio" (REALE, 2005, p.70). "Limites de alma não os encontrarias, todo caminho percorrendo; tão profundo logos ela tem". (HERÁCLITO, 2000, p.92) Nesse fragmento 45, percebe-se que Heráclito, diferencia a alma do corpo, pois ambos possuem propriedades diferentes.

A alma é algo que não possui limites e nem fim. É contrario a tudo que é físico. Imortais, mortais; mortais, imortais, vivendo a morte daqueles, morrendo a vida daqueles. (HERÁCLITO, 2000, p.94) Quando o corpo está vivo, nossa alma está aprisionada, pois o corpo seria a prisão da alma. Contudo, se o corpo morre, a alma ganha liberdade. Como afirma Chauí,

Conhecer é decifrar e interpretar a natureza que ama oculta-se. O conhecimento é um movimento espiritual da alma que sabe usar os olhos e os ouvidos quando aprendeu a "pensar a si mesma". A alma, mistura de água, ar é fogo, úmida, fria ou quente, será tanto mais racional quando mais nela prevalecem as medidas de fogo sobre as de água e ar. Pela respiração, a alma absorve o fogo, e por isso, quando o ritmo da respiração baixa, sua capacidade de conhecimento também baixa: sono, sonho. Também baixa quando a medida de água suplanta a de fogo: embriaguez, doença. O senso comum se parece com o sono e com a embriaguez, com a alma "bárbara" que não sabe ver, ouvir, falar nem pensar. (2002, p.86)

Mas segundo Reale, não se sabe onde ele procurava ligar suas crenças com a sua filosofia da physis.

No livro de Martin Heidegger, é feita uma observação sobre duas "estórias" (2002, p.23):

"Diz-se (numa palavra) que Heráclito assim teria respondido aos estranhos vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo junto ao formo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados, sobretudo porque) ele os (ainda hesitantes) encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'mesmo aqui os deuses também estão presentes"'.(HEIDEGGER, 2002, p.22)

As pessoas ficaram desapontadas, pois esperavam vê-lo fazendo algo diferente. Em vez disso, os curiosos o encontra junto ao forno. Mas, ele quer os mostrar que o pensamento se da no cotidiano, "por isso as encoraja, convidando-as a entrar com as palavras: "mesmo aqui, os deuses também estão presentes".

A segunda "estória" com assim:

"Dirigiu-se porem, ao santuário de Ártemis, para lá jogar dados com as crianças; voltando-se aos efésios que se puseram de pé ao seu redor, exclamou: 'seus infames, o que estão olhando aqui tão espantados? Não é melhor fazer o que estou fazendo do que cuidar da polis junto com vocês? '".

Ártemis é a deusa do arco e da lira ou da vida e da morte. Desta vez ele não esta num lugar simples e coditiano, pois, se encontra no templo da deusa Ártemis. O ambiente sagrado do templo já por si mesmo diz o bastante, é impossível acreditar que atualmente vamos à igreja para se brincar. Assim, o pensador não se ocupa da deusa. Joga dados comas crianças, pois novamente não se espera essa atitude de um pensador, pois, ele se encontra brincando jogos infantis.

O pensador olha na face dos que ali estavam espantados, com olhos de admiração e desconcerto, e novamente lhes dirige as palavras, só que desta vez em outro tom. Na outra estória suas palavras são encorajadoras, já nesta lê diz o seguinte: "seus infames, o que estão olhando aqui tão espantados?" (HEIDEGGER, 2002, p.26). Ele diz palavras violentas, depreciativa, recusadora.

Percebe-se que ele dizia estas palavras, na qual ele não queria cuidar da polis, mas realmente o sentido no qual se deve entender é que ele faz uma critica, na forma em que eles cuidavam da polis.

As pessoas ficaram espantadas com a sua atitude, primeiramente o encontra, sentado se aquecendo, sendo que esperaria de um pensador, que ele tivesse exercendo a sua função de filosofo. Segundo elas o encontra brincando, que é atitude de criança, então que esperaria dele... Talvez, que ele era louco, pois como já foi escrito antes, que ele dizia palavras muito obscuras, e realmente o seu sentido era outro, pois suas frases não tinham coerência.

Já a questão muito comentada, seria se o pensador teria ou não culto à deusa Ártemis, e pode-se perceber que: Se é habitante de Éfeso, pode-se concluir que ele prestava culto à deusa Ártemis.Se ele era filosofo realmente, então não era devoto à deusa Ártemis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAUÍ, Marilena. Introdução à historia da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2. ed. ver. e ampl. São Paulo: Schwarcz, 2006. v. 1

HERÁCLITO. Seleção de textos. In.: Pré-Socráticos.São Paulo: Nova Cultural, 2000. (Coleção os Pensadores)

MONDIN, Battista. Curso de filosofia: Os filósofos do Ocidente. São Paulo: Paulus, 1981. v. 1

REALE, Giovane. Historia da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1993. v. 1

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus. 2003. v. 1

ASTRATTO: Heraclito era un filosofo pre-socratico, che visse dal 540 – 470 a.C. con i tentativi di resolvere le questioni com il movimento, l'anima, il fuoco. Di parlare parole difficile, recebeu il titolo di oscuro.

PAROLE CHIAVE: Anima, Fuoco, Movimento, Oscuro




Autor: Wallison Rodrigues


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