Política e Miséria



Roberto Ramalho é Advogado, Relações Públicas e Jornalista.
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Política partidária. Mais uma eleição majoritária para deleite dos mentirosos. Ano de 2006. Candidatos diversos: Lula, Geraldo Alckmin, e por ai vai. No final, vitória de Luís Ignácio Lula da Silva. Mas, afinal, por que queriam estes senhores ser presidente do Brasil? Resolver os graves problemas que afligem o País e ao povo brasileiro? Ou será que desejavam ser presidente por pura vaidade? E as eleições para prefeitos e vereadores, será que adiantou escolher esses candidatos.

Ano que vem já haverá novamente eleições para os cargos majoritários de presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. E a farra vai continuar, eles fazendo as mesmas promessas de sempre para conquistar o eleitor.

Reverenciada e praticada corretamente pelos gregos, a política enquanto a arte de bem governar um povo sobre determinado território, vem sendo ao longo dos séculos do pós-grécia, vilipendiada por aqueles que dizem nos representar a quem chamamos de políticos.

Os políticos gostam tanto de fazer suas campanhas sobre a miséria do povo que sempre a estão declamando e praticando todos os dias, em todos os lugares deste imenso e rico País de miseráveis. Até quando ainda ouviremos o teu nome clavar forte no peito do povo brasileiro? Até quando, tu, miséria, será fruto da promessa dos políticos que não cansam em proclamar seu nome, prometendo destruí-la, se é de ti que precisam para iludir e manipular o povo, massacrando-o com falsas promessas? O que fazer para romper esse paradigma cuja referência perversa é uma constante neste país chamado Brasil? 

Do Oiapoque ao Chuí, não importando a cor e a forma, a ideologia e o programa partidário, a atuação dos ditos representantes do povo desde que se começou a haver eleições para presidente da República, governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual e vereador, tem causado nojo, repugnância e desgosto naqueles que lutam por um País e uma sociedade mais justa e igualitária. 

Entretanto, durante esse período, podemos destacar quatro dos maiores e mais honestos políticos de nossa pátria: Rui Barbosa, que exerceu mandato político e foi Ministro da Justiça, respectivamente nas décadas de 20 e 30; Ulisses Guimarães, que além de ter exercido o cargo de ministro do trabalho na década de 60, foi por mais de vinte anos deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro – MDB, atual PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) devido à reestruturação partidária no início da década de 80); o atual senador gaúcho do PMDB, Pedro Simon, também das hostes do antigo MDB; o brilhante e magnífico senador Jeferson Peres, do PDT (Partido Democrático Trabalhista), recentemente morto por um infarto fulminante do miocárdio; Jarbas Vasconcellos, senador do PMDB, e do antigo MDB, que recentemente numa entrevista concedida a Revista Veja afirmou que o PMDB era um Partido Político corrupto e o senador Cristovam Buarque do PDT – DF, um profundo conhecedor dos assuntos referentes à educação, tendo sido Reitor da Universidade de Brasília, e ministro da Educação.

Com exceção desses ativistas políticos e alguns outros que não foram citados por considerar os que citei como exemplos de homens públicos de caráter e vergonha, desde que as eleições majoritárias foram implantadas no final do século XIX, nada de concreto se realizou para solucionar os gravíssimos problemas sociais e econômicos que afligem e castigam nossos irmãos brasileiros, como a seca, a fome, o saneamento básico, o desemprego crônico, a falta da casa própria, dentre outros.

É preciso romper os grilhões que nos prendem dessa escravidão até o momento atual. E para romper, é preciso lutar. O pior analfabeto é o político, já ensinava o filósofo, teatrólogo e escritor alemão Bertold Brecht.

O maior deboche praticado pelos políticos é o favorecimento de seus amigos, parentes e familiares, à custa da desgraça alheia. E a moral, onde entra nessa questão?

Definida como um conjunto de normas de conduta e valores éticos, em geral universalmente aceitos, a moral jamais foi um exemplo a ser seguido e praticado pela classe política brasileira, desde que o sufrágio universal foi instituído como exercício do direito que tem o povo de votar em quem julgam defender e lutar pelas suas causas e interesses mais nobres.

Está posta a realidade tal como ela é ou se afigura ser, segundo a sua natureza, sem controvérsia, ou seja, sem tese e antítese, razão pelo qual a síntese é o que deve ser de acordo com a vontade da classe política dominante: a miséria. E os gregos e sua polis que se danem!


Autor: Roberto Ramalho


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