TURISMO X CULTURA - INFLUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS QUE O TURISMO CAUSA NA TRIBO CAINGANG



O presente trabalho refere-se ao estudo da realidade de uma tribo indígena que na atualidade, é influenciada pela atividade turística, causando assim conseqüências culturais e sociais para a mesma. É notório observar que devido a influências externas, grande parte de uma cultura acaba sendo descaracterizada, fazendo com que a população submergisse sua verdadeira identidade. Através de um levantamento bibliográfico, foi possível analisar e estudar de forma geral teorias sobre Cultura e Turismo, e a história dos índios, dando importância a possíveis alternativas para um resgate sociocultural, buscando melhoria na qualidade de vida dos indígenas. Este artigo atenta-se, ao objetivo de compreender o turismo como fenômeno que ocasiona mudanças e afeta a população da tribo, que no decorrer dos tempos transformaram seus aspectos culturais e sociais na tentativa de se adequar ao meio.
Palavras-chaves: Cultura, Turismo Cultural, Tribos indígenas, Caingangs.

INTRODUÇÃO

A atividade turística por se tratar de um movimento de pessoas que realizam viagens para locais diversos de grande variação cultural, influência nos costumes dos nativos, pois ao praticá-la há uma troca de experiências entre ambas as partes.

Aqueles cuja cultura é considerada menos resistente, acabam adotando os hábitos daqueles tidos como "predominantes" gerando a aculturação. Através dela, a população nativa se deixa influenciar por novos costumes e valores, substituindo as atividades tradicionais, causando também alterações nos méritos morais, e mudanças no modo de falar e vestir.

No caso da identidade étnica com a tribo dos Coroados, mais conhecidos como Caingangs, não foi diferente, já que na maioria dos casos, os índios perderam parte do que tinham de mais precioso: sua cultura, a fala, os rituais, os costumes, a religião, o idioma, bem como as vestes, as ocas, dentre outros que foram adaptados em sua grande parte, de acordo com os costumes da sociedade predominante tida como a mais "forte".

Se não houver uma harmonia entre as atitudes das turistas e o comportamento da população nativa, a atividade turística pode mercantilizar as culturas locais, tornando-as objeto de consumo, causando dessa forma danos irreversíveis à identidade da comunidade anfitriã. Daí surge a importância do conhecimento sobre o assunto, pois este conscientizará a população do quão importante é a cultura indígena.

1 CULTURA e Turismo

O termo Cultura se origina do latim medieval inicialmente constituído como "o cultivo da terra". A partir da sabedoria e experiências seculares dos pastores e agricultores obteve-se uma modificação na qual foi atribuída a este termo "o sentido de conhecimento intelectual, somado à ação transformadora do mundo". Ou seja, trata-se da convicção do saber acumulado pela existência do trabalho que produz uma libertação de condicionamento[1].

Sendo assim percebe-se que o conceito de cultura varia no tempo, no espaço e em sua essência, o que acaba possibilitando apreender cultura como um todo, sob vários enfoques.

Buscando definições atuais, Ananias, diz que cultura é: "uma expressão simbólica das linguagens, da imensa diversidade que caracteriza o processo e os modos como os povos definem as suas identidades, num contexto, como o nosso, complexo, contraditório, difícil, rico, espelhado pela riqueza do saber popular, afirmamos então, que a cultura é um elemento fundamental de resgate dos valores sem os quais a experiência humana torna-se uma experiência empobrecida e amarga, por isso essa cultura deve ser solidária, fraterna, igualitária, liberta, justa e que se contraponha à avalanche imposta pelo projeto neoliberal" (PATRUS, ex prefeito de Belo Horizonte).

A cultura vista desta maneira, se torna instrumento de luta, com a busca permanente pela memória, se opondo ao esquecimento, tentando criar e manter valores, significados, símbolos, normas, mitos, imagens, etc., que se encontram presentes nas práticas cotidianas, nas instituições, movimentos, pensamentos, e na arte. É a cultura que penetra nos coletivos humanos e nos indivíduos, dos conceitos de trabalhos até as emoções. Com esse sentido ela é o modo de viver, ser, fazer, pensar, sentir, simbolizar e imaginar das sociedades humanas.

A cultura é tida como:

[...] um processo de transmissão de significados, valores, conhecimentos, crenças e atitudes, é usada em diferentes sociedades para a manutenção e a transmissão de poder dentro de determinados grupos e categorias sociais, assim como para segregar tais grupos do resto da sociedade, de modo a reter o conhecimento nas mãos de uns poucos (AMARAL, 1993.p.18).

É notório observar que a cultura deve ser pensada não somente como uma manifestação cultural, mas sim como parte de uma trajetória da raça humana, como a marca deixada do homem e da mulher na história do mundo. Dessa forma, o homem se torna então um ser cultural capaz de criar e acumular experiências e principalmente transmití-las socialmente. Desenvolve assim, padrões de comportamento grupal, hábitos e costumes diferentes, sempre renovados, de fundamental importância para a sua sobrevivência.

Perante abrangência dos termos cultura unificada ao turismo, o Ministério do Turismo, com base na representatividade da Câmara Temática de Segmentação do Conselho Nacional de Turismo, em parceria com o Ministério da Cultura junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dimensionou o segmento da seguinte forma:

"Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura."

A relação turismo e cultura surge no grand tour europeu, onde os aristocratas e a burguesia viajavam para admirar ruínas, monumentos e obras de arte dos antigos gregos e romanos. Desde então, a cultura continuou a ser uma das principais razões para a viagem, estendendo a noção de cultura que antes se prendia à idéia de civilização, e passou a incluir e a compreender todas as formas de ser e fazer humanos. Assim, entende-se que todos os povos são detentores de cultura.

Estudos específicos apontam que esse fato foi iniciado a partir dos anos 60, pelos antropólogos. Daí então, o turismo passou a ser notado como alternativa para o desenvolvimento mundial, inclusive no Brasil, mesmo que de forma principiante. No entanto, o modo como à atividade foi inserida em muitos pontos, mostrou-se prejudicial ao patrimônio cultural e ineficiente como estratégia de promoção, quer pela falta de recursos humanos especializados ou pela excessiva visitação, desconsiderando a identidade cultural local e impondo em pequenas comunidades novos padrões culturais.

Nesse contexto atenta-se para a necessidade de se programar ações conjuntas e planejadas entre as áreas de turismo e de cultura, buscando o respeito à identidade cultural e à memória das comunidades na atividade turística.

O desenvolvimento turístico deve harmonizar a manutenção do patrimônio ao uso cotidiano dos bens culturais, valorizando as identidades locais, atuando sempre no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a atividade é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da promoção de seu valor econômico e desperta sentimento de orgulho nas comunidades em relação à sua identidade cultural[2].

Segundo Andrade, pode define-se Turismo Cultural como sendo "[...] típico, pois se efetua de maneira diversa dos demais tipos de turismo, que geralmente se caracterizam pela permanência da preocupação e das atividades que se traduzem em lazer, repouso e descompromisso. [...] as características básicas ou fundamentais do turismo cultural não se expressam pela viagem em si, mas por suas motivações, cujos alicerces se situam na disposição e no esforço de conhecer, pesquisar, e analisar dados, obras ou fatos, em suas variadas manifestações [...]" (ANDRADE, 2001. p.71).

Patrimônio histórico e cultural são os bens de natureza material e imaterial que expressam ou transmitem a identidade e a memória das populações e comunidades. Quando se utiliza bens culturais na busca de sua valorização, promove-se uma permanência no tempo como símbolos de memória e de identidade. Valorizar e promover significa difundir o conhecimento sobre esses bens e facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turistas, dessa forma, reconhecer a importância da cultura na relação turista e comunidade local, indicando os meios para que tal relação ocorra de forma harmônica[3].

No decorrer dos tempos, com o aumento maciço de renda disponível, em conjunto com as mudanças de grande repercussão no comportamento e no estilo de vida, gera-se um período de grande crescimento de viagens nos países mais ricos e industrializados do mundo. Dessa maneira, surge uma maior preocupação com relação aos efeitos negativos de um turismo de massa, que de certa forma contribui para a degradação do meio ambiente, bem como a segregação dos nativos, e a exclusão dos autóctones causando um amplo confisco sobre a população local, pois quanto menos for desenvolvida a região receptora, maior será a intensidade dos efeitos negativos socioculturais sobre essa população.(LICKORISH, 2000. p.37).

Com a chegada do turismo, os povoados, as pequenas localidades e vilas são invadidas e o seu cotidiano moldado, muitas vezes, pela vinda dos viajantes com seus hábitos, costumes e tradições, de modo que o crescimento da atividade agrida, em variados graus, os recursos naturais, culturais e sociais das regiões receptoras.

Somando Leonard e Carson, no livro "Introdução ao Turismo": "[...] é importante proteger e manter a herança cultural [...] a comercialização de eventos da cultura tradicional pode levar à criação de uma pseudocultura, um folclore artificial para o turista, sem valor cultural algum [...] a cultura acaba sendo sacrificada em favor da promoção do turismo [...] a exposição das populações residentes a outras culturas decorrente do turismo poderia ser um processo irreversível [...] o turismo bem organizado pode favorecer contatos entre turistas e população local, estimular intercâmbio cultural, levar a um entrosamento amigável [...]" (LICKORISH, 2000. p.108).

Entretanto, se houver um planejamento adequado, junto à conscientização da população local, para o desenvolvimento das atividades turísticas, estratégias somadas a inclusão da cultura como parâmetro deste planejamento e implantação de programas inter-setoriais, os efeitos socioculturais sobre os anfitriões poderão ser manifestados, como melhores condições de vida e enriquecimento cultural tornando o resultado final positivo, ou seja, a cultura se torna socialização.

Conforme o site Ministério do Turismo, para um bom desenvolvimento do Turismo Cultural, depende-se da análise de questões legais relacionadas aos atrativos turísticos e ao patrimônio, ao território, e à prestação de serviços, dentre outras. Ou seja, dispositivos que orientam as ações, estruturam procedimentos e ordenam o território, considerando os anseios e as necessidades da população brasileira.

Essa grandeza do patrimônio cultural se qualifica devido a caráter dinâmico e intangível, ou seja, sujeito à mudanças impostas pelo cotidiano humano, já que se trata de seus fazeres, saberes e modos de vida, que estão sempre evoluindo. Por isto, busca-se a valorização e promoção de tais expressões.

Com isso, surge um importante desafio; a compatibilização de linguagens, objetivos, modos de operação e de concepção sobre o Turismo Cultural. Neste contexto, o diálogo é a única forma para que se esclareça os benefícios do Turismo Cultural responsável e a capacidade de fortalecimento da cultura e sua identidade, despertando assim, o orgulho nas comunidades, o resgate das manifestações culturais, a redescoberta da história dos lugares e a dinamização cultural da região[4].

O comprometimento da comunidade é uma das ações fundamentais para um bom desenvolvimento do Turismo Cultural, onde é necessário que ela conheça e valorize o seu patrimônio, então se recomenda a realização de um trabalho contínuo de educação patrimonial (ANDRADE, 2001. P.71).

Tal ferramenta consiste em um processo permanente e sistemático focado no patrimônio cultural, que visa conhecimento, e valorização de sua herança cultural, que são fatores importantes para a preservação e conservação, fortalecendo assim, os sentimentos de identidade e cidadania, fundamentais para a sustentabilidade do Turismo Cultural.

Adicionando informações, Andrade ressalta que "[...] a motivação do turismo cultural depende mais dos turistas como elementos ativos do que da cultura dos receptivos que eles visitam, pois a simples oportunidade de constatação de realidades estranhas pode ser insuficiente para que elas se tornem, de fato, conhecidas" (ANDRADE, 2001. P.71).

Com isso, conclui-se que, o turismo cultural é motivado pela busca de informações, busca de novos conhecimentos, de interação com outras pessoas, comunidades e lugares, da curiosidade cultural, dos costumes, da tradição e da identidade cultural. Esta atividade turística tem como fundamento o elo entre o passado e o presente, o contato e a convivência com o legado cultural, com tradições que foram influenciadas pela dinâmica do tempo, mas que permaneceram; com as formas expressivas reveladoras do ser e fazer de cada sociedade.

2 Histórico TRIBOS INDÍGENAS

O país possui grande hetereogenidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo.

Para eles, não existem classes sociais como a do homem branco, já que recebem o mesmo tratamento e possuem os mesmos direitos. A terra, pertence a todos e quando um caça, costuma dividir com o restante da tribo objetivando através deste ato fazer a aldeia funcionar em harmonia. Somente os instrumentos de trabalho são de propriedade individual.

Na tribo o trabalho é realizado por todos, porém é dividido por critérios de idade, sexo, acúmulo de conhecimento e cultura.

As relações de parentesco representam um papel dominante na comunidade realizado pelo clã. Este basea-se na proibição aplicada para todas as tribos, onde as pessoas do mesmo grupo (parentes) não deveriam se casar, só poderiam com aqueles pertencentes a outra sociedade. São distinguidas duas figuras importantes para a organização tribal: o pajé e o cacique.

O Pajé é tido como uma figura de extrema importância dentro das tribos indígenas do Brasil, pois possui grande conhecimento sobre a cultura e religião da mesma. Conhece muito bem o poder das ervas medicinas e atua como uma espécie de "médico" e "curandeiro" da aldeia.

O cacique por sua vez, é o chefe político e administrativo da aldeia. Experiente, ele deve manter o bom funcionamento e a estrutura de lá. Fica sob sua responsabilidade aplicar as regras da tribo, resolver conflitos, definir guerras, punições e organizar a caça.

O símbolo principal de sua religião é o maracá, espécie de chocalho, feito de uma cabeça notavelmente emplumada como se fossehumana. Mantinham-no em uma cabana especial, onde o Pajé determinava os dias para a sua visita.

Acreditavam na vida após a morte e na imortalidade da alma, os Tupis da costa por exemplo, afirmavam que as almas dos bons, depois de mortos iam habitar além das Montanhas Azuis, num lugar maravilhoso, vedado aos traidores.

Os Caingangs do Paraná acreditavam que o espirito dos bons e dos bravos iam residir no Paiquerê que eram os campos paradisíacos cuja situação nem eles próprios sabiam determinar.

Alguns tinham como crença a passagem a uma outra vida na qual se ocupariam unicamente de caçadas. Por isso, a morte, em algumas sociedades indígenas era festejada com cânticos alegres.

Uns sepultavam os falecidos dentro de casa, outros iluminavam as sepulturas, cobriam-nas de flores e consagravam aos finados os seus mais delicados produtos de arte cerâmica.

Em sua concepção de espírito não cabia aqueles que vinham para fazer o mal, pois estes tinham como semideuses o Curupira, a Caipora e Anhangá, que protegiam os animais do campo, a mata e a floresta, do próprio homem. Estavam ali apenas para resguardar a natureza.

Sua alimentação é retirada diretamente da natureza. Ela é saudável, rica em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes. Dentre os principais alimentos consumidos pelos aborígenes estão as frutas, verduras, legumes, raízes, carnes de animais, cereais e castanhas. Nos pratos típicos são encontradas a tapioca, o pirão, a pipoca e o beiju.

Algumas tribos que ocupavam o litoral da região sudeste Brasileira eram canibais como, por exemplo, os tupinambás.

A prática do canibalismo era realizada em rituais simbólicos, onde ao comer a carne humana do inimigo, eles acreditavam incorporar a valentia, a sabedoria e os conhecimentos do morto. Por isso, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes.

A história dos povos indigenas no Brasil é uma realidade latente de sabores unidos por tradições milenares, simbolizadas por realidades que vão desde os simples riachos às grandes florestas onde caminham animais e espíritos manifestos em rituais.

A história dos povos indígenas no Brasil é uma realidade latente de sabores unidos por tradições milenares, simbolizadas por realidades que vão desde os simples riachos às grandes florestas onde caminham animais e espíritos manifestos em rituais.

É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica específica de cada uma das sociedades em particular, compreender suas línguas e suas formas tradicionais de organização social, de ocupação da terra e de uso dos recursos naturais.

Isto significa o respeito pelos direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio pacífico, por meio de um intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.

Consta nos dados da FUNAI[5] queas línguas indígenas são agrupadas em famílias, classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Aruak e Macro-Jê.

2.1 CAINGANGS

Os Caingangs falam a língua do tronco lingüístico JÊ, representando um contingente populacional numericamente importante no sul do país, com aproximadamente 25.000 pessoas. Eles habitavam as terras da região londrinense anteriormente a chegada do "homem branco" e no período de 1770 a 1930 foram colonizados e pacificados, perdendo sua autonomia enquanto grupo e passando a viver em aldeamentos controlados por administradores, missionárias e civis.

No decorrer do séc. XIX a denominação dada a esta tribo era como "Coroados", e só a partir de 1882 é que o nome "Caingang" apareceu em documentações bibliográficas.[6]

As florestas originarias de lá sofreram um processo de devastação ao longo dos tempos, onde as árvores predominantes como o pinheiro, embuia, cedro, cerejeira, etc.. foram substituídas atualmente por samambaias, taquara, sapés, dentre outros. O território de caça e pesca bem como os animais que ali habitavam e constituíam fonte de alimento para os índios também foram reduzidos.

No que diz respeito à economia dos Caingangs, pode-se basea-lá na agricultura de subsistência, assalariamento temporário e ao comércio de artesanato como as três atividades mais básicas.

A Terra Indígena do Apucaraninha, onde está situada a aldeia, ocupa a porção sudoeste do Município de Londrina que foi reservada aos Caingangs pelo decreto n.º 06 de 05 de julho de 1.900, pelo então governador Francisco Xavier da Silva.

Essa região encontra-se sob a jurisdição da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) – administração regional de Londrina, órgão responsável pela tutela indígena e prestadora de assistência desde 1993. A Prefeitura do município está desenvolvendo um programa de atendimento aos Caingangs do Apucaraninha, coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e outros órgãos colaboradores.

Atualmente, os moradores da tribo fazem compras onde estão incluídos sal, sabão, café, banha, roupas, sapatos, etc. sem contar o consumo de outros bens como: televisão, rádio, móveis, aparelhos eletrodomésticos, vários alimentos industrializados, dentre outros. A tinta usada para colorir os seus trançados também foi modificada, pois antes era extraída do kó-mrur, da casca do pinheiro, da fruta do palmito e de raízes especiais e atualmente utilizam para estes fins tintas industrializadas, como por exemplo, a anilina.

Quanto à habitação dos mesmos, as casas são do tipo "rancho", com cobertura de sapé confeccionada no sistema tradicional e casas de alvenaria seguindo dois modelos diferenciados, com cobertura de telha cerâmica e com a instalação de banheiros em seu interior. Todavia, na sede do posto indígena, que é o núcleo principal, a modalidade dominante são as casas feitas de placas de alvenaria, cobertas com eternit, telha ou até mesmo feitas de madeira.

No que diz respeito à educação, a tribo possui duas escolas cujo ensino varia do pré até a 4° série. Tal diretriz foi garantida através do ensino bilíngüe, onde nos dois primeiros anos são utilizadas como base a língua materna e só a partir do terceiro ano é que é implantada a língua oficial.

A saúde dos índios trata-se também de um fator muito importante, já que após o contato com os europeus e as várias pragas que os mesmos trouxeram, as tribos foram reduzidas drasticamente até a metade deste século. Foi a partir daí que os Caingang passaram a ter contato com a medicina ocidental, necessitando de intervenções para suas doenças, pois em alguns casos não conseguiam respostas eficazes dentro de sua medicina tradicional.

Seu perfil epidemiológico atual é bastante preocupante devido ao alto índice de subnutrição ligado a mudança de hábitos alimentares, carência alimentícia, doenças infecto-respiratórias, infecto-contagiosas, parasitoses intestinais, crônico-degenerativas, alcoolismo, tuberculose, dentre outras.

3 Metodologia aplicada

Para o estudo em questão foram utilizados dois tipos diferentes de pesquisa para melhor entender o tema abordado, a Pesquisa Explicativa e a Pesquisa Descritiva. Com a aplicação das mesmas, busca-se maior eficácia na tentativa de atingir os objetivos apresentados, já que de acordo com Dencker (2007) a Pesquisa Explicativa procura identificar fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, e contribuindo Cervo (2006) afirma que a Pesquisa Descritiva observa, analisa e correlaciona fatos e fenômenos sem manipula-los. Procura descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.

No contexto, utiliza-se a Pesquisa Bibliográfica que tende a explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta (CERVO, 2006), e com a Pesquisa Documental, apresenta-se dados atuais sobre a cultura dos índios, associando os mesmos ao passado, apontando então os benefícios e malefícios que a atividade turística trouxe a tribo, provocando a aculturação da mesma.

Foi também utilizado o método Dedutivo, que torna explícitas verdades particulares contidas em verdades universais, ou seja, a técnica da argumentação consiste em construir lógicas, por meio de relacionamento entre hipótese e tese. O processo Dedutivo leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro, por outro lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode possuir conteúdos que excedam o das premissas (CERVO, 2006). A aplicação do mesmo foi de extrema valia, pois o trabalho se trata de um raciocínio formal, onde se pode concluir um fato já conhecido por todos; a descaracterização dos povos indígenas.

Para a coleta de dados, foi empregado o Método de Observação, que de acordo com Amado Cervo (2006), observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objeto, sem a observação, o estudo da realidade e de suas leis seria reduzido a simples conjetura e adivinhação. Assim tornou-se possível uma profunda observação da realidade, que permite o registro do comportamento no instante em que ocorre e sua resposta natural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se então que não apenas os Caingangs mais grande parte das nações indígenas perdeu uma ampla gama de sua cultura, costumes e tradições.

Essa aculturação parte desde a época do descobrimento, onde os indígenas ficaram vulneráveis ao contato com o "homem branco" até os dias atuais com as facilidades geradas pela globalização.

A atividade turística tem grande influência para esta perda, mas não é necessariamente o único fator responsável pelo mesmo.

Vem daí a importância da conscientização tanto da população local como dos visitantes além dos órgãos governamentais para a redução desta perda e um possível resgate desta cultura tão ampla cheia de qualidades marcantes.




Autor: Jacqueline e Tatiane


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