PENSAMENTO E AUTONOMIA



A sociedade contemporânea, mesmo com todos os elementos facilitadores da permeabilidade social, uma acomodação dos indivíduos em ambientes apáticos. Grande parte da sociedade que abriga o homem moderno é composta por mentes que não se propõem ao questionamento. Se a sociedade tivesse como proposta o questionamento do status co, certamente haveria uma síntese, ou questionamento, de idéias postas e, irremediavelmente, haveria mudanças. Pensar sobre as idéias postas, questionar posições ideológicas na busca de um saber real e prático que se aproxime mais da verdade sobre as coisas, deve ser base auxiliar para um melhor entendimento do mundo, pessoas e realidade. Nesse aspecto, o pensamento filosófico precisa ser praticado no sentido de nos fazer pensar com nossas próprias idéias a fim de conquistar a autonomia individual e, contribuir para a autonomia da sociedade. Se houver esse compromisso e essa postura, seremos conduzidos por nossas próprias idéias e não outras pessoas, outras idéias e, principalmente, não seremos governados por sistemas elitistas e alienadores. Quem constrói o pensamento critico sobre o mundo, facilmente perceberá o arcabouço das agencias de alienação que constroem os engodos coletivos ou qualquer que seja os elementos alienantes que são dissipados pela mídia e outros meios de massificação.

Conseguir digerir as idéias correntes, filtrar os conteúdos e construir seus próprios elementos ideológicos é pressuposto para conquistas pessoais que habilitarão o indivíduo à inclusão num mundo bem mais produtivo, que não esteja baseado na visão de indivíduo, mas na visão de coletividade. Um pensamento crítico não se satisfaz numa pergunta inacabada, nem numa resposta pronta. Ele tem como proposta a reelaboração do conjunto para uma nova perspectiva; o pensamento critico é aquele que não se satisfaz em frente a um monitor de TV, tomando um copo d'água – sem tratamento -, assistindo a um comercial da McDonald. Uma crítica racional e desprovida de passionalidade não se baseará no fato de contrariar as coisas como são, mas questionar o por quê de estarem. Se a base for essa critica fundada, o indivíduo não buscará respostas para o fracasso de suas ações, na comparação revoltada no exito dos outros. Ele, ao contrário questionará suas próprias ações e, a partir de então, formulará uma postura inconformada sobre si mesmo. Assim não haverá questionamento intimo sobre porque o outro tem, e sim "... preciso encontrar uma maneira de ter também".

Baseado numa consciência crítica sobre o mundo e as coisas, conseguiremos perceber que existem possibilidades para todos, já que a nível de estado natural todo indivíduo se equipara. Conseguiremos, pelo pensamento, chegar à não tão obvia idéia de que a competição por espaço não é vencida pelo mais esperto, mas, perdida pelo apático. Se conseguirmos chegar a esse raciocínio, descobriremos que as idéias confrontam as coisas no verbo ser, e não as pessoas no verbo estar. Ai ficará fácil formular novas idéias, já que haverá maior aceitação do outro, como parte da construção de nossas respostas, por entender o meio como o espelho refletor de nossas ansiedades, já que estaremos buscando não a competição, mas a satisfação de nossas ansiedades. E homens, em sua genesis, são antes indivíduos que, como o todo constroem a sociedade e, as ansiedades da sociedade são satisfeitas em nossas realizações individuais.

Em suma, devemos construir um pensamento critico sobre as coisas, sobre o mundo e sobre nós mesmos, para que não sejamos manipulados, inconscientemente, pelo meio que, desprovido dessa tal consciência, será manipulado por vontades alheias a nós.


Autor: Emivaldo Aires da Silva


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