PORQUE DA ESCOLA INCLUSIVA?



 

Rosilene dos Santos Coitinho

RESUMO:

A inclusão visa capacitar o profissional da área de educação para trabalhar questões de cidadania em sala de aula. A educação inclusiva das pessoas com necessidades especiais, se constitui no mais recente discurso educacional. Não resta dúvida de que esta linha de pensamento é a mais ética e correta, pois todas as pessoas têm o direito a conviver em sociedade, sem nenhum tipo de preconceito. Deve procura preservar o direito às diferenças, mas é preciso entender também que a chamada exclusão não é restrita apenas às crianças com alguma deficiência, existe também o preconceito que é evidenciado por todos os meios de comunicação dia-a-dia.

Palavras-chave: educação especial, inclusão escolar, professor.

Este artigo visa relatar um pouco da minha experiência como estagiária voluntária na Escola da Ponte situada no bairro Santa Tereza. Nessa escola tive a oportunidade de aprender a trabalhar um pouco com as diferenças entre as pessoas, tanto de sexo, cor, dificuldades de aprendizagem, crenças, valores, etc. Com essa nova atividade não pude de imediato dimensionar a proporção dessa minha nova aprendizagem, mas ao decorrer do tempo algumas certezas foram possíveis construir, e a principal delas é que esses alunos precisam conviver em meio a sociedade e ser incluídos em uma escola normal, pois em escolas especiais continuarão sendo excluídas.

Nessa nova caminhada enfrentei um grande desafio, pois não estava preparada pra lidar com as diferenças, precisei refletir muito para desenvolver cada tarefa com eficiência, aprimorando meu pouco conhecimento com leituras sobre como é trabalhar necessidades educativas especiais. O professor precisa olhar pro aluno e reconhecer o que ele é, ajudar a aumentar sua capacidade e o que ele já construiu, buscando o crescimento e enriquecimento de cada individuo, para depois tentar incluí-lo na turma. Para isso ocorrer, o professor precisa ser reconhecido com carinho pelo aluno, para que possa trabalhar com tranqüilidade, para que possa usar suas características pessoais e estilo único, pois precisa ser olhado como pessoa e esta, talvez seja a contribuição que o professor possa oferecer à educação.

Para a escola, a educação deve proporcionar assistência de forma planejada e continuada para as crianças, adolescentes e jovens durante um período continuo e extensivo de tempo, diferenciando de outros processos educativos que costumam ocorrer na família, no trabalho, no lazer e nos demais espaços de construção de conhecimentos e valores para o convívio social. Desta forma, pode-se observar que a educação escolar é relevante no que diz respeito às transformações sociais.

A escola deve propiciar uma educação para que o aluno seja participativo, e consiga estar preparado para mudanças culturais e sociais, sendo capaz de exercer sua autonomia, construir sua emancipação individual e coletiva, possibilitando se transformar no futuro em um sujeito transformador. A escola necessita ser transformadora no que diz respeito à aprendizagem, e o educando deve ser valorizado frente a sua realidade. É dever da escola não usar de neutralidade no que diz respeito a valores, princípios, atos e ações para não interferir na sua educação.

A escola deve ser democrática, de forma que todos (alunos, pais, educadores e comunidade) possam se manifestar de forma crítica apresentando alternativas e sugestões para melhorias significativas no que diz respeito à educação dos alunos.

A exclusão social geralmente está ligada a pessoas de baixo nível educacional, portadores de deficiência física, idosos ou de etnia diferente.

O processo de exclusão de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto à socialização do homem. A estrutura das sociedades através da história, deste os primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, se tornaram o de atitudes preconceituosas e ações impiedosas da sociedade.

O principal objetivo da inclusão social é oferecer aos mais necessitados oportunidades de participar da distribuição de renda do país, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente uma camada da sociedade.

Nos últimos anos, MACIEL (2000, p. 51-56) salienta que "Ações isoladas de educadores e pais têm promovido e implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por parte desse segmento".

A inclusão social visa auxiliar o aluno na participação da sociedade, mostrar que tem os mesmos direitos e deveres dos demais membros. O objetivo é mostrar ao aluno que numa sociedade capitalista a própria cidadania compreende direitos civis, políticos através da participação no exercício político e que os direitos sociais representam o bem estar do individuo, isto é, direito à segurança, ao trabalho, ao laser, à educação, à saúde, entre outros.

Analisando melhor, podemos pensar que a inclusão, não se faz do geral para o singular, isto é, a partir de uma escola normal incluir crianças especiais. Ela se faz do singular para o geral, ou seja, uma escola voltada para o ensino de crianças portadoras de alguma deficiência também com crianças sem deficiência.

Esta integração só será capaz de ocorrer quando acabar a visão despida de preconceito pela sociedade, e cabe a escola estimular o desenvolvimento dos alunos com necessidades educativas especiais. Não é tarefa fácil, mas é possível. Quando isso acontecer, será uma experiência inesquecível para todos.

A interação entre os alunos traz à tona as diferenças inter-pessoais, a realidade e experiências distintas que os mesmos trazem do ambiente familiar, e a forma como trabalham com o diferente, os preconceitos e a falta de paciência em aceitar os outros como são. Os alunos das classes regulares devem receber orientações sobre a questão da deficiência e as diferenças, buscando a aceitação e o respeito, mostrando que a aceitação dos portadores de deficiência e o bom convívio é um ato de cidadania.

Cabe a todos os profissionais da educação fazer esta ligação entre os alunos para que a inclusão seja efetuada, pois o professor é o fio condutor interativo para articular o sujeito e o grupo. Deve trabalhar a diversidade não só em sala de aula, mas em toda a escola, criando uma maturidade profissional de todo o grupo na busca de um trabalho efetivo, com capacidade de desenvolver recursos próprios para lidar com a frustração e as possibilidades de insucesso.

BEZERRA, (p.47,48) O conjunto de preocupações que informam o conhecimento histórico e suas relações com o ensino vivenciado na escola levam ao aprimoramento de atitudes e valores imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania, como exercício do conhecimento autônomo e critico; valorização de si mesmo como sujeito responsável da história; respeito às diferenças culturais, étnicas, religiosas, políticas, evitando qualquer tipo de discriminação; busca de soluções possíveis para os problemas detectados em sua comunidade, de forma individual e coletiva; atuação firme e conscientes contra qualquer tipo de injustiça e mentiras sociais; valorização do patrimônio sociocultural, próprio e de outros povos, incentivando o respeito à diversidade; valorização dos direitos conquistados pela cidadania plena, ai incluindo os correspondentes deveres, sejam dos indivíduos, dos grupos e de povos, na busca da consolidação da democracia.

A história tem um papel fundamental no desenvolvimento dos alunos, pois tem o compromisso permanente no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando e criticando os fatos históricos, dando liberdade para que o aluno adquira conhecimento, mesmo com colegas mais difíceis, pois o aluno é requisitado a pensar e discutir o ensino.

Com isso, pode se pensar que fica a cargo da escola proporcionar assistência de forma planejada a continuada para as crianças, adolescentes e jovens, no trabalho, no lazer e nos demais espaços de construção de conhecimento e valores para o convívio social. Desta forma, pode-se observar que a educação escolar é relevante no que diz respeito às transformações sociais.

Cada etapa desse processo de mudança é um pequeno tijolo a mais na construção da identidade e da cidadania do aluno com necessidades especiais, mostrando que a capacidade pode ir muito além do que aquilo que ele poderia imaginar.

Chego a uma conclusão que incluir não é tarefa das mais fáceis. Precisa saber trabalhar com preconceitos, expectativas, frustrações, entre outros sentimentos. Porém, é trabalho de extrema gratificação e importância, principalmente para o professor, pois ao ver a evolução do aluno e saber que existiu sua colaboração no processo de desenvolvimento, trará sensações muito positivas. Poder incluir a alguém que a principio estava fora do contexto social e, junto com ele, aprender e crescer mostra que o aluno é realmente uma pessoa especial.

Tudo isto me leva a pensar que a prática da desmarginalização de portadores de deficiência deve ser parte integrante de planos nacionais de educação. A inclusão social busca a equiparação de oportunidades, e a mutua interação de pessoas com e sem deficiência. Cabe lembrar que uma sociedade inclusiva tem compromisso com as minorias e não apenas com as pessoas portadoras de deficiência. A inclusão social é, na verdade, uma medida de ordem econômica, uma vez que o portador de deficiência e outras minorias tornam se cidadãos produtivos, participantes, consciente de seus direitos e deveres. Dessa forma, lutar a favor da inclusão social deve ser responsabilidade de cada um e de todos coletivamente.

Resumindo, vivemos em uma sociedade onde são excluídos todos aqueles quenão condizem com o padrão estipulado por todos, onde quem tem alguma deficiência ou necessidade especial dificilmente está no grupo dos considerados "normais". Para amenizar um pouco essa situação constrangedora para o indivíduo excluído que o professor da escola inclusiva tem um papel muito importante, não apenas quando recebe uma criança portadora de necessidades especiais, mas sempre que se prega a "educação para todos". Atualmente o papel do professor se aprimorou, devido às novas necessidades do mundo. O professor deve estar preparado pra fazer a mediação, deixando um trabalho assistencialista, realizando um trabalho voltado para o aspecto pedagógico e comprometido com a construção da cidadania bem como o resgate da identidade do aluno.

Referência bibliográfica:

MACIEL,Maria Regina Cazzaniga.Portadores de deficiência:a questão da inclusão social.São Paulo Perspec.,abr./jun.2000.vol.14.no.2,p.51,56.

BEZERRA,Holien, Gonçalves .KARNAL, Leandro(org)História na sala de aula:conceitos, praticas e propostas.São Paulo, 2005 ed.contexto p.47,48.


Autor: Rosilene Dos Santos Coitinho


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