TI não tem fronteiras
TI não tem
fronteiras *Mauro
Muratório Há
pouco mais de 15 anos, ainda não se pensava na Índia como uma grande potência
de tecnologia. Quem poderia imaginar que este país asiático com cerca de 1,1
bilhão de pessoas, cheio de tradições, cores e aromas, poderia se tornar o
principal centro de outsourcing mundial de tecnologia? Alguns perceberam e
conseguiram tornar o sonho realidade. Segundo
o relatório do Gartner "India 3 - Are the Emerging Megavendors",
a Índia continua sendo o destino preferido para investimentos em outsourcing.
As 20 maiores empresas especialistas no assunto de lá geraram, em 2008, lucros
na ordem de US$ 4 bilhões. Isso corresponde a 5% dos US$ 80 bilhões gerados
pelas 150 maiores nesta atividade no mundo. Mas
como será que eles conseguiram o milagre de transformar um país que possui 25%
da sua população vivendo abaixo da linha da pobreza em uma referência mundial
em tecnologia? Alguns fatores como a língua ajudaram, mas também houve um censo
de oportunidade: quando a GE instalou seu centro de atendimento a clientes na
Índia em 1997, provavelmente não havia uma consciência da importância que esta
atividade teria para o País. E
será que nós, brasileiros, também não podemos ter chances neste setor? O mesmo
Gartner afirmou recentemente que o Brasil pode se tornar um grande player no
mercado de outsourcing global. Principalmente em função do ambiente político e
econômico – mais estável nos últimos anos – e à nossa cultura – mais receptiva
e ajustável aos costumes estrangeiros. O País pode aproveitar oportunidades -
como a retomada financeira atual - para ganhar espaço. Mas
só terceirizar não é uma solução já que, de tempos em tempos, as empresas
buscarão locais com mão-de-obra mais barata. Este movimento aconteceu da Europa
para a Ásia e agora tende para as Américas, especialmente do Sul. O
Brasil tem potencial e capacidade para mais. Desde 1996, nossas eleições
utilizam o sistema eletrônico de coleta de votos mais moderno e seguro do
mundo, a “urna eletrônica”. Com isso, nos tornamos exportadores de automação
eleitoral. O nosso SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro –, que permite
transferência de recursos financeiros, além do processamento e liquidação de
pagamentos para pessoas físicas, jurídicas e entes governamentais é uma
referência mundial em segurança em movimentações financeiras. E,
desde o ano passado, a Receita Federal colocou em vigor mais um destes projetos
que demonstra todo o nosso diferencial: o SPED - Sistema Público de Escrituração Digital. Dividido
em três partes, o SPED Fiscal substituiu os Livros de Registros de Entrada e
Saídas, Livros de Apuração de ICMS e IPI, além do Livro de Inventário. Já o
SPED Contábil tomou o lugar dos Livros Contábeis Razão e Diário. E a nota
fiscal eletrônica veio para assumir o lugar da versão em papel. A partir de 1� de
setembro, cerca de 400 mil empresas, de 54 setores, entraram nesta
obrigatoriedade. Até 2010, 1 milhão de companhias estará usando este sistema. O
Brasil não foi o primeiro país a criar um projeto deste tipo, mas é o que está
conseguindo implementá-lo de forma mais efetiva. Chile e México também têm seus
projetos. Mas eles não são tão abrangentes, nem tão ousados quanto os daqui. E,
com nosso “jeitinho brasileiro” conseguimos desenvolver soluções criativas.
Sabemos nos relacionar muito bem e aceitamos culturas diferentes. Somos
esforçados e trabalhadores. Podemos cumprir as previsões e até superá-las,
avançando a passos largos no desafio de nos tornarmos uma potência. Afinal, TI
não tem fronteiras e nem tem sotaque; mas cobra resultados. *Mauro
Muratório é CEO do Grupo TBA. |
Autor: patricia BARTUIRA
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