POBRE SONÂMBULO



Não sei se sonambulismo é uma doença ou se e uma espécie de loucura. Sacanagem não é porque já vi sonâmbulos levaram muito prejuízo por isto.

É um defeito extremamente ruim, pois a gente não sabe e não controla o que faz e faz aquilo que em sã consciência não faria.

Eu soube de um sonâmbulo que à meia noite começava a gritar:

- Socorro! Socorro! O morro vai desabar por cima de mim. Socorro!

No quarto dormia um colega também que caiu na gargalhada, pegou um travesseiro e jogou na cabeça do sonâmbulo. O coitado deu um grito enorme e morreu.

Conheci outro sonâmbulo que todo dia à meia noite se levantava e ia à geladeira e comia a valer. Se fosse gordo eu daria um desconto, pois o gordo mente a valer para todo mundo, dizendo que está fazendo regime, passa o dia inteiro sem comer, quando dá meia-noite, que ninguém está vendo, ele vai á geladeira e enche a pança. Mas este sonâmbulo era magro. O problema é que depois ele estava farto, sentava-se numa poltrona e ia conversar, não sei com quem. Ficava quase uma hora conversando, depois ia dormir. No outro dia ele não sabia de nada. Se alguém, durante o transe lhe perguntasse alguma coisa, ele respondia normalmente, mas nada sabia no outro dia.

Um sonâmbulo, porém me chamou a atenção. Era um colega chamado Jair. Uma pessoa muito alegre. Rapaz jovem ainda com 23 anos de idade.

O problema é que ele trabalhava numa padaria das 4 às 7 da manhã. O resto do dia ele ficava jogando bola e ajudando a seus pais.

Porém, quase sempre que ia dormir, logo era atacado pelo sonambulismo e saía andando pela cidade sem destino. Conversava normalmente, porém percebia-se que ele não estava normal porque gaguejava muito. Bebida não era, pois ele jamais bebera. O povo já estava acostumado com ele. Sempre que gaguejava, sabia-se que ele estava dormindo.

Certa vez ele chegou da padaria. Estava muito suado, pois a procura de pão na cidade foi grande, já que era dia de festa. Chegou em casa, caiu na cama. Dormiu uma meia hora só. Levantou-se gaguejando muito, saiu meio sôfrego. Ninguém lhe acompanhou, pois já tinham-se acostumado. Ele foi direto para o rio, tirou a roupa e caiu na água, exatamente em um rebojo. Afundou imediatamente. Muita gente o viu e sabiam que ele não era de água,. Procuraram-no no fundo do rio, às margens e nada. O dia passou num verdadeiro sufoco para a família. Procuraram o corpo de bombeiros que investigou até a 2 quilômetros abaixo do local e nada. As buscas continuaram no outro dia e lá pelas 9 horas da manhã encontraram o corpo do rapaz numa garrancheira a uns 4 metros do rebojo.

Foi uma tristeza geral na cidade e agora quando há alguém com sintomas de sonambulismo, todos ficam de olho, pois pode ser fatal.


Autor: Henrique Araújo


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