Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)



Erilayne Oliveira Silva1, Cláudia Silva Lana2

 

1 – Estudante do curso de Farmácia da UNIPAC / Campus Ipatinga

2 – Professora mestre, docente da disciplina Fisiologia Humana da UNIPAC / Campus Ipatinga.

 

 

RESUMO

 

 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica e auto-imune que gera diversos quadros clínicos que tornam a vida do paciente em um verdadeiro caos. Normalmente 90% das pessoas com lúpus são mulheres em idade fértil.

 

Está doença pode ter períodos mais calmos ou severos, podendo também ter um período de remissão (Inatividade da doença) que ocorrer em qualquer momento do tratamento, desde este esteja sendo feito de maneira adequada.  No caso de um período de remissão parcial a doença pode ficar inativa por semanas, meses ou anos, em outros casos o paciente pode ter a doença permanentemente inativa (Este tipo de remissão ocorre raramente).

 

Este artigo tem como objetivo esclarecer a população sobre uma doença que apesar de não ser divulgada de maneira expressiva vem sendo cada vez mais diagnosticada pelos médicos.

 

 

Palavras-chave: Doença auto-imune; doença crônica; lúpus eritematoso sistêmico

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é um exemplo de doença inflamatória, auto-imune, que pode atingir múltiplas partes do corpo, principalmente a pele, as juntas, o sangue e os rins, e pode causar sérios problemas ao longo da vida. O sistema imunológico produz anticorpos para proteger o organismo de antígenos (corpos estranhos). Havendo uma desorganização imunológica, o sistema defensivo deixa de distinguir entre os antígenos e as células e tecidos do próprio corpo, direcionando anticorpos contra si mesmo, os quais reagem formando complexos imunológicos que crescem nos tecidos e podem causar inflamação, lesões e dores (Zerbini & Fidelix, 1989).

 

Os primeiros estudos acerca da doença aconteceram a partir da década de 50, quando o médico Pierre Cazenave constatou em várias pessoas lesões avermelhadas na face que cobriam o nariz e as bochechas, causando "feridinhas". Comparou-as às mordidas de lobo, dando à doença o nome de lúpus eritematoso (lúpus = lobo, eritematoso = vermelho) (Zerbini & Fidelix, 1989).

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

 

Estudos epidemiológicos apontam que o LES é mais freqüente entre mulheres, numa proporção de nove mulheres para cada homem, sendo sua incidência maior entre os 15 e 45 anos (Sato, 1999; Sato et al, 2002; Zerbini & Fidelix, 1989).

 

A evolução da doença é imprevisível, com períodos de doença alternando remissão. Pode ser fatal, no entanto, com os atuais avanços da medicina as fatalidades tem se tornado cada vez mais rara.

 

Existem três tipos de lúpus: lúpus discóide, o lúpus sistêmico, e o lúpus induzido por drogas.

 

O lúpus discóide é limitado á pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem na face, nuca e couro cabeludo. Aproximadamente 10% das pessoas com lúpus discóide pode evoluir para lúpus sistêmico.

 

O lúpus sistêmico é considerado mais grave que o lúpus discóide, podendo afetar quase todos os órgãos e sistemas. O predomínio de lesões na pele e nas juntas podendo também afetar outros órgãos e sistemas, como rins, pulmões, sangue, entre outros órgão e tecidos.

 

O lúpus induzido por drogas ocorre como consequência do uso de certas drogas ou medicamentos. Os próprios medicamentos para tratar o lúpus, podendo levar a um estado de lúpus induzido. É preciso ter certeza absoluta do diagnóstico antes de tomar remédios perigosos como; cortisona, antimaláricos como reuquinol, antiinflamatórios em geral.

 

 

Epidemiologia 

 

 

Há um nítido predomínio no sexo feminino, aparecendo geralmente durante os períodos férteis. É mais freqüente em pessoas de pele escura.

 

 

Sintomas

 

 

Zerbini e Fidelix (1989) sistematizam os principais sintomas da doença em ordem de incidência: artrite, febre, problemas na pele, tais como vermelhidão em "asa de borboleta", fotossensibilidade, queda de cabelo, fenômeno de Raynaud (coloração de mãos e pés), feridinhas no nariz e na boca, bem como cansaço, perda de peso, problemas renais, problemas pulmonares, problemas cardíacos, aumento de gânglios, depressão e, até, complicações neurológicas e psicóticas, que fazem parte de outras doenças. Essa combinação de sintomas diferentes em cada pessoa torna difícil o diagnóstico de lúpus. Contudo, as novas técnicas de laboratório e o maior conhecimento e habilidade dos médicos para identificar a doença tendem a minimizar as dificuldades do diagnóstico.

 

 

Causas prováveis do lúpus

 

 

A causa do lúpus é desconhecida. Provavelmente mais de um fator estão envolvidos no desenvolvimento do lúpus, vários estudos levam a algumas hipóteses:

 

§  Anormalidade do sistema imunológico que fazem com que o mesmo ataque as células e tecidos do organismo;

§  Stress (cientistas confirmaram a possibilidade da adrenalina ou cortisona influenciariam o desenvolvimento da doença);

§  Luz ultravioleta dificulta a retirada dos imunocomplexos da circulação, que se podem depositar em alguns tecidos provocando inflamação.

§  Substâncias químicas; alguns remédios como procainamida (para distúrbios do coração), hidrazida (para tuberculose), difenilhedantoína (para epilepsia) e hidralazina (para pressão alta).

§  Estatísticas demonstram que apenas 10% dos pacientes vão ter um parente próximo (pais ou irmãos) que já tinha ou venha a desenvolver a doença.  Outro dado é que apenas 5% dos filhos de pacientes vão desenvolver o lúpus.

 

 

Diagnóstico

  

Os exames mais utilizados para auxiliar no diagnóstico do Lúpus são:

 

§  Hemograma – É um exame que avalia as células sanguíneas de um paciente, ou seja, as da série branca e vermelha, contagem de plaquetas, reticulócitos e índices hematológicos.

§  Tete de Coombs (Prova da Antiglobulina Humana) – Trata-se de um exame sanguíneo que comprova que a anemia é resultante da produção de anticorpos contra as hemácias (anemia hemolítica).

§  FAN (Fator anti-núcleo) – exame pelo qual procura um anticorpo dirigido contra uma substância do núcleo da célula.

§  Urina – é realizado esse tipo de exame, pois com a lúpus pode haver o aumento de proteína (proteinúria) na urina.

 

 

Tratamento  

 

 

O tratamento do LES deve ser personalizado e dependerá, além da gravidade, dos órgãos ou sistemas afetados. No caso de envolvimento multissistêmico, o tratamento deverá ser orientado para a queixa de maior gravidade (Sato et al, 2002). A medicação mais potente para tratar o LES é o corticóide, no entanto, este também provoca diversos efeitos colaterais (enfraquecimento dos ossos, diabetes, catarata, inchaço do rosto e do corpo). Em alguns casos, os imunossupressores também são usados para regular a ação do sistema imunológico que se encontra desequilibrado (Zerbini & Fidelix, 1989).

 

Atualmente apesar dos avanços da tecnologia ainda não há uma cura para o Lúpus, porém existem tratamentos e pequenas mudanças de hábitos que podem trazer uma maior estabilidade ao paciente:

 

§  Prevenir infecções;

§  Cuidado ao administrar medicamentos uma vez que seus efeitos colaterais podem ser muito agressivos ao organismo;

§  Gestantes portadoras de lúpus necessitam de um acompanhamento médico rigoroso ao longo da gravidez, visto que a doença pode atingir também o feto;

§  Evitar exposição ao sol;

§  Exercícios regulares podem ajudar a prevenir fraqueza muscular e fadiga;

 

 

Impacto do lúpus no corpo

 

 

O lúpus traz diversos impactos no corpo como:

 

§  Sistema nervoso central e periférico: Psicose, dores de cabeça, disfunções cognitivas, depressão, febre baixo.

§  Rins: Insuficiência renal.

§  Sangue: Anemia, trombose, circulação de anticorpos e imunocomplexos.

§  Membranas mucosas e olhos: Úlcera nos olhos, nariz e boca.

§  Sistema gastrointestinal: náuseas, vômito, diarréia, mudança de peso.

§  Sistema reprodutivo: complicação na gravidez, abortos, irregularidades no ciclo menstrual.

§  Sistema músculo esquelético: fadiga extrema e artrite.

§  Pele: asa de borboleta, lesões cutânea fotossinsibilidade.

 

 

Curiosidades

 

 

Gravidez X hormônios X lúpus – A gravidez pode piorar os sistemas do lúpus ou desencadear uma crise. Mas por outro lado, pode trazer períodos de remissão. As razões para estas possíveis diferenças não são totalmente ligada as mudanças hormonais ocorridas durante a gravidez. Por isso, o planejamento por exames de rotina (urina e sangue) e monitoramento da gravidez, é essencial.

 

O impacto do lúpus em jovens – Algumas sugestões que podem ajudar: seja sensível às necessidades das crianças e jovens lúpicos, já que eles não têm estratégias de como lidar com a doença; se comunique adequadamente, veja e sinta os problemas com os olhos da criança ou jovem; trate o jovem como um adulto, na medida do possível; conscientize as pessoas que estão à volta da criança e jovem sobre o lúpus (professores e familiares).

 

Nível de depressão em lúpicos – É normal que a depressão apareça em alguns lúpicos, não só decorrente da doença em si, mas também pelo uso de medicamentos, além dos fatores da vida pessoal de cada um. Há sete fatores que indicam o grau de depressão: sentimento de fracasso, perda do interesse social, sentimento de punição, pensamentos sobre suicídio, insatisfação, indecisão e choro.

 

Diagnóstico do lúpus – Uma pesquisa conduzida pelo lúpus Foundation of Americana revela que mais da metade das pessoas afetadas pelo lúpus, esperam pelo menos 4 anos, e consultam 3 ou mais médicos antes de obterem o diagnóstico correto. Isto reforça a necessidade de maior conscientização entre pacientes e médicos sobre o que seja o lúpus e seus sintomas.

 

Anemia e lúpus – É um dos principais problemas hematológicos para os lúpicos, sendo bastante comum entre pacientes com doenças auto-imunes. Uma terapia de ferro e vitaminas pode ser eficaz na maioria das vezes. Entretanto, em caso de anemia crônica, esta terapia não resolve os problemas. Por isso, o exame para contagem de glóbulos vermelhos é rotina dentro da conduta médica de acompanhamento dos lúpicos.

 

Dentes e Olhos – Os sintomas mais comuns do Lúpus, em relação aos dentes e olhos, são sangramento nas gengivas e visão dupla, causados por problemas de coagulação e fraqueza dos músculos ópticos. Os lúpicos devem ir ao dentista e ao oftalmologista regularmente para que qualquer problema possa ser rapidamente diagnosticado através de exames clínicos rotineiros, ou mais específicos como o exame de fundo de olho.

 

Lúpus em Crianças – Cerca de 15% a 20% dos portadores de Lúpus, tiveram seu diagnóstico ainda na infância ou adolescência. As dificuldades e necessidades destes portadores estão inseridas em um universo bastante diferente dos adultos. É importante que os pais se informem e compartilhem suas experiências, se conectando aos filhos e esclarecendo suas dúvidas e problemas. Grupos de apoio podem ser de grande ajuda.

 

 

CONLUSÃO

 

 

O lúpus se trata de uma doença auto-imune rara, com maior ocorrência em mulheres, causando um desequilíbrio no sistema imunológico. Por apresentar diversas formas de manifestação clínica, traz ao medico certa confusão ao realizar o diagnóstico. Confusões pelas quais devem ser bem esclarecidas por se tratar de uma doença que exige cuidados rigorosos.

 

As pessoas que possuem lúpus necessitam de um tratamento cuidadoso por médicos realmente especialista. Pois sendo tratadas adequadamente possuíra condições de levar uma vida normal. Aquelas que não recebem esse devido tratamento acabam tendo complicações sérias.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

“Doenças do Colágeno”. In: Enciclopédia Familiar da Medicina e Saúde. 4ª Edição. Edição Exclusiva – Barsa, N/C, Volume I, p. 267.

 

“Lúpus Eritematoso”. In: Tudo – Dicionário Enciclopédico Ilustrado. 2ª Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p.811.

 

Sato, E. I. (1999). Introdução. In E. I. Sato (Org.), Lúpus Eritematoso Sistêmico - O que é? Quais são suas causas? Como se trata? (pp. 5-8). São Paulo: Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Sato, E. I., Bonfá, E. D., Costallat, L. T. L., Silva, N. A., Brenol, J. C. T., Santiago, M. B., Szajubok, J. C. M., Filho, A. R., Barros, R. T., & Vasconcelos, M. (2002). Consenso brasileiro para o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Revista Brasileira de Reumatologia, 42(6), 362-370.

 

Zerbini, C. A., & Fidelix, T. S. A. (1989). Conversando sobre lúpus: um livro para o paciente e sua família. São Paulo: Roca.

 

A TUA SAÚDE – Informações para uma vida saudável. Lúpus Sistêmico. Disponível em:< http://www.tuasaude.com/lupus-sistemico/>.  Acessado em: 15 out. 2009.

 

Ballone, G.J. – Lúpus Eritematoso e Psicossomática  In. PsiqWeb. Dispoível em: <http://gballone.sites.uol.com.br/psicossomatica/lupus.html>. Acessado em: 15 out. 2009.

 

GRUPO MARIMAR. Boletins Informativos: Lúpus. Disponível: <http://www.marimar.com.br/boletins/lupus.htm>. Acessado em:  18 out. 2009.

 

Kopersztych, Dr. Samuel. Lúpus. Entrevista concedida a Dráuzio Varella. Dispoível em: <http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/lupus10.asp>. Acessado em: 20 out. 2009.

 

LUPUS ONLINE. Lúpus. Disponível em: <http://www.lupusonline.com.br/>. Acessado em: 23 out. 2009.

 

NEDAI – Núcleo de Estudo de Doenças auto-imunes. Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Informações aos doentes: Lúpus.  Disponível em: <http://www.nedai.org/rubrica.aspx?id_seccao=51&id_rubrica=118&ord=6>. Acessado em: 23 out. 2009.

 


Autor: ERILAYNE OLIVEIRA


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