A ESCOLA E O MUNDO REAL.



Já pensou que se quando estamos aprendendo os primeiros números e as operações fundamentais, fosse nos apresentado uma equação matemática, ou quando estamos conhecendo as primeiras regras de português ter que ler palavras ou separar as sílabas de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. (significa: estado de pessoa que é acometida de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas, provavelmente o caso dos sobreviventes de Pompéia) lógico que não se vê tamanha incompetência em nossos livros didáticos, porem ocorrem muitas vezes palavras estranhas ao entendimento de nossos alunos, simplesmente pelo fato do mesmo não conseguir formar uma imagem mental do objeto designado pela palavra como é o caso de coisas que só se vê em cidades grandes, metrô, avião, elevador, ai você pode me perguntar: mas e a televisão e as figuras? E eu te digo, estas imagens não são imagens internas, não foram criadas pelo aluno, ele não relacionou a imagem com sua definição, porque simplesmente elas não lhe pertencem. Quando conseguimos criar uma imagem mental de uma determinada situação ou coisa nos apropriamos da mesma, a criança é muito imaginativa, o ser humano é imaginativo, fica fácil perceber isso quando analisamos o poder que a igreja exercia sobre as pessoas na idade média, eles usavam teatros e representações em pinturas, músicas, relatos, tudo para dar a imagem mais nítida possível do que seria o céu e o inferno, as pessoas com estas imagens na cabeça tinham como certo e verdadeiro os seus destinos caso não se adequassem. Nossas aulas deveriam começar com a frase: Fechem os olhos e imaginem que... A imaginação é a maior ferramenta que temos, e a prática me mostra que a leitura é o melhor meio de acesso, não uma leitura cadenciada, mas uma leitura cheia de gestos, caras, bocas e tudo o que nossos alunos tem direito, já está mais que provado que crianças tiveram leituras precocemente são de longe as que se desenvolvem melhor, então porque não gostamos de ler para nossos alunos ou mesmo para nossos filhos? Em muitos casos foi porque não tivemos ou não entendemos estes mecanismos que ocorreram quando quando éramos crianças. A primeira impressão é a que fica, frase batida porem verdadeira, também o primeiro contato com um conteúdo novo vai determinar se ele será agradável ou interessante na visão do aluno, ai que está a chave, este primeiro contato deve ser transmitido de forma que envolva uma boa história e que de alguma forma se relacione com a realidade do aluno, por exemplo, a revolução francesa, não ficaria mais interessante iniciarmos a aula debatendo os conceitos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade de forma que estes conceitos se inserissem no cotidiano do aluno, em sua vida ou mesmo na própria comunidade escolar, esmiuçando-os um por um com a efetiva participação dos alunos?  Fazendo com que eles deixassem claro até onde vai cada um deles no “real” dia a dia e daí expandindo-se a idéia para a vida em sociedade, para só então introduzir os fatos históricos referentes a Revolução Francesa ? o aluno vai se sentir na França em plena luta pelo que acredita, ele vai imaginar, formando em sua cabeça  imagens do que foi discutido e principalmente relacionando os “discursos do professor” com os seus “próprios discursos” estes conhecimentos não serão mais “apenas palavras”, mas verdadeiros quadros animados, na mente de nossos alunos, fixando estes saberes de forma que a aluno possa usá-los em suas novas experiências, serão como os ingredientes numa cozinha que servem para vários pratos, a cada nova combinação. O povo gosta de pagode, samba, funk, entre outros porem seu ouvido não foi treinado para perceber as nuances da melodia de Wagner, Bach, Tchaicovisky, Vivaldi., no primeiro caso estes artistas populares contam coisas significativas da vida e do povo brasileiro, no segundo os acordes somente serão lembrados se tiverem um significado, “uma imagem da música” como é o caso dos acordes simples de Henry Mancine na Pantera cor de rosa, a musica está relacionada com a imagem característica da Pantera cor de rosa, a musica lembra a pantera, a pantera lembra a música e simplesmente quem conheceu este fantástico desenho, que nunca usava diálogos ( coisa que o popularizou em todo o mundo, já que não precisava ser traduzido e você deve estar cantando em seu silencio: Taram,taram... )As imagens são linguagens universais, porque nos apropriamos delas, se pedirmos para um aluno em qualquer parte do mundo desenhar um gato, ele será muito parecido e todos saberão que é um gato independentemente da sua língua ou cultura, porem cada gato será único, fruto da imagem mental da criança. Temos então que quanto mais forem os estímulos para a formação desta imagem, deste quadro mental, maiores  serão as chances destes saberes serem apropriados pelos nossos alunos, o aluno tem que ver de alguma forma o que aprende.


Autor: Wolney Blosfeld


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