A dinâmica dos trabalhos em grupo.



É interessante quando observamos os esportes, o corpo em movimento, músculos em ação, a superação da dor e das dificuldades, porem falando em esporte não podemos deixar de observar outra coisa: o espírito de equipe tão falado observemos mais de perto o esporte, temos os esportes de equipe e temos os esportes individuais, é curioso e salta aos olhos  um fator que muitas vezes não percebemos, vocês já notaram que normalmente os esportes individuais como a esgrima, a equitação, o golfe, e tantos outros esportes tão valorizados pela sociedade tem algum tipo de funil só permitindo a passagem de pessoas de grande poder aquisitivo? Você pode estar me perguntando, mas e o Box, o karate, o halterofilismo, não são esportes individuais? A resposta é sim, porem observe que os primeiros e mais valorizados socialmente são esportes individuais não violentos. E  quanto aos esportes de equipe? Futebol, vôlei, basquete dentre outros, se analisarmos um pouco os atletas veremos que são pessoas (inicialmente) de baixo poder aquisitivo,( só alcançarão a projeção social de forma individual). Voltando agora sobre a dinâmica dos trabalhos em grupo, porque será que a maioria de  nossos alunos preferem fazer atividades em grupo ao contrário  de trabalhos individuais? A prática e várias situações tem me mostrado que o que faz os alunos preferirem trabalhar em grupo é a possibilidade de dividir responsabilidades, em grupo o aluno não precisa assumir a responsabilidade por seus esforços ou sobre a atividade proposta, até ai acredito que não fiz nenhuma descoberta pois todos nós já vimos isto acontecer, então qual a novidade nesta afirmação? A boa e velha observação me fez perceber que quando deixamos a critério dos próprios alunos escolherem seus companheiro de grupo, formam-se as tradicionais panelinhas, uma análise mais profunda destas panelinhas vão nos dar de antecipado os resultados de seus esforços, pois conhecendo os alunos de forma individual percebemos que os mais aptos se unem, porem nessa união muitas vezes percebemos pessoas que não são tão aptas fazendo parte de grupos com boas possibilidades de efetuar um bom trabalho, observando estes alunos percebe-se que a presença do menos apto não de deve a qualificação para o trabalho, coisa determinada pelos sucessos ou fracassos anteriores ( na avaliação dos seus colegas) e sim por ser o mais falante, o mais na moda ou se destacar por qualquer outra coisa menos a competência para o trabalho proposto, este aluno(a) de alguma forma materializa a vontade de vir a ser  de como ele/ela querem ser, no caso a vontade da maioria do grupo, então é aceito, e “escora” nos colegas para a execução do projeto. Nos outros grupos percebe-se claramente a distribuição dos alunos em degraus de acordo com o mesmo critério. Ocorre também ocasiões em que se formam “panelinhas” concorrentes, em que dois ou três grupos (três é raro) liderados por um aluno de “destaque” concorrem para se saírem melhor nos trabalhos é a “cultura do mais” agindo entre nossos alunos, esta situação não se concretiza de forma aproveitável quando misturamos as “panelinhas” ignorando os antagonismos pessoais e a rotulação dos colegas feita pelos próprios alunos. Acredito que a explicação para esta situação se deva a cultura do povo brasileiro para  as associações como forma de superar obstáculos, o grupo desta forma serviria como um trampolim para projeção de alunos mais “competentes” resta-nos então saber usar esta concorrência em beneficio da educação. Conforme vimos acima, quando solicitamos aos alunos que formem grupos com determinado número, este número nunca vai ser idêntico ao numero de componentes das panelinhas, ou vai ser maior ou menor, no caso de ser maior os alunos são obrigados a inserir no grupo componentes “estranhos” que ficam deslocados, no caso de números que não comportam os componentes da panelinha os membros sobrantes vão formar outros grupos, até que seja necessário a inclusão de um “estranho”. É interessante que em cada grupo surge a figura de um líder que vai coordenar os trabalhos dos colegas. Então a “cultura do mais” fará que o objetivo de cada aluno seja o de estar em grupos que “historicamente” foram bem sucedidos em trabalhos anteriores, comparado-se esta situação a escalada de uma escada, percebemos que os próprios alunos reconhecem os grupos com melhores chances de êxito nas atividades e almejam fazer parte destes grupos, porem não se sobe do degrau mais baixo para o degrau mais alto sem se passar pelo degraus intermediários, é esta situação que devemos aproveitar, dentro do grupo de alunos considerados “mais atrasados” o mais simples elogio do professor a um dos componentes deste grupo faz com que este aluno no próximo trabalho galgue um degrau no conceito dos colegas de turma e conforme observei, no próximo trabalho em grupo aquele aluno passa a fazer parte de um grupo “mais conceituado”, temos então a geração de competição entre os alunos por qualquer forma de aprovação do professor, porque este, dita os critérios  e dá os “elogios”, por mais que se negue, é nosso o trabalho de arbitrar  os esforços de nossos alunos, medindo, calculando meticulosamente cada avanço, já que como vimos os conceitos, elogios e até os menores gestos do professor são moedas correntes que farão com que os alunos galguem os degraus sociais estipulados e conceituados por eles mesmos no micro mundo da sala de aula.


Autor: Wolney Blosfeld


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