Será que são todos farinha do mesmo saco?




O diploma para o exercício da profissão de jornalista não é mais obrigatório desde o dia 18 de junho deste ano, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou não compatível com a Constituição Federal. Porém, as discussões que rodeiam a votação deste Recurso Extraordinário continuam constantes nas conversas entre jornalistas por formação, profissionais da área e estudantes.
Considerar que um jornalista não precisa de nenhum tipo de embasamento teórico para se tornar um profissional apto a lidar com as situações do dia-a-dia do trabalho não está relacionado com a liberdade de expressão, como afirmou o ministro Gilmar Mendes. Entretanto, a decisão do STF, com oito votos a um, não é de se estranhar, mas se contraria com o atual cenário político.
Com tanta sujeira rolando na Câmara dos Deputados, no Congresso Federal, nos governos estaduais e municipais e até no STF, os jornalistas vem fazendo o seu papel, de apurar os fatos de forma correta para assim divulgá-los aos interessados, que é toda sociedade. Mas para os oito ministros, a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), os políticos e a grande mídia, que aprovaram o fim da obrigatoriedade do diploma, o jornalista não instruído não irá denunciar as falcatruas que realizam. Ai que se enganam.
Durante os quatro anos de faculdade, o aspirante a jornalista é deparado, diversas vezes, com o código de ética para exercer a profissão. Nele podemos encontrar a seguinte função: a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público. Logo, um jornal ao optar por contratar um jornalista não diplomado, além de pagar o quanto lhe convém, também poderá exigir com que o mesmo produza conforme o seu interesse. Ou seja, conforme o interesse privado do jornal.
Assim, os que aprovaram o fim do diploma vão se deparar com um jornalismo ainda mais voltado ao interesse único dos donos dos veículos de comunicação. E se não firmarem parceiras com os mesmos, serão o assunto principal da próxima edição. Portanto, é melhor contar com um profissional comprometido com a verdade única dos fatos e com o direito a informação, pois nem todos são farinha do mesmo saco. Há aqueles que sabem dar aquele “jeitinho brasileiro” para contornar uma denúncia a ser publicada.
 



Autor: Natália de Oliveira


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