Hipocrisia A Respeito Da Violência Baseado No Filme Laranja Mecânica



De acordo com o diretor do filme, Stanley Kubrick: "... ainda que exista uma grande hipocrisia a respeito da violência, todas as pessoas estão fascinadas por ela. Afinal, o homem é o assassino mais cruel que já pisou na face da Terra."

O filme é uma história de crimes e castigos, de ascensão, queda e redenção, percorrida por um humor negro. O diretor faz uma sátira a respeito dos desequilíbrios da sociedade moderna numa narrativa acerca do lado negro da existência e do comportamento humano.

O primeiro instituto é a família- tudo começa com o meio que ele vive. O protagonista do filme é um jovem com cerca de 18 anos, estudante, violento, marginal, líder e muito inteligente, arrogante, hipócrita, sociopata, sarcástico, narcisista, manipulador, imoral e tem umtendência sexual aflorada de forma perversa. Ações de violência para o protagonista são sinônimos de prazer, sendo que sua música predileta é a nona sinfônia de Beethoven, na qual lhe traz ilusões da suas orgias e imoralidades. Sua família, que faz parte da classe média da sociedade, inicialmente não tem consciência do comportamento do filho, são pessoas ignorantes e muito instáveis, assim os tornando um família destruturada.

E o segundo instituições e a prisão --em decorrência de um homicídio e a traição de seus amigos, a primeira instituição que Alex passa é o da carceragem na qual teve de cumprir a pena sozinho. O Estado impõe com violência seus parâmetros de normalidade e suas instituições distinguem o aceitável do inaceitável. O Estado atua com o dogma dos detentores de um saber: o que é bom e o que é mau. Alex é traído por seus companheiros e cai na mão da polícia sendo condenado a uma pena pesada e enviado a uma prisão. Durante o seu tempo na prisão, Alex atrai a confiança de um reverendo, porém hipocritamente sonhando com práticas de violência.. Nisto Alex tenta reaver sua liberdade se sujeitando ao Tratamento Ludovico, que é a proposta oportunista do governo para acabar com a criminalidade. A proposta é coagir os criminosos e infratores a se tornarem inofensivos a qualquer iniciativa de agressividade.

O Tratamento Ludovico é a terceira instituição na qual Alex passa. É um método de lavagem ao cérebro que anula todo o livre-arbítrio da vitima. Este tratamento é destinado a abominar a violência, e reprimir o mal, a custas da anulação de personalidade do indivíduo. O livre-arbítrio é suprimido pela náusea, que torna Alex incapaz até mesmo de lutar pela sua própria integridade. Mas o erro do tratamento foi que a música de Beethoven que Alex adorava foi incluída nas seções e com isso se torna insuportável para ele escutar a nona sinfonia. Alex mostra sua paixão e respeito pela obras de Beethoven no qual ao ouvir sua música, transcende sua vida de marginalidade, se mostrando sensível a estética da arte da música, mostrando assim a sua pureza no momento do contato com a arte. Trata-se do mais puro behaviorismo, que consiste em condicionar o paciente a rejeitar todo comportamento anormal. Com o tratamento Alex é colocado para assistir vídeos com cenas de violência, mas antes lhe injetam um medicamento para provocar o mal estar. Associados ele neutraliza sua agressividade natural e se transforma em um cidadão modelo.

O ideal do estado é ter sob seu comando cidadãos que não contestam a forma que o Estado estabelece suas leis e formas de aplicá-las, vivendo assim num senso comum. O marginal Alex é de certa maneira tão bem condicionado que aceita o conceito de normalidade que lhe é imposto durante o tratamento sendo assim aniquilado o seu potencial da marginalidade. Sendo assim, Alex é liberado da prisão e volta a sociedade acreditando que agora era um cidadão bom. Então volta para o seio da família que o rejeitando decidem não acolhê-lo, então não tendo aonde ir volta para as ruas onde encontram todos aqueles que foram agredidos por ele, mas agora a história inverte os papéis sendo que é ele quem é violentado neste momento.

A quarta instituição que Alex é submetido- um dos personagens violentados e que agora buscam vingança, o escritor deseja usar o protagonista para culpar o governo de colocar em prática um tratamento falho e desumano usando assim o Alex como instrumento de luta contra o podere procura a vingança pessoal contra ele utilizando a musica para submeter ao seu suicídio.

Alex já no Hospital se recuperando da queda, recebe a visita do político que comandou a experiência proponha que Alex aceite tornar o seu novo funcionário. Abraçado ao político acena para os jornalistas com seu sorriso de sarcástico que esta curada. Agora o governo tinha um ex-líder de gangue tornando assim um político astucioso.

O diretor demonstra que as instituições do Estado, sobretudo quando estas do lado da ciência praticam uma violência idêntica, portanto podemos concluir que a realização da moral não é somente um empreendimento individual, mas também social. Não somente um processo de moralização no qual influem, de maneira diversa, as diversas relações sociais e organizações e instituições sociais.

O protagonista apresenta um comportamento moralmente condenável, ao mesmo tempo em que vive numa sociedade também aparentemente degradada. Apesar de ter sido submetido ao tratamento que lhe teria castrado a índole violenta, ainda assim percebe-se ao final do filme que esta se manteve intacta. Na verdade em nenhum momento tornou-se "bom", mas apenas foi coagido a ser passiva a violência externa. Quando sentia necessidade de ser violento, mesmo que o para proteger sua própria integridade, acabava sentido fisicamente através das náuseas a incapacidade do livre-arbítrio. Não se tornou um cidadão melhor, mas apenas teve sua individualidade reprimida através de um tratamento desumano.


Autor: Maíta Ponciano


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