Facilidade Eletrônica ou Economia Bancária



Ontem ao colocar meus pés em casa e preparar-me para o tão esperado "Happy Hour", percebi que não havia pago meu condomínio. Ao olhar o boleto imaginei meus desocupados vizinhos falando aos cochichos pelos corredores: Lá vai o inadimplente; se não paga o condomínio deveria subir de escada etc e tal....

Relutei com a idéia de ir ao banco àquela hora, mas traumas passados não permitiram. Então lá vou eu, após um dia de trabalho ter meu "relaxamento" no caixa eletrônico.

Ao entrar no banco, não acreditava no que via: Uma enorme fila com mais de cinquenta pessoas à beira de um ataque de nervos. Não tive escolha e coloquei-me no final da mesma.

Parecia fim de feira, todos resmungando ao mesmo tempo, sem contar, é claro, que sempre tem um espertinho querendo furar a fila. Após muito tempo chegou minha vez; de repente uma senhora que acaba de entrar no recinto vem em minha direção, praticamente me expulsando do terminal, dizendo que precisava sacar dinheiro rápido, pois estava há três dias sem comer (isto foi real !!!). O resultado foi imediato, as outras pessoas além de rir ironicamente, fizeram ela desistir desta "maravilhosa desculpa" para não entrar na aterrorizante fila.

Após digitar inúmeras senhas, letras de acesso, um frenético tira e põe de cartão e sempre atento, pois algum gatuno poderia estar observando meus hábeis movimentos secretos; após esta maratona consegui fazer minha transação com sucesso.

Ao sair do banco, olhei novamente aquele bolo humano, acreditando ser um respeitado cliente. Imediatamente me lembrei dos anos noventa, onde o banco, verdadeiro símbolo do capitalismo elitista e selvagem, diga-se de passagem, oferecendo a enorme "vantagem" do atendimento eletrônico, feito para facilitar a vida do cliente.Uma década depois percebemos que "pra variar" fomos ludibriados.Além de nos tirar o atendimento humano com direito a cafezinho e belas atendentes, os bancos nos colocaram frente a frente com uma tela fria e impessoal, onde não podemos nem passar uma cantada.

Atualmente os postos de trabalho diminuíram, as filas aumentaram de tamanho e de tempo de espera, pois antes era só no expediente bancário e agora vem também roubar meus agradáveis momentos de Valadares. Afinal isto é uma facilidade eletrônica ou mais uma jogada bancária. Sem falar das taxas... bem paciente leitor, esta fica para a próxima.

Joaquim Barbosa de Almeida Netto


Autor: Joaquim Barbosa de Almeida Netto


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