PATATIVA DO ASSARÉ: UM CANTO TRANSFORMADO EM POESIA DE VIDA



PATATIVA DO ASSARÉ: UM CANTO TRANSFORMADO EM POESIA DE VIDA.

O PÁSSARO SERTANEJO DE MIL E UM SONS.

Patativa do Assaré é o nome do poeta, o mais famoso dessa prole; carregou consigo as marcas de um cotidiano feito de rimas; nas lembranças do pai relembrava os gracejos rimados por ele. Seria a primeira matriz da voz cantada em rimas. Encantado, o menino fez daquela sonoridade a sua companheira. Voz e rima,a navegar no chão seco da roça,nos recôncavos da natureza,os mil e um sons de um pássaro a ecoar.

Sua trajetória poética experimentou cantorias e seus desafios, o cordel e sua dicção repentista, a alfabetização iniciática e as leituras de clássicos da poesia universal (Camões e Olavo Bilac). A prática da leitura tornou-o um autodidata, porém só se interessava por livros de histórias e conhecimentos gerais, mas que só os lia para garantir os conhecimentos sobre os quais trabalharia em forma de poesia.

Patativa apesar de ter freqüentado a escola por poucos meses, possuía uma habilidade inquestionável nas letras e nas formas de interpretar o mundo através de seus versos. Um gênio da memória e oralidade é dono de uma vasta produção cultural que alcançaria o rádio e se difundiria midiaticamente até atingir múltiplas percepções e desfazer a fronteira tênue entre o que se considera "popular e erudito", "regional e universal".

Patativa é consciente do seu dom e do seu valor como poeta, e ele afirma categoricamente isso quando diz: "poeta que tenha criatividade como o Patativa tem, são poucos viu?" "É raro". (Feitosa, 2003:38).

O que se vislumbrava na trajetória de Patativa do Assaré é um permanente diálogo dele com o seu meio social, quer esse diálogo se dê em prosa ou em rimas.

Sua companheira favorita era a natureza, espécie de musa inspiradora. Gostava de trabalhar sozinho, para que enquanto resolve a terra, planta, limpa; pudesse refletir melhor sobre as coisas da vida, um fazer laborioso, que garantia o sustento tanto do corpo, quanto da poética.

Nas entrevistas, nem sempre se mostrava como o mesmo homem do cotidiano, tinha um certo cuidado com as aproximações mais incisivas; quando em conversas com admiradores anônimos, se limitava a usar chavões, que se tratava de clichês, ou seja, respostas prontas.

"Patativa não ouve aquilo que não deseja ouvir e tem saída das mais inusitadas para as perguntas indesejáveis". (Feitosa, 2003:18).

É importante enfatizar o quanto ele primava por um discurso preferencial sobre si e sobre sua obra, direcionando a imagem a ser difundida pela mídia e entre seus pesquisadores.

Era um homem de forte personalidade, talvez até intolerante, mas caracterizar o poeta vai além dessas minúcias, é buscar no mais íntimo, a forma como Patativa interpretava as coisas e como seus versos falavam sobre a vida, os amores e as lutas não apenas dos nordestinos, mas de todo povo marginalizado.

Um poeta à frente do seu tempo; a voz em Patativa do Assaré é um canto transformado em vários cânticos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ASSARÉ, Patativa do, Digo e não peço segredo. São Paulo: Editorial presença, 2001.

CARVALHO, Gilmar de. Antologia poética. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.

FEITOSA, Luiz Tadeu, Patativa do Assaré: a trajetória de um canto. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.


Autor: Janaina Cordeiro


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