TOC: Doença ou Mania?



TOC: DOENÇA OU MANIA?

 

ALMEIDA, Cátia Cristine Leite de, acadêmica de Psicologia da Faculdade de Quatro Marcos – FQM.

 

Resumo:

O TOC, transtorno obsessivo-compulsivo, é um transtorno crônico heterogêneo caracterizado por pensamentos, idéias ou imagens intrusivas, em geral desagradáveis ou ameaçadoras (obsessões), que entram involuntariamente na consciência do individuo causando-lhe sofrimento e ansiedade. Estas obsessões freqüentemente são acompanhadas por atos repetitivos e estereotipados realizados no sentido de aliviá-las.

O TOC na década de 60 era visto como um transtorno mental de prognóstico ruim, e até hoje é confundido, pelas pessoas, com simples manias, classificação que muitas vezes impede que alguns portadores deste transtorno procurem tratamento adequado.

 

Palavras-chave: Transtorno. Obsessões. Atos Compulsivos.

 

Introdução:

Segundo CID-10, os aspectos essenciais do TOC são pensamentos obsessivos ou atos compulsivos recorrentes. Pensamentos obsessivos são idéias, imagens ou impulsos que entram na mente do individuo repetidamente de uma forma inalterada. Eles são quase invariavelmente angustiantes, e o paciente usualmente tenta, sem sucesso, resistir-lhes. Atos ou rituais são comportamentos estereotipados que se repetem muitas vezes. Eles não são em si mesmo agradáveis, nem resultam na execução de tarefas inerentemente úteis.

Aristides Volpato Cordioli diz que o TOC acomete cerca de 2,5% da população geral, sendo considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais freqüente. A incidência é maior em classes sociais baixas, entre indivíduos com conflitos conjugais, divorciados ou separados e desempregados.

 

Diagnóstico

 

Para um diagnóstico definitivo, segundo a CID-10, sintomas obsessivos, atos compulsivos ou ambos, devem estar presente na maioria dos dias por pelo menos duas semanas consecutivas e ser uma fonte de angustia ou de interferência com as atividades.

Os sintomas obsessivos devem ter as seguintes características:

·         Eles devem ser reconhecidos como pensamentos ou impulsos do próprio individuo.

·         Deve haver pelo menos um pensamento ou ato que é ainda resistido, sem sucesso, ainda que possam estar presentes outros aos quais o paciente não resiste mais.

·         O pensamento de execução do ato não deve ser em si mesmo prazeroso.

·         Os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.

 

Obsessões

As obsessões são pensamentos ou idéias, impulsos, imagens, cenas, palavras, frases, contagem, dúvidas que invadem a consciência de forma repetitiva, persistente e estereotipada, que o paciente não consegue evitar, seguidos ou não de rituais destinados a neutralizá-los.

Lavar as mãos repetidamente, verificar portas, repetir perguntas, contar, repetir uma palavra, uma frase, uma música, são exemplos claros dessas obsessões.

Os conteúdos relatados pelos pacientes referem-se habitualmente à agressão e à perda de controle, a ferir alguém, a negligência, a ser pouco honesto, aos acidentes, à sexualidade, à religião, à contaminação e às doenças.

 

Tratamento

O objetivo do tratamento consiste em mudar o conhecimento do paciente sobre as obsessões, evitar a neutralização e permitir, assim, que os pacientes se habituem com os pensamentos obsessivos. A freqüência e a duração dos pensamentos e o mal-estar causados por eles diminuirá consequentemente.

Neste tratamento os objetivos específicos são:

·         Proporcionar uma explicação adequada das obsessões.

·         Fazer com que o paciente entenda o papel da neutralização na manutenção dos pensamentos obsessivos.

·         Preparar o paciente para a exposição aos pensamentos e às situações que desencadeiam as obsessões.

·         Corrigir, quando necessário, a superestimação do poder e da importância dos pensamentos.

·         Corrigir, quando presente, o exagero das conseqüências de medo especifica associadas ao pensamento.

·         Corrigir, quando presente, o perfeccionismo e a responsabilidade excessiva.

·         Fazer com que o paciente perceba as situações em que está mais vulnerável à recaída.

·         Preparar as estratégias a serem utilizadas quando ocorrer a recaída.

O programa é padronizado e cada paciente recebe todos os componentes do tratamento. Por outro lado, também é individualizado, já que o tipo de exposição, os objetivos da prevenção da resposta e da correção variam de acordo com as características de cada paciente.

Os pacientes recebem normalmente de quatro a cinco meses de tratamento, incluindo cerca de três meses com duas sessões terapêuticas por semana.

Os psicofármacos mais eficazes consistem em antidepressivos que inibem a recaptura da serotonina como a clomipromina, sertralina, paroxetina, fluoxetina e fluvoxamina. Quando adequadamente tratados, pelo menos 2/3 dos pacientes obtêm melhora significativa.

 

Considerações Finais:

O TOC é uma doença que apresenta uma fenomenologia rica e diversificada, com infinitas possibilidades de apresentação, o que pode dificultar sua identificação. O grau de critica pode variar entre os pacientes e no mesmo individuo conforme a ocasião.

Podemos constatar neste caso que o TOC é um transtorno no qual se pode obter uma melhora significativa, desde que tenha um bom acompanhamento psicológico, e que siga o tratamento corretamente até o fim.

 

Bibliografia:

 

CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais. 2ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

 Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

 

CABALLO, Vicente E.. Tradução Magali de Lourdes Pedro. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos: Transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos. São Paulo: Livraria Santos Editora Comp. Imp. Ltda., 2003.


Autor: Cátia Cristine Leite de Almeida


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