A Empregabilidade Atual Apaga o Fantasma do Desemprego?



O ano de 2009 pode ser considerado o ano do desemprego em decorrência da crise econômica que se iniciou no mercado norte americano e acabou afetando o mundo todo. A criação de empregos formais entre janeiro e março chegou ao menor nível desde 2003, primeiro ano do governo Lula, segundo dados do Jornal Folha de São Paulo, em 02/01/2009.

Contudo, por mais que medidas sejam tomadas para minimizar tal fato, há ainda um outro problema que precisa ser resolvido em paralelo à criação de novos postos de trabalho: a falta de capacitação dos cidadãos. Podemos "culpar" o governo que deixa a desejar na educação básica, ou podemos culpar a própria pessoa pela acomodação com a situação. Independente dos culpados percebe-se que a sociedade não está acompanhando o ritmo da globalização. Cada vez mais as empresas priorizam profissionais "diferenciados", com criatividade, adequados e preparados para as novas necessidades de um mercado em constante mudança. Mas qual a percepção das pessoas em relação a estes fatos?

Para responder esta pergunta, alunos das Faculdades Spei do curso de Gestão de Recursos Humanos aplicaram um questionário a 690 pessoas com o intuito de identificar a percepção dos profissionais em relação ao número de demissões nos últimos 6 meses e a justificativa de tais demissões.

Conforme Gráfico 1, os dados demonstraram que 36% das pessoas acreditam ter aumentado o número de demissões em suas empresas e 38% acreditam que não, outros 26% preferiram não arriscar sobre tal informação. Tecnicamente, houve empate em relação à percepção do número de demissões. Detalhando este percentual percebemos que do total que acreditou ter aumento o número de demissões aproximadamente 55% são mulheres e 44% são homens sendo a maioria atuante na área de serviços e comércio, ambos com aproximadamente 34%.

Gráfico 1

Tal percepção se confirma pois segundo uma outra pesquisa realizada pelos alunos das Faculdades Spei dos 32,9% que foram efetivamente demitidos nos últimos 5 anos aproximadamente 55% são mulheres. Contudo, aproximadamente 38% são do comércio e 27% da área de serviços.

Fato interessante é identificar que as demissões têm sido mais femininas do que masculinas. Isto demonstra que o comércio e serviços estão se tornando setores femininos e mais sensíveis às turbulências econômicas.Claro que para afirmar com precisão tal afirmação não seria possível pois a pesquisa deveria contar com uma amostra muito maior abrangendo todos os setores. Contudo pode-se dizer que há indícios de uma mudança em direção à diversidade de gênero nas empresas e na autoestima das mulheres uma vez que estão se tornando chefes de família.

Esta pesquisa também constatou que 63,4% das demissões foram ocasionadas pelas empresas, outros 30% foram motivados pelos próprios empregados. Estes por algum motivo resolveram buscar novas oportunidades no mercado, conforme mostra Gráfico 2.

Gráfico 2

Conforme Gráfico 3, dos 690 entrevistados 67,2% não puderam opinar sobre a justificativa das demissões pois não foram demitidos nos últimos 5 anos. Contudo, a pesquisa demonstra que apenas 8,7% das pessoas foram demitidas pelas empresas em decorrência da crise econômica o que desmistifica o boato que tanto ouvimos dizer que as empresas estavam "usando" a crise como argumento para demitir pessoas. Outra justificativa dada pelas empresas aos funcionários foi de que não atendiam mais as expectativas da empresa (5,2%), isto mostra a falta de profissionais qualificados no mercado. Já 10,9% dos pesquisados desconhecem o motivo da demissão. Tal dado demonstra que pode existir uma falha na comunicação entre o empregado e o empregador. Podemos dizer que a empresa não vem passando transparência aos funcionários, sendo muitas vezes demitidos sem saber o motivo. Uma boa alternativa para analisar melhor estes casos, é a entrevista de desligamento, ferramenta muito utilizada em várias organizações, que tem como objetivo avaliar os pontos fortes e fracos da empresa durante o período de trabalho do colaborador.

Gráfico 3

Depois de muitas demissões em massa, no auge da crise econômica mundial, o mercado mostra sinais de melhorias. O setor automobilístico revela que as vendas de carros novos aumentaram em decorrência da baixa do IPI (Imposto de Produto Industrializado) e é o responsável por 88% das vagas no setor. Foram abertas cerca de 300 novas vagas, conseguindo reverter 8 meses seguidos de queda do número de empregados. Conforme notícia publicada no jornal O Estado de São Paulo em 10/08/2009, por Cleide Silva, - "ainda fora das estatísticas oficiais do setor, quatro montadoras abriram, a partir do mês passado, perto de 2 mil vagas, o que deve melhorar os dados de empregos nos próximos 12 meses, constata também que os números serão ainda melhores, a empresa Renault está contratando 600 funcionários para ampliar sua produção diária em São José dos Pinhais (PR) em quase 40%". Conforme outra notícia publicada no jornal "Gazeta do Povo" em 11/11/09, o Ministro de Trabalho Carlos Lupi, diz que a economia do Brasil está pronta para 2010, e acredita que o número de empregos criados dobrará em relação a 2009, que foi 1 milhão de novas vagas, então para 2010 esperamos 2 milhões de novas vagas. Isto mostra que o índice de demissões que já causou muita pressão nos brasileiros hoje não assusta tanto como antes.

Podemos concluir que embora novos postos de trabalho estejam sendo ofertados, principalmente no final do ano com novos empregos temporários, não é fator primordial para exterminar o fantasma do desemprego. Os profissionais não podem esquecer de buscar aperfeiçoamento constantemente em alguma tarefa específica ou profissão. Isto incluiu ser uma pessoa melhor em constante autodesenvolvimento, fator primordial na hora de decidir quem demitir. Para algumas empresas nossa sugestão é atentar para a questão do feedback na hora da demissão ou uma entrevista de desligamento para que os funcionários possam conhecer o motivo pelo qual estão deixando a organização. De ambos os lados, profissionais e empresas, uma questão é certa: a crise pode trazer oportunidades basta cortar o "s" da palavra e começar a criar e se desenvolver.


Autor: Anne Caroline Ferreira


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