Refletindo um pouco mais
REFLETINDO UM POUCO MAIS
Sempre considerei-me um homem moderno.
Não sou um homem culto.
Não sou uma pessoa da elite - de qualquer elite.
Não sou um intelectual, não sou um profissional.
Fora do meu campo, meramente técnico, sou apenas um sofrível amador.
Tenho tentado, o tempo todo, ficar a par do que anda pelo mundo.
Sigo o progresso, os retrocessos, as mudanças de idéias e de opiniões.
Analiso as mil artimanhas que as pessoas, as tribos, as corporações, os povos, inventam diariamente.
Percebi, como muita gente, que todos despejam suas lorotas no mundo. para tentar levar a sua vida da melhor maneira – e as vezes, apenas para infernizar a vida dos outros.
Agora, depois de muito tempo, constato a absoluta inutilidade deste esforço todo; e explico por que:
Vejo um comício, uma entrevista, uma conferência.
Leio um artigo, um livro, um manual.
Discuto com meus vizinhos, procuro entender o que está certo e o que devo considerar errado, porque se opõe aos meus princípios.
Leio, escuto, vejo, acompanho; e tento chegar à verdade, que é diferente para cada um, e muitas vezes, contrastante, oposta.
O máximo que alguém pode transmitir é a sua própria opinião; e frequentemente esta é apenas uma mentira, mascarando a verdade que ninguém jamais chega a agarrar.
Por fim, devo reconhecer que me é impossível chegar lá, onde provavelmente a verdade se encontra.
Como nos grandes vazios do universo.
Quando aponto o telescópio para uma estrela e a observo em todos seus pormenores, seu brilho, sua velocidade, sua massa, devo forçosamente lembrar que ela não se encontra mais lá, há muitos milhares de anos.
O que vejo, é apenas uma imagem de algo que não existe mais.
Uma fotografia de um passado distante.
A verdade não é o que vemos; mas apenas, o que imaginamos.
Autor: Romano Dazzi
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