SINHÁ JURAIA



SINHÁ JURAIA

 

      Vamos pai, o Baio está pronto, basta montar. Chegaremos na vila daqui  a duas horas e meia. O senhor vai agüentar, “SINHÁ JURAIA”, vai curá-lo desse mal. A sua carne ferida apodrecendo, ai na sua perna será milagrosamente curada.

 

     Sim, o velho CHICO, há uma semana havia sido picado por uma serpente venenosa, durante o seu serviço roceiro.

 

     Diante do tamanho perigo, usou de suas experiências populares, a exemplo de remédios de ervas do mato, rezas... Nada adiantou! O inchaço era grande e já com primórdio de necrose, uma piora assustadora! CHICO estava quase morrendo, perdia paulatinamente a sua visão, febre alta, dores insuportáveis.

 

      No vilarejo mais próximo dos seus alqueires de terra constituído por um povo humilde, também em sua maioria dedicado à agricultura, morava “SINHÁ JURAIA”. Uma senhora da raça negra, crente na fé em Deus. Filha de pais benzedores, teve como hereditariedade essa missão de curandeira.  Todos os males por ela socorridos obtinham êxito de cura. Era por demais procurada. Pessoas sofridas, sob as suas enfermidades andavam a pé, de carroça, a cavalo por léguas até chegar a casa santa de “SINHÁ JURAIA”. Registravam-se casos “perdidos” que após o toque das mãos dessa benzedeira, saiam curados ou pelo menos, dias depois, o mal era sanado.

 

      A casa humilde de “SINHÁ JURAIA” era confortada às pessoas, que nela depositavam a sua fé e confiança. Além do forte benzimento, ela receitava remédios através de ervas vegetais, muitas delas plantadas no seu próprio terreiro do quintal, entre uma pequena horta cultivada por ela. Para cada mal havia uma planta específica para o caminho da cura.

 

       E, como outros tantos necessitados de cura, ali estavam a caminho, o velho CHICO, a vítima picado por cobra venenosa, junto do seu filho HONÓRIO, rapaz simples nos seus trinta anos de idade. Muito dedicado ao pai, solteiro. Somente ambos sobreviviam, a mãe e mais dois irmãos há haviam partido para junto de Deus.

 

         O velho muito ruim, desanimado, sob escaldante sol, tentava suportar a dor e abatimento, percorria um caminho, quase sem fim, isso quando se almeja chegar logo ao destino estabelecido. Ambos os cavalos trotavam também cansados pelo enorme percurso.

 

         Num determinado momento CHICO pronunciou ao filho:

 

         -HONÓRIO, não aguento mais, o seu pai está morrendo. – Tenho pena por deixá-lo sozinho. Cuidado com os bichos daninhos da nossa terra... –Veja o grande mal que me afligiu!

 

         Demonstrava uma das últimas recomendações daquele generoso pai ao seu querido filho.

 

         HONÓRIO sem saber o que fazer aproximou de uma sombra de árvore, com cuidado ajudou o pai a descer do seu cavalo, deitando-o, tentando fazê-lo refrescar com a água  que carregavam num pequeno tonel de madeira rara. CHICO ardia em febre, boca seca e já à beira da morte, perdia com vagar as suas forças até que essa libertação se desprendesse daquele sofrido corpo. O filho HONÓRIO, já desanimado, via tudo sem solução, faltavam recursos. Começou a rezar, recomendando o senhor, seu pai a Deus, mesmo sob muita emoção, tristeza e lágrimas.

 

         Chamou-lhe atenção, um barulho que apontava bem longe, naquela estrada bem reta. Mirou os olhos firmemente e reconheceu ser um veículo, vindo nessa direção, de onde se encontravam. Um momento de esperança brotou em HONÓRIO. O pai moribundo ainda teria chance de um rápido socorro.

 

         O veículo foi chegando cada vez mais e parou!

 

         O que foi ZÉ HONÓRIO? Disse aquele senhor, um rico fazendeiro das redondezas.

 

         O meu pai coronel AMÂNCIO foi picado por uma cobra, já há alguns dias atrás, agora passa mal, está morrendo... -Estávamos tentando chegar na casa de “SINHÁ JURAIA”. –Vejo não mais dar tempo!

 

         -Meu Deus pronunciou o fazendeiro!

 

        De repente para surpresa ou obra Divina, rapidamente desce do veículo do fazendeiro, a própria “SINHÁ JURAIA”. Correu depressa em direção do velho CHICO, que desfalecido estava esticado sob a sombra da frondosa árvore. Ali era tocou no velho, fechou os seus olhos e orou! Disse em seguida: _ ELE VAI SER CURADO! –Lave a perna dele com a “erva emacias do campo”, por várias vezes ao dia. –Essa água que acabo de benzer, (a mesma que carregavam), deve ser tomada constantemente por ele e, com o cuidado de ir repondo-a para que não se acabe de uma vez. –Depois que ele estiver melhor, leve-o para eu completar os benzimentos.

 

         -“SINHÁ JURAIA” mas como à senhora surgiu aqui, um milagre, perguntou HONÓRIO?

 

         Coronel AMÃNCIO, o fazendeiro, foi quem explicou:

 

         -Fui buscar a “SINHÁ JURAIA” para  benzer o meu gado, todas as cabeças estão vitimadas por uma peste desconhecida.

 

         Logo em seguida o bondoso coronel com sacrifício, auxiliado por HONÓRIO colocou os dois animais na carroceria do seu veículo, acomodando também, cuidadosamente o velho CHICO. Todos rapidamente foram levados de volta para a casa do velho e o filho.

 

         Poucos dias depois vimos CHICO e HONÓRIO na casa da velha “SINHÁ JURAIA”, ela terminaria o processo dos benzimentos, onde o velho CHICO já se sentia bem restabelecido e curado.

 

         -A senhora, “SINHÁ JURAIA” é milagrosa, abençoada por Deus,  disso o filho HONÓRIO.

 

         -Que nada “fio meu”... os MISTÉRIOS DE DEUS É QUE SÃO INSONDÁVEIS”!!!...

 

 

 

P.S. : A fé remove montanhas... diz a palavra... Basta pedir, serás atendido!

 

 

 

CONTO

FONTE: PASSARELA DE CONTOS

Autor:

Rodolfo Gaspari -Rogas- 

 

 

 

 

 


Autor: Rodolfo Gaspari


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