O OPERÁRIO QUE LEU CARL MARX



Estatística é o que vejo pelas ruas,

Pelas praças da cidade, nos hospitais,

Nas filas de desempregados,

Nas catástrofes que a televisão amansa,

Na estupidez de sermos um povo,

Nas sutilezas de governo,

Nas bobagens que cultuamos,

Nas verdades escondidas,

Nas exclusões sociais, culturais e políticas.

Eu que não sou excluído, nem se quer pertenço

A este ou aquele grupo, sou aquele sujeito fora do lugar.

Um metalúrgico filho de evangélicos, um metido e poeta e filosofo,

Um estúpido, um desclassificado...

Sou aquele insuportável que não diz verdades ou mentiras,

Diz o que vê... e isso é imparcialismo. 

E o que vejo é uma mentira contada a milênios e adequada

Ao tempo em que é narrada.

As mentiras e os pretextos de salvação e civilização que cristianismo espalhou pelo mundo, foram elaborados para roubar terras, exterminar culturas, escravizar povos nativos...

Agora esse povo “civilizado” continua a mesma mentiras com outros pretextos adaptados a esse tempo em que vivemos.

Quem é que precisa de civilização cristão, qual índio ou qual negro que necessita de cultura européia. Verdade cada qual tem a sua.

 Não, não descordo das mentiras, elas devem ser contadas, mesmo porque a verdade é para poucos.

Não, não descordo com as religiões, elas devem existir, afinal são elas a grande arma do governo, são elas que mantêm o povo e o indivíduo em ordem.

A verdade é para os que contam as mentiras para um povo,

O poder é para os que contam a mentiras para um povo.

Os segredos e o conhecimento são para os que contam as mentiras e sabem que são mentiras elaboradas e adequadas ao seu tempo.

Digo apenas o que vejo e isso é tudo, e isso é estatística.

Não sou de esquerda,

Não sou ateu,

Não sou marxista,

Sou um fora do lugar, uma peça que não se encaixa,

O que sei que não sou é arma do governo.

A igreja é arma do governo,

A mulata que requebra é arma do governo,

O humor e a sátira são de armas de governantes cínicos

Capazes de fazer do veneno o seu remédio.

A tolerância é arma do governo.

Podemos trocar alguns socos,

Mas saiba que não dou tréguas para as sutilezas,

Para as mentiras bem elaboradas e para os pretextos

Que sempre escondem mentiras ou verdades absolutas.

A sutileza as mentiras e os pretextos elaborados são capazes de fazer da conservação de um povo quilombola, de um cultura africana ou indígena em a conservação de seu legado de submissão, escravidão, miséria, exclusão,  desfavorecimento e inferioridade.

Em nome da conservação de um povo podemos negar lhes o seu direito de progresso.

Não me venham com sutilezas, afinal sou um Imparcialista e, portanto nem se quer sou excluído, simplesmente não pertenço a nada.

Como somos vis...  A IMPARCIALIDADE é também uma espécie de sutileza, de parcialidade disfarçada que se torna perseguição para atingir objetivos.

 

 Salomáo Alcantra

J.Nunez 

O IMPARCIALISMO 

 

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Autor: José Nunez


Artigos Relacionados


Haicai

IntocÁvel

Ladeira

Busca Incessante

Vem..

Garça Branca

A Dois